Inconstâncias

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“Um dia pretendo tentar descobrir. Porque é mais forte quem sabe mentir. Não quero lembrar que eu minto também”


Ao lado do seu melhor amigo, Stiles caminhava pelo corredor da escola, visando as portas escancaradas. Assim que atravessam a passagem o Stilinski virou-se para o moreno. Deixou um aluno passar entre eles para assim, mais uma, talvez a última, vez perguntar:

— Você não tem mesmo notícias do Derek? Não sabe mesmo onde ele está? Em que toca de lobo de enfiou?

Ele tentou não fazer uma enxurrada de perguntas. Aos menos não trinta de uma vez. Como aconteceu na aula de economia. Sua voz era baixa, sem se importar de parecer estupidamente preocupado, mas sua irritação provavelmente mascarava isso. 

Estava magoado e triste. E seu amigo, Scott só não entendi, sabia, o motivo. As perguntas era uma verdadeira súplica.

O McCall reprimiu um grunhido. Ao ver os olhos castanhos, que até então jaziam baixos e pensativos o tempo todo, direcionados a si. Com tanta intensidade e exasperação que o fez de engasgar com o próprio resmungo. Stiles parecia um maluco com sua fixação em Derek Hale. Ele o encarou por um tempo. Incógnitas pairavam sobre sua cabeça, emoldurando seu rosto torto e confuso. À muito estranhava toda aquela preocupação e interesse do amigo em relação ao Hale e seu paradeiro. Ele também sentia a ausência de Derek, em suma de deus concelhos. Tal como amigo não entendia o motivo que levara o homem decidir partir mais uma vez.

— Porque quer tanto saber? — Indagou o moreno. Parando no meio do estacionamento. — Que interesse todo é esse no Derek, hein? Vocês nem se bicavam.

Ele analisava a expressão do Stilinski. E cada odor que o mesmo exalava. Nunca conseguia ser discreto, sempre fazia um movimento esquisito com os cantos do nariz.

Stiles ficou um pouquinho satisfeito em saber que fingir ter um desafeto com o homem havia funcionado.

— Para de me cheirar. — Resmungou. — Porque quero tanto saber? Estou preocupado, oras, só isso.

O Stilinski deu de ombros. Revirando os olhos para a cara de desagrado do amigo.

— Derek é ou não é um membro do bando, afinal? — Murmurou baixinho. Observando o tráfego de pessoas diminuir aos poucos. — Você é o alfa não é? Deveria se preocupar mais com seus betas. Só acho.

O castanho cuspiu as palavras.

— Ei. — O McCall resmungou, fitando o melhor amigo, chateado.

— foi mal... — Stiles suspirou. Todo aquele desinteresse, de todos, lhe irritava. Como se já esperassem que ele, Derek, fosse sumir a qualquer momento. Bem, ele não esperava. — Eu estou realmente preocupado.

O moreno suspirou baixinho, meneando em compreensão. Não sabia onde o lobo mais velho havia se enfiado, mas possuía uma ou duas informações. 

— Soube que ele estava no cio, sabe?!

Scott soltou a informação com cuidado. Uma vez que ainda era leigo no assunto; fora que a palavra lhe apavorava, afinal ele também era um lobo.

Em outras circunstâncias Stiles teria gargalhado de sua careta. Mas o encarava com íntima surpresa. E antes que pudesse metralhar o amigo com todos os tipos de perguntas e questionamentos que sua mente bombardeava, ele completo:

— Talvez tenha encontrado alguma mulher. Ou foi procurar uma.

Scott deu de ombros. E viu a face do castanho enrubescer, os olhos estavam saltados.

— Acho que até mesmo ele precisa se aliviar, não é?! Ele é um homem adulto. — O McCall balbuciou risonho, socando de leve o braço do amigo. Até estranhava Derek andar tão sozinho; se possuísse o porte do Hale, pegaria todas fácil.

— Não! Não foi isso!

Stiles negou prontamente, com toda a sua certeza, chegando a confundir o outro rapaz.

— Nunca se sabe. — O moreno insistiu, dando de ombros.

O Stilinski balançou a cabeça outra vez. Se negava a fielmente a acreditar. De todas as possibilidades, hipóteses e situações, Derek ter arranjado uma mulher era a mais infindável. Ele havia de apegado a àquela verdade. Se recusava a acreditar que Derek teria sido tão baixo.

A tentativa de arrumar uma solução, de tirar um pouco do peso que andava carregando, com Scott fora uma péssima ideia. Só serviu para aumentar suas paranoias e teorias. Scott não entendia nada. Seu melhor amigo conseguia ser bastante estúpido as vezes. E como lobisomem era um tapado!!!

Francamente que tipo de lobo precisa ser lembrado que possuí força sobre-humana?

— como pode ter tanta certeza? — Scott franziu o cenho. Stiles parecia tão certo do que acabara de dizer que fizera ele questionar o que havia falado.

— Eu apenas sei Scott. — o castanho resmungou baixinho.

— “eu apenas sei”... Isso é um pouco vago, hum? — o moreno cruzou os braços rente ao peito. Estava quase se atrasando para o trabalho, não queria ser repreendido por Deaton outra vez por causa do horário. — escuta. Derek já se acostumou com a vida de ômega. Ele sabe se virar muito bem sozinho. E como eu disse. Talvez ele tenha encontrado alguma mulher para o cio. Talvez eles estejam se divertindo nesse momento, em um apartamento transando até as bolas dele secarem ou ela se cansar, enquanto você está aí todo preocupado. O último ano escolar apenas começou, não vemos uma ameaça a meses... Tem coisas mais importantes para você se preocupar, certo!? — Scott deu de ombros, ainda estranhando esse apego repentino do seu amigo. — nos vemos mais tarde OK?!

Stiles assentiu contrariado, vendo o moreno sorrir amigável e lhe dar as costas logo em seguida. Passou a digerir cada palavra que saiu dá boca de Scott. Talvez seu amigo estivesse certo no final das contas. A parte do cio fora novidade, explicava o motivo do Hale estar tão diferente na semana em que sumiu. Porém algo, uma voz ecoando no fundo do seu âmago dizia que eu amigo jamais estivera tão errado.

Fora que aquela sensação persistia. Algo que ele começou a sentir quando teve a certeza de que o Derek não apareceria. Como se ele precisasse encontrar o Hale, para despejar uma ou duas verdades.

Se o encontrasse naquele momento, provavelmente o esganaria. Ou o beijaria. Talvez fizesse os dois.

Num rompante, enquanto via a motocicleta do amigo sumir de sua vista. A palavra “apartamento” que Scott dissera brilhou em sua mente com a força de três sóis. A certeza quase o cegou. O deixou desnorteado.

Stiles passou a refletir sobre aquilo ali mesmo. Parado onde Scott o deixara. Lembrando-se que certa vez Peter havia confessado que possuía um no centro da cidade. Stiles se estapeou mentalmente, várias vezes, por não ter se lembrado daquele detalhe antes. Lhe pouparia um bocado de tempo e mais um bocado de neurônios.

Stiles tateou seus bolsos desesperadamente. E abusando de sua pressa puxou o celular do bolso do casaco, quase derrubando o aparelho no processo. Em míseros segundo discou o número da única pessoa que podia lhe ajudar a encontrar o cafofo lupino de Peter Hale, Malia Tate.

A coiote demorou para lhe atender. O que lhe deixou quase desesperado. Ainda mais, se é que era possível.

— Onde você está?

O castanho quase gritou quando a garota enfim o atendeu. Mas mesmo assim era um tom elevado, que acabou atraindo a atenção de alguns, mas Malia não se incomodou com isso, já havia se acostumado com as excentricidades de Stiles.

“Indo para a detenção. ” A garota sussurrou em resposta.

Ao fundo Stiles escutou a voz de alguém mandando a garota desligar o telefone, um professor talvez. E um rosnado dá garota em resposta, é ela não tinha jeito.

O Stilinski suspirou agoniado, pressionando os lábios entre os dentes. Não tinha outro jeito, não queria fazer aquela pergunta por telefone e tomar um perdido. Pessoalmente seria melhor. 

— está bem, vou te esperar. Estarei no estacionamento. — o Stilinski disse rápido, não queria deixar a amiga ainda mais encrencada.



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