Possibilidades

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“Eu sei. Eu sei”

De dentro do automóvel Stiles viu a coiote sair porta afora. Ele já estava ali, no estacionamento, há um bom tempo; meia-hora, uma hora? Ele não estava com cabeça para contas. Mas, em seu estado de euforia, pareceram-lhe dias. Já estava entediado ao extremo. Havia puxado seu caderno e rabiscado todos os prós e contras possíveis sobre a sua hipótese.

Seu jipe era o único ali. Com exceção, é claro, os dos professores. Não precisou acenar nem nada. Fechando e jogando o caderno no banco de trás, ele observou a garota cobrir os poucos metros que os distanciavam em míseros segundos.

— Então. Qual é a emergência?

Malia se apoiou na porta do passageiro, enfiando a cabeça pela janela.

— Entre.

Stiles pediu, com um balançar exasperado de mão.

A coiote o encarou por um instante, desconfiada. Mas acabou fazendo como lhe fora pedido.

— consegue encontrar o Peter? — o Stilinski disparou assim que a garota entrou no veículo, nem ao menos esperou-a se acomodar direito no assento.

Malia ergueu as sobrancelhas, piscou algumas vezes e moveu os lábios; pensando ter escutado errado.

— Por que diabos eu iria querer encontrar esse cara? — Perguntou a coiote, com o cenho franzido em confusão e o olhar desconfiado. Virara o rosto de abrupto em direção ao Stilinski, enquanto fechava a porta do velho jipe, com certa força.

— Cuidado. — ele alertou, alarmado.

— … — a Tate permaneceu encarando-o com estranheza.

— é... — Stiles mordeu o lábio inferior, não tinha como conversar nas entrelinhas com a garota. Ela sabia usar suas habilidades sobrenaturais melhor do que seu amigo. — Talvez ele saiba onde o Derek está.

Murmurou o rapaz. Na esperança que ela entendesse melhor. Viu-a remexer em seu porta-luvas distraidamente. Provavelmente procurando seus chocolates que á muito ele havia mudado de esconderijo.

— Acho difícil.

A Tate sussurrou. Os observavam as várias embalagens de chocolate enfiadas ali. Guinchando tristonha por não ter encontrado nenhum.

— não custa tentar. — Stiles deu de ombros. Um pouquinho insistente.

Malia encarou o amigo de soslaio, sabia exatamente onde ele queria chegar. Deixou que uma longa lufada de ar escapasse por entre os seus lábios, está que chegou até o vidro a sua frente e o embaçou. Aquilo tudo lhe irritava, a falta de chocolate, Derek, Stiles e todo o melodrama de que ela não gostava.

Malia farejou o ar e rapidamente virou-se e pós seu corpo entre o vão dos bancos, encontrando o que procurava.

— Vocês homens são complicados. — a coiote soltou entediada. Retirando uma barra de snickers de dentro da bolsa do castanho, que estava escondida atrás do banco.

— como? — o rapaz perguntou confuso. Observando sua amiga se sentar novamente no banco. Praguejando mentalmente por ela ter encontrado sua bolsa.

— Nunca entendi... O porquê... de vocês... esconderem... O que tinham... Frescos. — disse a Tate devorando parte dá guloseima. Apontando o que sobrara para o castanho, de forma quase acusatória.

De fato era uma acusação. Para ser mais clara do que aquilo só se ela desenhasse, fizesse uma animação e colocasse em um telão.

Stiles tossiu engasgado com o ar. Socou o próprio peito, um ato repetitivo para que aquela aflição passasse. Quando se recompôs viu que a garota sustentava uma careta, o encarando como se ele fosse um alienígena ou algo ainda mais nojento.

Não tinha como o Stilinski negar, ou tentar omitir.

— V-Você sabia!? — deixou escapar. Segurando o volante com força. fitando a paisagem urbana a sua frente.

Malia assentiu. E sorriu deixando seus dentes manchados de chocolate aparecerem.

— até de mais. Uma vez eu fui visitar você, de noite, para tirar uma dúvida sobre aritmética, sabe?! E, bem... Peguei vocês no Ato...

— Ato? como assim no ato? — Stiles parou de tentar ligar o veículo no mesmo instante, com a chave de fenda parcialmente girada. Fitava a garota com curiosidade e receio. Em

A coiote revirou os olhos, enfiando a outra metade do chocolate na boca. Mastigou apressadamente, engoliu e só então se pôs a falar:

— Vocês fodendo, Stiles, no seu quarto. Com força. Xingamentos, gemidos escandalosos e tudo. Ele me viu pela janela. Ficou me encarando enquanto sentava em você, chegou até a rosnar. Ele ficou irritado em me ver ali. Seu quadril doeu? Tive a impressão que ele passou a exagerar na força. Mas… Tu pareceu gostar, pelos gritinhos, então não estava doendo.

Malia riu bem-humorada, se lembrando da cena. Quase pôde ouvir o rosnado do primo, ver a feição de desagrado com a sua presença, outra vez. Puro ciúmes, ela riu novamente.

E Stiles tinha quase a certeza de que a qualquer momento seu rosto se incendiaria. Ele e pegaria fogo e seu carro explodiria. Estava mudo. Sem palavras para rebater aquelas perguntas e respostas.

— Acho que ele pensava que ainda tínhamos algo, por isso queria demonstrar como se fo...

— foco Malia, foco. — o castanho ralhou ligando o carro e pisando no acelerador.

Malia gargalhou encarando, enfim, a face rubra de Stiles. O tom rosado deixava suas pintinhas ainda mais evidentes, ela podia até conta-las com mais facilidade. E não deixava de se perguntar o motivo deles terem se escondido, se manterem em segredo, como se cometessem um crime ao invés de algo tão bonito.


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