“ Sexo verbal não faz meu estilo. Palavras são erros e os erros são seus. Não quero lembrar que eu erro também ”
Vento soprava suave, como um véu gélido, sobre o rosto pálido e úmido de Stiles. Carregava consigo o aroma das folhas, secas e das vividas, das gotas de olivas e da madeira molhado da floresta. Bagunça seus cabelos desgrenhados como uma mão infantil e inquieta.
Já não tinha medo infantil de se aventurar na floresta, sozinho e a noite.
Há um bom tempo ele via-se encarando a imensidão esverdeado da preserve. Admirando sua fauna e flora. Sentado no capô do seu velho jipe.
Mais uma vez remoendo as lembranças daquela noite maluca de amor. Que tivera com um certo lobo azedo.
A última, no caso.
Mais uma noite em que Derek ignorou a existência de uma porta da sua casa. E a invadiu escalando a parede e entrando pela janela. O que lhe rendeu um susto, um colecionável quebrado e um calção novinho rasgado. Stiles realmente havia imaginado que – daquela vez – acordaria ladeado pelos braços, naquele abraço sobrenaturalmente quente, que sentira até adormecer.
Ao despertar na manhã seguinte e ver-se sozinha no quarto. Na cama, atrás de si, só restara a silhueta do lobo em deu edredom. E o calor que aos poucos desaparecia.
Mas a realidade era bem mais dura do que sua imaginação. E os dias que se seguiram provaram isso. Sem notícias ou contato. E nas duas reuniões da matilha, nas duas semanas, o moreno pareceu-lhe estranho e distante.
Derek ainda o visitou, duas vezes, mais nada aconteceu. Ele apenas ficava ali, no canto do quarto, sentado na cadeira. Lhe encarando com aqueles olhos esverdeados que lhe penetravam a carne. Derek mal falava. Parecia remoer, movia a boca como se fosse falar algo mas desistia. Apenas escutava o falatório de Stiles quando se desembestava a soltar a língua e enche-lo de perguntas.
Era como uma despedida lúgubre. Agora ele sabia.
Foi na terceira semana, a seguinte, o seu sumiço. O lobo simplesmente evaporou, como fumaça por entre os dedos do Stilinski. O loft estava vazio quando Stiles buscou pelo homem, não havia um bilhete sequer e ninguém sabia onde eles estava.
Quando as semanas se tronaram meses o Stilinski começou a ficar preocupado, beirando ao desesperado. Ficara quase tentado a intimar a ajuda de seu pai. Toda e qualquer hipótese havia passado pela cabeça hiperativa do Stilinski. De caçadores vingativa, a uma nova criatura desconhecidas. Das desculpas mais estranhas, a coisas mais fúnebres. Mas no fundo suspeitava, sabia, que se fosse realmente algo do tipo ele ou a matilha já estariam cientes disso. Acreditava que sim.
A realidade aos poucos lhe recaía, pesava seus ombros. Derek havia cansado de si. Era certeza.
Por vezes fechara a porta do quarto. E via-se encarando o celular, quando estava na sala revezava sua atenção entre ele e a televisão. O encarava por horas e horas e horas, esperando que ao menos o moreno lhe ligasse para dar uma explicação, mandasse ao menos uma mensagem. Um emoji sequer. Tinha consciência de que não eram namorados para cobrar isso do homem. Eles só tinham um caso.
Uma ligação, ao menos para lhe chutar, era o que esperava. Era o mínimo que uma pessoa decente deveria fazer. Mas Stiles sabia que falaria, tentaria puxar um assunto qualquer e tentar conversar por horas a fio, nem que somente ele falasse, só ouvir as bufadas de ar do lobo mal-humorado lhe bastaria. Tentaria disseca-lo, extrair alguma informação. Mas Derek simplesmente decidiu sumir, sem deixar sequer um rosnado de despedida.
Stiles deixou um suspiro soturno escapar. Observando um punhado de folhas se desprender de um dos galho da árvore a sua frente e rodopiar, flutuando no ar, iluminadas pelos faróis.
Aquele lugar afastado, o ar melancólico e seu estado. Tudo aquilo estava muito deprimente, até mesmo para ele. O rapaz de cabelos acastanhados enxugou o rosto e saltou do capô; passando a encarar os escombros empilhados, o que sobrara da mansão Hale. Virou-se para o seu carro e entrou no veículo, saindo dali o mais rápido possível.
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Eu sei
FanfictionA ausência de Derek era como um sonho ruim, irreal. Era ausência de um complemento que não podia ser substituído. O corria aos poucos. Stiles não conseguia entender como lobisomem podia sumir daquela forma. Tampouco que ninguém soubesse do seu parad...