18

4.8K 631 1.3K
                                    

Obs: anúncios especiais nas notas finais, então leiam por favor! 🤩💓

Boa leitura!

...

ADORA

— Como foi hoje? — Mara pergunta. Ainda não anoiteceu, mas ela já está fazendo o jantar. Eu estou suada e com o cabelo bagunçado, mas não tão exausta. Isso é um bom sinal: me diverti.

— Legal, legal, legal... Querem sair amanhã de novo — eu sento no banquinho e apoio os cotovelos no balcão.

— Por mim tudo bem. Vai ser bom pra você — ela dá de ombros, ainda concentrada na comida. Ela está certa. Interagir e esquecer os problemas foi uma boa saída pra mim.

Solto ar pelo nariz, nervosa.

— Tudo bem se eu sair mais tarde com a Felina também?

Mara fecha uma panela e se concentra em mim. Tento sorrir para aliviar a tensão, mas só sai algo falso. Minha tia está tão bonita sobre a luz meio amarelada, o cabelo solto castanho e ondulado desde pelas costas e quando ela cruza os braços vejo os músculos dela.

— Você está muito ocupada, não é?

Suspiro.

— Espera, eu preciso te explicar. Só me escuta por favor. É uma coisa mais séria e preciso da sua ajuda.

Isso faz parte de uma coisa que venho planejando desde o feriado de Ação de Graças. Agora que entendo o que está acontecendo não posso ficar parada esperando um milagre acontecer. Felina não vai aguentar Sombria até o ano que vem, não depois que descobriu sobre o auxílio financeiro, e ambas sabemos disso.

Explico tudo para Mara — só escondo o lance de ter beijado a Felina algumas vezes senão tira o foco da conversa. Digo o que Felina me falou, de como ela está, o que eu sinto um pouco, e que quero ajudar. Não posso deixar que Sombria saia ilesa.

— Santa Etéria  — Mara diz depois de um silêncio. Por um tempo só escutamos o molho da comida fervendo e borbulhando. Minha tia mexe os braços tentando se manter ocupada, e eu permaneço no lugar encarando as mãos sobre o balcão. — Precisamos denunciar essa mulher!

— Não desse jeito!

— Felina tem provas disso?

— Ela tem fotos dos documentos, que eu saiba. E sobre os machucados... eu não sei. Mas se levarem Sombria, Felina vai para um orfanato bem longe daqui. Ela não tem mais ninguém.

— E o que você sugere?

Olho para ela quase implorando. Mara entende na hora.

— Por favor.

— Onde ela vai dormir?

— No meu quarto.

— E quando você estiver aqui?

— Aí a gente pode pensar depois — falo tentando não rir. — Só pensa nisso, por favor.

Mara suspira e volta a olhar a comida. Ficamos em silêncio alguns minutos, e não tenho certeza se ela quer conversar sobre isso agora ou mais tarde, se devo ir tomar um banho ou esperar aqui.

Seria só até o ano que vem.

Felina não pode morar com Sombria.

— Ok, por mim tudo bem — Mara diz olhando para mim de novo. Levanto do banco de tão animada. — Mas só se ela quiser. Felina é como uma segunda filha para mim, eu a conheço e não posso ficar quieta numa situação dessas. Eu vi como ela estava se esforçando para parecer bem no jantar aquele dia. Sorte a dela ter amigas na escola e você.

SUCKER PUNCH • (she-ra) catradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora