Inventando histórias

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POV Will Solace

- Pronto, sua cama. - Declarei orgulhoso.

Estava apontando para um colchão inflável ao lado da minha própria cama, com um lençol, um travesseiro e meu cobertor de quando era criança. Eu não podia dizer que era muito bom arrumando essas coisas, mas achei que estava suficientemente confortável.

- Precisa mesmo disso? - Nico não parecia feliz com a situação, sentado em pernas de índio na cadeira em frente a minha escrivaninha, as vezes dando girinhos nela.

Ele estava bem menos intimidador com um dos meus pijamas, que sobrava um pouco nas mangas e nas pernas. Eu havia feito questão de pegar um amarelo, com meu nome bordado e um solzinho sorrindo, tentando a todo custo tirar sua imagem de filho do demônio. Achei que isso ajudaria a acalmar meus hormônios sedentos mas ele estava fofo, e me parecia tão atraente quanto antes.

- Você quem disse que tinha que ficar aqui. - Lembrei, dando de ombros e me sentando também, longe dele.

- Estou falando da cama no chão. - Murmurou como se fosse óbvio, revirando os olhos. - A sua é de casal e bem mais convidativa.

- Não vai dormir comigo, seu pervertido. - Avisei, estreitando os olhos.

- Como se fosse ser a primeira vez...

- Ei, eu ouvi isso. - Cruzei os braços, mostrando certa indignação com sua audácia.

- Que bom, você não é surdo. - Comentou, imitando meu gesto e levantando. - Agora desiste disso e me deixa deitar com você. - Nico tinha uma voz mansa, parecia muito acostumado a usar lábia e sua aparência para conseguir coisas, isso me deixou tenso quando ele chegou perto e pôs um dos meus cachinhos loiros para trás da orelha.

- Sem chance. - Ainda consegui dizer, segurando sua mão e afastando devagar.

- Vai fingir que não gostou de acordar comigo?

- Eu literalmente tive um ataque. - Rebati depressa, e não era mentira, fora a manhã confusa eu não me lembrava como havíamos chegado naquela situação.

- Tirando essa parte. - Ele fez um aceno displicente, como se aquele fosse o fato menos relevante da trama.

- Sua cama. - Insisti, apontando pro colchão inflável no chão.

Nico bufou, finalmente se afastando o suficiente para que eu pudesse voltar a oxigenar meu cérebro. Observei ele se deitar, puxar a coberta até cobrir até a cabeça e abraçar o travesseiro, finalmente me permitindo apagar o abajur e ir para minha cama.

Eu podia ter ficado do outro lado dela, o lado em que Nico não estava logo abaixo, mas não parecia tão confortável. E eu repetia pra mim mesmo que só queria ter certeza de que o garoto não faria nada demais durante a noite.

- Quando você implorar pra eu te abraçar de madrugada eu não vou.

Seu resmungo apenas me fez rir.

(...)

Em algum momento da noite, enquanto abraçava meu travesseiro, comecei a me mexer desconfortável. Culpei a roupa de cama enquanto girava pra cá e pra lá procurando uma nova posição para dormir.

Senti falta do colchão tarde demais, e então cai para baixo agarrando meu edredon. Pensei que ele quem havia amortecido a queda, até ouvir a voz de Nico resmungando e me tocar de que sua cama era quem havia feito esse trabalho.

Senti seus braços ao meu redor e seu corpo mais perto.

- Nico? - Chamei meio tenso, tentando me desvencilhar dele. Sem sucesso.

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