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-O que eu estou fazendo aqui?

Pergunta a garota de cabelos loiro totalmente perdida olhando a sua volta.

- Você foi agredida, e acabou desmaiando e bateu a cabeça.- O rapaz fala pela primeira vez.

A garota olha em seus olhos e nem percebeu quando quase se perdeu dentro da imensidão em seu olhar hipnotizante.

- Se sente melhor?- ele pergunta e Nami se senta na cama com a mão na cabeça coberta por curativos.

- Acho que sim.- ela diz tentando se recordar do aconteceu para ela ter parado no hospital.

Somi e suas vadias.

Proposta.

Negação.

Agressão.

Agora tudo fazia sentido. A menina sentiu uma ponta em sua cabeça por ter forçado demais e soltou um pequeno gemido de dor.

- Não se esforce muito, vou lhe trazer um remédio para as dores. - o rapaz a sua frente se pronúncia e ela apenas assente.

Ficar sozinha ali deu um tempo para Nami refletir sobre o que aconteceu, ela se lembra de tudo, a única coisa que não consegue se lembrar era quem havia levado para o hospital e o por que fez isso.

"Quem ajudaria um ser estranho igual a mim?"

Nami se levanta caminha até a janela, o por do sol já estava aparecendo ,o céu estava começando com seu degradê de cores entre azul, laranja e vermelho. A garota se recorda do sonho que teve enquanto estava apagada na cama de hospital à minutos atrás.
Sonhava com seu irmão, e ele lhe disse algo, que mais parecia um aviso.

-Namie!-ouço a voz me chamar novamente e então me viro no rumo dela.

Um abraço que nem mesmo em vida seria possível sentir.

O calor e a proteção que Jonghyun me passava, desde quando éramos pequenos, é uma coisa inacreditável, é a coisa que eu mais amava nele.

Esse lugar é realmente, perfeito, um lugar que podemos visitar apenas em sonhos.

- O que eu faço aqui?-pergunto novamente.

- Você está aqui, pois é o meu lugar preferido.-ele diz sem tirar os olhos do horizonte.

- O que aconteceu com você? - deixo a pergunta escapar, e logo me arrependo por estragar este momento mágico.

- Depressão -ele diz e logo depois ri.- o efeito colateral do câncer.

Uma das frases de um dos livros que eu lhe enviei.

- Me disseram que foi por minha culpa. -digo e abaixo a cabeça.

- Ya! - ele diz e me abraça. -os únicos culpados de alguma coisa são eles, por terem feito o que fizeram.

Levanto meu olhar encarando as bolas de gude que ele insistia chamar de olho.

- Você só fez o que qualquer pessoa faria se tivesse chance.-ele diz e eu sorri em resposta. -querer estar perto da família, perto de quem a gente ama, não é pecado.

- Saindo de você as coisas parecem tão fáceis.

- Mas as coisas são fáceis, você que ainda não abriu os olhos para enxergar a vida ao seu redor.

- Pode apostar eu já abri, e a visão que eu tive não foi das melhores.-digo e olho para o horizonte para onde uma nuvem de pássaros voavam.

As vezes eu queria ser um.

Não importa onde estão, eles sempre acham o caminho de volta.

- Não, você abriu seus olhos porém não consegue ver, os muros da sua fortaleza não te permite ver o quão bela é a vida, eles bloqueiam teus olhos e teus sentimentos, os muros são seus medos, e seus medo é de sentir e acabar se machucando, mas a vida é feita disso, por isso crescemos, nós aprendemos com as decepções.-ele para e respira fundo e vira o rosto me encarando- O que eu quero dizer é, não tenha medo de apostar em novas sensações, novos sentimentos, novos aprendizados.

Ele termina e eu o encaro com os olhos marejados, o abraço forte e ficamos a ver o início da noite.

- Quando irei te ver de novo?-pergunto.

- Quando você mais precisar, eu vou estar aqui. -ele diz e aponta para meu coração. -sempre.

-sonho -

Uma voz doce chama Nami que parece acordar novamente, ela se vira no rumo da doce voz e vê que é o mesmo médico que a acordou com o toque macio.

- Trouxe seus remédios.-ele diz e balança uma pequena caixa- outro médico virá daqui a pouco para lhe dar alta.

O rapaz de cabelos incrivelmente bagunçados diz e sorri caminhando em sua direção, ele se debruça sobre a janela e fica encarando o céu na mesma posição que a garota estava minutos antes.

- Qual seu nome?-ela pergunta meio receosa.

- Hoseok.-ele diz e se vira para Nami mostrando um sorriso perfeitamente lindo.- Jung Hoseok!

Nami agora encara seu rosto e sente já conhece-lo de algum lugar, porém ela não se lembra.

- A gente se conhece de algum lugar? -Nami pergunta e se debruça na janela.

- Eu esbarrei em você outro dia no café. -ele diz e solta uma leve risada.-Me desculpe por aquilo!

- Tudo bem!-ela diz e solta um sorriso sem graça.

O garoto abre a boca para perguntar algo mas logo fecha hesitando.

- Pode perguntar. -a garota diz surpreendendo ela mesma.

Geralmente Nami odeia que lhe façam perguntas, ou que fiquem atrapalhando seu silêncio, porém com ele, ela sentiu que podia abrir uma exceção, e uma estranha vontade de conversar e saber mais sobre ele crescia em seu peito só que ela ignora.

-Eu queria saber, por que no dia da lanchonete você disse que "eu não era o primeiro que não te via" ?- ele diz e morde o lábio em seguida com medo de ter feito a pergunta errada.-Tudo bem se não quiser responder.

- Não tudo bem.-Nami diz e sorri amigável.

Aquilo estava interessante para a garota, alguém queria saber sobre ela, talvez seja só curiosidade, mas Nami queria falar, ela precisava desabafar.

- É que...-ela brinca com os dedos enquanto fala.- eu não sou uma pessoa, de amizades, e quando eu digo isso é nenhuma mesmo.

- Por que? Uma garota como você deveria ter um grupo de amigos.-ele diz e ela ri.

- Como assim?-Nami pergunta interessada na conversa.

- Você parece ser o tipo de garota interessante, que tem sempre um assunto interessante e diferente para falar.-ele diz apoiando a cabeça na mão.

- Por que acha isso?-ela pergunta confusa.

- Porque é o que teus olhos dizem.-ele responde e Nami sente o rosto queimar.

Aquilo era um elogio, e ela nunca havia recebido um, além dos de seu Chico, relacionado diretamente a ela, quando recebia era apenas aos seus desenhos, e Nami havia gostado da sensação que aquele elogio lhe causou.

Um de seus muros ja começara a rachar, bem de leve, deixando que raios de sol bem finos passem por ele.

Nami não sabia se aquilo era um bom sinal ou não, só sabia que gostava da sensação.
Talvez tentar algo novo, não seja tão ruim assim.

𝐆𝐢𝐯𝐞 𝐌𝐞 𝐀 𝐑𝐞𝐦𝐞𝐝𝐲 |Jung Hoseok|Onde histórias criam vida. Descubra agora