POV Will Solace
Ergui aquela lista maldita que foi jogada em minha cama, a boca aberta em surpresa. Eram pelo menos quatro páginas de caderno lotadas de itens que eu mal conseguia compreender por ainda estar sonolento.
- Você disse que não daria muito trabalho. - Resmunguei, passando os olhos pelos itens escritos.
Mamãe havia saído em viagem não tinha nem uma hora e Kayla já estava batendo na porta do nosso quarto com um megafone, prancheta e roupa de ginástica. Ela parecia pronta pra guerra.
- Não reclame, minha lista é maior que a de vocês. - Me joguei de novo na cama, puxando um travesseiro para cobrir o rosto e abafar um grito com ele.
- Eu já não disse que vou ajudar você? - Senti o travesseiro ser tirado do meu rosto e tentei não cair nas graças de Nico quando recebi um beijo estalado na bochecha. Devagar eu ergui um pouco a coberta, tentando não parecer suspeito enquanto cobria o peito de Nico.
Eu conhecia minha irmã o suficiente para saber que bastava um deslize ou uma peça de roupa a menos para sua imaginação divagar e concluir coisas.
- Okay, precisamos de tudo isso pronto até as 19h. - Ouvi sua caneta bater insistentemente na prancheta antes que ela caminhasse até a janela e a abrisse, me fazendo franzir o rosto enquanto Nico se escondia em minhas costas. Ele não era muito adepto ao Sol e Vitamina D. - Grupo, ao trabalho. - Ordenou antes de marchar para a porta.
- Eu já disse que te odeio? - Perguntei mal humorado, apesar de me levantar da cama.
Antes mesmo que eu estivesse vestido pude ouvir a garagem sendo aberta, e quase chutei meu espelho quando me dei conta de que isso significava que Kayla havia levado o carro e eu teria que me virar sem ele. Mas me acalmei assim que senti Nico me abraçar por trás, enterrando o rosto entre minhas escápulas.
- Qual o primeiro item? - Sua voz meio estranha me entregou que ele estava com a escova de dentes na boca e me fez rir um tanto antes de inclinar o pescoço e ver a lista que eu deixara sobre a cama.
- Bebidas. - Li, com certa dificuldade. - Muitas delas.
- Não sei qual o tesão dos adolescentes em perder a conciencia e vomitar. - Dei de ombros já que mesmo sendo um deles eu não sabia a resposta. Nico me soltou e voltou para o banheiro terminar sua higiene matinal.
- É, eu também não. - Suspirei vendo ele se aprontar. - E o pior é que Kayla levou o carro, então vamos ter que trazer os fardos do mercado até aqui. - Disse depressa, talvez na leve esperança dele ter algum poderzinho legal de teleporte como quando larguei ele na beira de estrada e que servisse para levar compras.
- O que? Não. - Sua fala saiu meio manhosa, como se levar uns fardos de bebida fosse um castigo horrível, e eu apenas comprimi os lábios para não rir.
- A menos que você tenha uma ideia melhor... - Cantarolei.
- Eu tenho. - Me virei para ver enquanto Nico colocava a fiel jaqueta de couro e ia em direção a porta do quarto, erguendo as sobrancelhas. - Termina de se arrumar.
E em um piscar de olhos eu estava sozinho no cômodo, e não ousei desobedecer ele.
Calcei os tênis e penteei os cabelos em alguns minutos, fechando a casa e indo procurar Nico, que até então não havia dado as caras novamente. Quase deixei minha carteira e chaves caírem quando, cobrindo o portão da garagem inteirinho, eu vi uma limusine preta.
- Que porra é essa? - Disse meio alto, vendo Nico escorado em uma das portas.
- Não fala assim do Jules-Albert, ele é meu chofer. - Ele me respondeu conforme eu chegava perto, quase como se estivesse ofendido. Pisquei rápido, meio desacreditado. Parando pra pensar eu nem deveria mais ficar surpreso, mas era meio inevitável.
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FanfictionE se alguém estivesse tão desesperado por amor que sequer hesitasse em fazer algo insano? Tão insano quanto um pacto. Mas quando se faz algo do tipo é preciso ter em mente o que quer, ou o tiro pode sair pela culatra. Will Solace aprendeu isso na pr...