★Itália - 4 anos antes da hora zero e do último míssel★
Andrés estava sentado em sua cama quando seu irmão mais novo entrou no quarto. As costas apoiadas na cabeceira de madeira esculpida, os pés estirados sobre o colchão. As olheiras deixavam seu rosto bem definido com um tom macabro, estavam escuras e fundas, Andrés dormia pouco havia dias, e não tinha noção de datas. A mandíbula ainda mais marcada pelo peso perdido, suas costelas já estavam à mostra de forma que era possível contá-las uma a uma. O tempo passava sem que ele se desse conta, passava horas sentado sobre o móvel sem fazer absolutamente nada, sem pensar em nada. Podiam ser os efeitos dos remédios que seu irmão lhe administrava, não gostava de se sentir assim, mas ele não tinha outra opção. Se sentia vazio. Inútil. Deslocado. As vezes passava o dia sem comer, desperdiçando tudo o que seu irmão lhe preparava. Não via ninguém, nem mesmo os monges do monastério, os quais Sérgio teve que inventar desculpas.
Sérgio deu duas batidas rápidas na porta para avisar que estava entrando, não esperou o irmão permiti-lo entrar pois sabia que não iria fazê-lo. Andrés falava muito pouco ultimamente, essa era mais uma característica que fazia seu irmão ter a certeza do seu estado clínico depressivo. Sérgio odiava com todas as forças ver seu irmão nesse estado. Odiava ainda mais a ideia de pensar em não ter seu Andrés de volta novamente, de não conseguir tirar seu irmão desse poço que se encontrava havia meses e o trazer de volta a sua personalidade habitual. Andrés era tudo na vida de Sérgio, se não fosse por ele Sérgio não saberia mais o que é o amor, não sentia nada igual ou sequer parecido por mais ninguém. Não criava vínculos sociais, não tinha o que se pode considerado como amigos, até suas paixões eram passageiras e frias, e gostava dessa forma de vida, até por que era a única que aprendeu a ter depois dos anos perdidos em cima de uma cama de hospital. Sérgio levava para o irmão uma bandeja com uma maçã, um sanduíche e suco de laranja. Ao lado da refeição, duas pílulas brancas. Sérgio odiava ter que fazer isso, mas odiava ainda mais ver seu irmão entre crises de ansiedade, pânico e depressão. Se sentou ao lado do irmão sobre a cama e pôs a bandeja em seu colo. Andrés tirou o olhar da parede de pedras onde estava fixado, e o direcionou para os cuidados do irmão sobre suas coxas. Passou os olhos para os caprichos. Nada. Nenhum apetite.
- Você não está de todo errado, sabe irmãozinho - Andrés olhou para o irmão com os olhos semicerrados cansados.
- uma das características do romantismo é com certeza o suicídio.
Sérgio abaixou a mirada, ajeitou os óculos no rosto com a ponta do dedo indicador empurrando o plástico que unia os lados da armação para cima do osso de seu nariz, respirou fundo, e olhou para o irmão.
- Andrés, você sabe muito bem que eu me referia ao romantismo na literatura, e sobretudo eu falava sobre o plano do Banco da Espanha. Não altere os contextos das minhas falas.- disse Sérgio levantando uma sombrancelha - E vamos, por favor coma, leva dias sem que eu te veja comendo qualquer coisa. - falou o caçula enquanto apontava para a bandeja que se equilibrava sobre o colo de Andrés.
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La casa de papel - Guerra dourada
FanfictionEstou escrevendo uma continuação para a série, continuando de onde ela parou, o primeiro capítulo desvenda o mistério de Tatiana. É uma suposta parte 5 pra matar a saudade dos fãs da série, seguindo a mesma vibe da série, flashbacks e presente e alt...