Capítulo nono

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Fechara novamente os olhos, mas desta vez o chá não teria sido tão forte para derrubá-la como da última vez. O céu agora adquirira um tom roxo quase lilás. O adultos já se preparavam para levantar e começar seus afazeres. O sono por sua vez, preferira manter uma boa distância,  quem  sabe também se assustada com toda cena que presenciara a pouco. Como podia sonhar tal absurdo?
     Não compreendia, sua mente conhecia os fatos, sabia que não deveria perder tempo com aquele assunto, era um pecado, um crime, algo impossível de se realizar, melhor acreditar ser platônico.  Assim amenizava a dor da perda, quando nem ao menos o possuíra antes para perder.
     Mas parecia ser tentativa em vão, pois parecia ser dominada pelas forças do coração, e este por sua vez, tinha vontades completamente diferentes. Não se importava com o que os outros diriam, não se sentia culpado por querer algo que lhe fazia bem. Importava-lhe  a felicidade e era capaz de travar a maior das guerras para conseguir tal prêmio.  Por mais que ao consegui-lo, tornar-se-ia inimigo número um de toda humanidade, o pior criminoso contra as regras da sociedade. Mesmo consciente que perderia todos aqueles com quem se importa e que talvez com tantos argumentos contra, nem duraria para todo o sempre como desejava até então. Não haviam fatos, fé ou destino que o faria mudar de ideia. Era forte, decidido, convencido a lutar contra tudo que quisesse lhe roubar o direito da felicidade.
     Encontrava-se agora presa entre a cruz e a espada, entre o espeto e a brasa. Sua mente tinha vontades mas nada podia fazer para impedir os desejos do coração. Sentia como aquela negra da fazenda de café, onde passara um tempo com sua família há uns três anos  atrás. 

Domando o instinto   [ Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora