Juntos, enfim

443 66 35
                                    


“Eu sei. Eu sei.”


Stiles acreditava fielmente que o tempo passado sem notícias de Derek havia sentindo angústia e aflição. Mas ali, sentando na sala de espera improvisada, vendo os segundos se tornarem minutos e esses num loop sem fim; equiparava o tempo com os dias da ausência.

Sua casa parecia estranha. Distorcida aos seus olhos. Uma realidade alternativa, que distorcia a distância real entre ele e Derek. Pareciam quilômetros. O lobo parecia estar do outro lado do mundo, separados mais uma vez.

Seu pé batia incessante contra o piso. À alguns minutos seus dedos estavam na mesma posição, dormentes devido ao encruzo. Um meio que encontrou para não batuca-los na perna. Mas deu corpo achou um meio de expressar seu desespero. E esse agora é o seu pé.

Stiles estava surpreso com ele mesmo. Por ainda se manter ali, sentado e, quase parado. E não ter subido as escadas e invadido o quarto.

Esperava por notícias de Derek. Que Scott não sabia lhe dar quando descia apressado para buscar algo: agua morna, tigela, bacia. Ele queria meter a bacia na cara torta do amigo. Os gritos de dor do Derek – o arauto avisando que o momento havia chegado – ainda reverberava nos cantos da casa, arranhando seus ouvidos. O rosto contorcido de pura dor, a agonia do lobo, pareciam gravados na sua retina.

Esperava que a qualquer momento Deaton fosse sair porta afora. Queria que o homem descesse de uma vez, como uma notícia. Uma boa notícia.

Mas nada. Apenas um silêncio taciturno e vozes abafadas pela sua impaciência. Eram como cochichos, como se os demais estivessem do outro lado de um túnel. Seu foco era unicamente Derek e seu filho.

Malia estava sentada no sofá também. Bem do seu lado. E tentava inutilmente acalma-lo. Estava ciente da presença dos outros, apesar de estar tão distraído. Theo, Liam, Lydia, dispersos por ali, sentados ao seu redor. 

As presenças tinha um certo reconforto. Lembravam-no que não estava sozinho. Que passaria. Que tudo ficaria bem.

Stiles lançou um olhar assustado a Lydia. Um movimento tão repentino que a assustou. Fazia aquilo de minuto em minuto; como se a garota fosse gritar a qualquer momento.

Lydia sentia vontade de pegar um abajur e arremessa-lo na cabeça de Stiles. Por ele estar sendo tão pessimista e dramático.

— Você quer se acalmar? não vai querer infartar antes da hora vai?

Malia falou calmamente. Embora estivesse impaciente e nervosa. Os batimentos do rapaz eram tambores em seus tímpanos. A ansiedade que exalava era tão intensa que chegava a ser nociva.

Algo que Liam e Theo concordavam. Pois não se demoravam mais que dois minutos perto do castanho, logo saíam em busca de ar fresco. E voltavam minutos depois; de perguntando como Malia conseguia.

— Porque ele não me deixou entrar também...

Resmungou rabugento. Lançando um olhar azedo para a escada, pulando de degrau em degrau. Desejando poder ficar intangível, ver através dos objetos sólidos, mas nada. Ele era só um cara comum vivendo em um mundo incomum.

A pergunta era uma figurinha. Pois assim que as palavras foram ditas um coro de suspiros ecoou na sala.

— Scott é assistente dele.

Disse-lhe Liam. Como se precisasse relembra-lo daquele fato. Mas Stiles não retrucou essa resposta. Estava agradecido por ele estar ali. Foi sorte Liam ter ido visita-lo naquele dia; de ter aparecido no momento em que abria a porta. Amparando Derek pelos ombros. Desnorteado demais com os grunhidos de dor do homem, que apertava a barriga com força. Os dias que repassara passa a passo do que deveria fazer caso o momento chegasse não valeram de nada. Cada instrução evaporou da sua mente, deixando-a branca e débil.

Eu seiOnde histórias criam vida. Descubra agora