Decisões

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“Mas não, não vá agora, quero honras e promessas. Lembranças e histórias. Somos pássaro novo, longe do ninho... ”



Na mesinha de centro jazia um copo d’água quase seco, o conteúdo esfriara e fora completamente esquecido ali. Enquanto Stiles e Derek mantinham-se ali, sentada de lado, um de frente para o outro. Trocando olhares silenciosos e cheios de significado. Tornaram a discutir e tão rápido voltaram a conversar amenamente. Esse embate ocorreu ao menos uma dúzia de vezes, antes de chegarem a um entendimento mútuo, por hora.

Stiles forçou-se a dar o braço a torcer e compreender os motivos que levaram ao sumiço e o degredo do lobo. Uma forma de pensar que tornava Derek tão velho quanto o seu pai, mas ele não queria mais discutir. Queria aproveitar e deglutir o o fato de que seria pai, de que em meses teria um bebê em seus braços, uma criança correndo pela casa lhe chamando e em alguns anos um adolescente birrento lhe tirando a paciência. Ele tentava não surtar.

Derek ouviu o que tinha de ouvir, e o que não gostaria, tudo em silêncio, ciente do seu erro. E persuadido – pelo vocabulário irrefreável de Stiles, somado a sua carência – a não tentar outra vez. E havia garantido, com todas as letras e ênfases possíveis, que ninguém além de Peter e Malia sabia do seu paradeiro e condição. Pois Stiles havia jurado retaliação, murmurou algo sobre “diabo no ombro”, “caraminholas na cabeça” e “Scott.”

Ambos agradeciam pela ausência dos outros dois. Por ter Peter ter tido o bom senso e a displicência de arrastar Malia. Precisavam daquele momento. Da privacidade para a conversa. Ambos tentando não pensar muito em algo que ainda não aconteceu, no futuro. Tentando esquecer a raiva e a decepção acumulados nos dias de ausência, que ainda insistia em querer emergir a todo custo. Mesmo o apaziguar sendo posto em prática.

Stiles lançou um olhar rápido e atravessado ao lobo. Derek o encarou com atenção, esperando mais alguns puxões de orelha, Stiles era bem criativo e parecia ter acumulado um bocado desde a penúltima vez que se olharam.

Mas o jovem encarava os cabelos um tanto longo dos lobos. E os seus pelos, cujo os fios negros brilhavam e emolduravam o queixo quadrado. Stiles levou a mão ociosa aos rosto do homem, acariciando-o com curiosidade. Sentindo as pontas dos seus dedos serem envolvidos pela barba espessa.

E Derek viajou no tempo. Levado à primeira vez. Stiles tocando seu queixo do nada. E da estranheza de como aquele ato transformou em outro, em um beijo que nenhum dos dois premeditou.

— está maior. Mais cheia.. — ele murmurou, brincando os fios enegrecidos, do moreno. Havya algumas mudanças sutis no lobo que ele aos poucos ia notando. Além da barriga e dos cabelos, cravejado nas linhas duras do seu rosto.

— Fiquei enrolando. Mas vou cortar.

Derek garantiu. Um pouco atordoada com a proximidade. Ter um contato com o rapaz, mesmo que mínimo, após tanto tempo o deixava mole, quente e fácil. Seu peito estava febril e um reboliço se formou em seu ventre. Era ciente das suas necessidades. De todas elas.

— Eu gostei…

Stiles afirmou esticando um sorriso fino. Os olhos ainda fixos na barba. Apertando o queixo do mais velho e o puxando em sua direção. Ele moveu-se para frente, encarando os olhos verdes do amorenado. Antes de beija-lo, num ímpeto, como na primeira vez.

Derek arquejou um suspiro suave. Sentindo os lábios do rapaz roçarem os seus; passarem a se mover lentamente, enquanto a mão do Stilinski escorregava em seu pescoço, até a nuca. Apertando sua carne, brincando com seus cabelos. O lobo fechou os olhos, correspondendo ao beijo terno. Apreciava aquele toque em específico, acima do abraço, se dando conta de sua estupidez, de como realmente sentira falta da companhia do rapaz. Até do seu falatório desenfreado, que geralmente achava irritante.

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