Como sempre corria em meio as flores no campo, o sol cor de âmbar corava – lhe as bochechas minutos antes de se esconder por detrás da montanha. Com seu vestido florido , babado grande dando nos joelhos, um laço abraçando- lhe a cintura e pés descalços. Amava estar descalça, a terra quente massageava seus pequenos e delicados pés muito brancos. Trazia uma flor muito vermelha presa sobre a orelha e sorria. Mas para quem? Para a vida, para ela mesma, para quem quisesse ver o sorriso mais puro e mais lindo que já se viu.
Mas um infortúnio, como não vira? Como não prestara atenção? Estava desatenta essa tarde. Cantarolou para longe demais . Não conhecia as redondezas. Afinal era nova por ali. Chegara a pouco e todos os dias fugia um pouquinho ao entardecer, a fim de conhecer o território.
Estava agora presa em um lugar desconhecido, onde estaria? Lembrou-se de escorregar em alguma coisa, talvez em ervas daninhas e rolara por um precipício, viu tudo muito rápido, até que batera com muita força, a cabeça em algo muito duro, talvez uma pedra ou apenas um tronco muito grosso. Ouviu ainda um barulho de águas correntes , tentou analisar o local mesmo com os olhos embaçados, descobriu um horizonte imenso, um rio apertado naquele ponto, bordado de montanhas inacessíveis e um ar muito frio. Tudo escureceu, seus sentidos a traíra e foi tomada por um sono muito forte, que mais parecia desmaio.
Sentia apenas uma dor forte na cabeça agora. O vestido estava muito sujo e a perna com uma espécie de tala. Estava agora deitada em uma rede. Tentou levantar-se mas foi impedida por uma pequena jovem, de pele morena, semi-nua e muitas cores pintadas pelo corpo.
Seria índia? Falava uma língua que não se podia entender, mas sentia uma dor tão forte na perna que desistira de se levantar. A jovem de cabelos lisos e negros, saiu e chamou alguém. Seria o pai? Entrou pelas paredes sem porta um homem de corpo mediano, também com a pele morena e cabelos lisos e negros. Tinha o corpo pintado também, mas eram formas e cores diferentes. Trazia também algumas penas na cabeça. Sim, só podiam ser índios. Mas pareciam amigáveis.
Não se podiam sabem o que diziam, mas falavam assim mesmo e faziam gestos. A única explicação plausível no momento, era que ao cair, ficara desacordada e este tal índio, não sei se cacique, a resgatara e cuidara de sua perna. Disse que queria voltar pra casa , falou dos pais, mas também ninguém a podia entender. E a todo momento faziam com as mãos e a cabeça que não poderia se levantar pois a perna estava em recuperação.
Sendo assim, não sabendo para onde ir e como ir, preferiu ficar e esperar melhoras.
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Domando o instinto [ Concluído]
Historische RomaneUm acidente, muitos tabus, um amor improvável numa eterna paixão. Um lindo romance de época. Jaci, uma moça linda, curiosa e inteligente, de muita empatia e um afiado olhar crítico. Permanece sempre fiel aos seus princípios, mas nada a impede de...