POV Narrador
Com um último gemido sôfrego Nico se derramou nos lábios de Will, seu corpo esparramado ofegante pela cama enquanto aproveitava todo o prazer que seu parceiro podia lhe proporcionar apenas com a boca.
O Solace subiu pelo tronco do outro devagar, beijando cada partezinha que pôde até seu rosto, onde lhe selou os lábios de maneira delicada antes de deitar ao seu lado. Nenhum dos dois estava apresentável ou minimamente decente, pelo que Nico ainda podia contar essa era a terceira vez que faziam aquilo, e qualquer uma delas havia sido memorável.
Todos os dias da última semana foram assim, repletos de amassos e tentativas de todo o tipo de ficarem o mais perto possível, talvez fosse o jeito de ambos sentirem que estavam se aproveitando o suficiente até… A data limite. Esse sim era o assunto tabu, do qual os dois haviam fugido e vinham fingindo que simplesmente não existia. No lugar dos viciados comuns, que usavam bebidas para esquecer os problemas, os dois usavam o sexo.
- Vou pegar uma roupa. - Declarou Will, abraçando Nico mais apertado antes de se levantar da cama.
- Não precisa, está ótimo assim. - O tom manhoso do parceiro quando agarrou seu braço fez o loiro rir e voltar alguns passos. Nico não fazia a menor questão de ser discreto quanto aos olhares que direcionava ao corpo alheio, muito menos quanto a falar como ele era lindo e outras coisas pouco castas.
- Estou com frio. - Nico recebeu um beijinho na ponta do nariz, que lhe arrancou uma risada distraída o suficiente para Will conseguir se desvencilhar e finalmente ir até o roupeiro. - Vou pegar algo para você também.
E em poucos minutos eles estavam vestidos novamente, mesmo com a vaga chance daquelas roupas irem parar no chão numa quarta tentativa de se satisfazerem. De maneira involuntária os olhos de Will chegaram até o calendário da parede, onde antigamente costumava anotar suas provas e datas importantes, mas agora tinha a única função de deixá-lo cabisbaixo com a proximidade da formatura. Devagar ele voltou a olhar para Nico, que sentiu o peito apertar durante a curta porém significativa troca de olhares que tiveram. O silêncio, até então confortável, se tornou uma massa sólida e pesada sobre ambos.
- É amanhã a noite. - Foi Nico quem se pronunciou primeiro, buscando a mão do outro que estava enfiada em seus cabelos e a trazendo para perto do rosto.
Pela primeira vez em milênios ele se sentia impotente, mesmo com todo o poder herdado de seu pai, nessa situação suas mãos estavam atadas. E justo na vez em que realmente achou que estava gostando de alguém… Não entendia o suficiente de sentimentos para saber se podia usar aquela palavrinha de quatro letras para definir o que sentia, mas tinha certeza de que era algo muito forte.
- Eu sei. - Will usou as pontas dos dedos para afagar o rosto de Nico no primeiro sinal de tristeza. - Você… me prometeu uma dança. - Completou bem humorado, numa falha tentativa de melhorar o clima mórbido.
- É, eu prometi. - O loiro considerou um progresso quando Nico sorriu, mesmo que fosse um sorriso meio melancólico.
- Me promete também que, se vai mesmo ser nosso último dia juntos, vamos pelo menos aproveitar ele? - Nico não conseguiu segurar uma risada quando notou o que o Solace estava tentando fazer com aquela carinha, forçada, mas feliz. Tinha noção de que não passava de um jeito pouco eficiente de dissipar o clima ruim, pensar que podiam fazer daquelas últimas 24h as melhores possíveis, para que de alguma forma se sentissem melhores quando elas passassem, sem arrependimentos por coisas que deixaram de fazer, apenas boas memórias. Nico achava uma graça essa inocência de Will.
- Sim, prometo. - Concordou de maneira simples, sem precisar pensar muito, e realmente pretendia fazer valer aquelas palavras.
Se pegou admirando o rosto do loiro e tentando gravar cada mínimo detalhe. Os olhos brilhantes, as sardinhas e a boca extremamente beijável, na opinião de Nico. Qualquer coisa a que pudesse se apegar quando fosse arrastado de volta para casa, para o inferno.
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Enviado
FanfictionE se alguém estivesse tão desesperado por amor que sequer hesitasse em fazer algo insano? Tão insano quanto um pacto. Mas quando se faz algo do tipo é preciso ter em mente o que quer, ou o tiro pode sair pela culatra. Will Solace aprendeu isso na pr...