capítulo 6

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A N D R E W S

A pequena Bella, me contou tudo sem conseguir me encara. Eu já vi tantas coisas na minha vida ao longo dos anos, porém com tudo que ela me contou, não segurei as lágrimas. Ela não merece mais sofrer por nem um instante, e vou fazer todo o possível para que ela seja feliz.

Como médico já presenciei alguns casos que me deixaram sem chão, especialmente quando servi ao exército. Nenhum ser vivo merece passar por uma experiência tão devastadora e traumática como a de Bella. Dói saber que em alguns casos a vítima e acusada de ter "incentivado" a agressão, por usar roupas curtas, por esta sozinha, por ter vários relacionamento ou qualquer outra coisa que sirva para diminuir a culpa de um estuprador. Casos que a família encobre as agressões, e como no caso da Bella, ainda culpam a vítima.

Olhando seu pequeno e delicado corpo dormindo junto ao meu, consigo imaginá-la com seus dez anos de idade. Meu peito aperta e minha garganta fecha, somente em tentar imaginar o que ela já passou.

— Vou sempre cuidar de você pequenina. — Acaricio seus cabelos vermelhos com carinho.

— Promete? — perguntou em um sussurro no meu peito.

— Prometo. Não sabia que já havia acordado. — comentei quando ela me olhou com um sorriso triste.

— Andrews, você sente nojo de mim? — perguntou me olhando nos olhos.

— Nunca, minha bonequinha. — Nego olhando diretamente naqueles olhos verdes, mostrando toda a minha sinceridade. — Sinto nojo de quem causou a você tanto mau. Meus sentimentos para você são de muito carinho, e admiração.

— Você não pode ser assim comigo, bom de mais, atencioso e protetor, tenho medo de me apaixonar... — comenta com um pequeno sorriso, parecendo querer relaxar.

Meu coração não está legal!

— Eu não reclamaria, porque acho que já me apaixonei por você... — falei sincero, e ela arregalou os olhos em minha direção.

— O quê? — questiona com intensidade, fazendo meu coração acelera.

— Desde que te vi pela primeira vez, tinha vontade de falar com você, todavia ficava com vergonha e meio bobão, queria te chamar para conversarmos, mas não conseguia. — Conto envergonhado.

— Sério? — me olha incrédula. — Achava que não gostava de mim, porque falava com todos, menos comigo.

— Eu me sinto um adolescente perto de você, não sei o que acontece. Sou um homem adulto, com quase o dobro da sua idade, e mesmo assim me sinto nervoso.

— Jamais imaginei ouvir isso de você, sempre o vejo tão extrovertido. — Me olha pensativa. — Você e jovem e bonito, mas acho que esse negócio de apaixonar, não daria certo entre nós. — Dá um sorriso pesaroso.

— Sei que minha idade influência, mas achei que poderia te chamar para jantar, sei lá, vai que... desculpas... — gaguejo sem graça e nervoso. — Sei que não é o memento apropriado para isso.

— Não é sobre idade, ou momento apropriado, se talvez eu fosse normal daria certo, você me traz calma. — Abraça minha cintura, um pouco desajeitada. — Eu nunca consegui abraçar um homem, e você, eu não me importo, na verdade, gosto. —  Diz envergonhada. — Eu só, não começaria algo sabendo que nunca irei ser uma mulher completa, nunca serei uma mulher para você, só em pensar em um homem me tocar já sinto ânsia. — Me olhando com carinho, mas com tristeza no olhar. — Se nos apaixonássemos, como seria? — perguntou, como se aquilo fosse a resposta para tudo.

Um dos problemas com pessoas que sofreram violência sexual, é que as mesmas muitas vezes pensam que um relacionamento se basear apenas nas relações sexuais, porque quando se viram nessa situação, elas eram uma espécie de objeto que tinha apenas um tipo de serventia, e esse pensamento não mudará de uma hora para outra.

QUERIDA BELLA ✓ (Completo Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora