Kauani viera ver se queria algo em especial, e saber o que estava achando da festa. Gesticulou que não precisava de nada e que a festa estava linda. Kauani sentara a seu lado e tentava lhe ensinar algumas palavras. Riram bastante, errava-se muito, mas contudo fora uma noite agradável e interessante. Sendo a segunda noite longe de casa, sem saber a que direção ficava.
Apesar de corpulenta e as partes bem arredondadas, Kauani parecia bem ingênua e infantil algumas vezes. Trazia no brilho dos olhos um riso contagiante, capaz de iluminar até o dia mais nublado que houvesse. Era a empatia personificada, embora muitíssimo impaciente (e não exagero no superlativo) deveras, era bastante ansiosa. Mas uma menina doce e gentil, se entendiam bem. Embora não tivessem um idioma em comum, falavam uma mesma língua, falavam com os olhos.
Jaci; agora era assim que Kauani a chamava, dizia que a lua a trouxera e que Jaci a queria bem. Era filha de Jaci, porquanto seria ali, muito bem tratada. Tentara dizer seu nome a Kauani, que se chamava Emilie Helmsthlage, filha de Viktor Helmsthlage, professor do ensino médio e de Anna Helmsthlage, dona de casa. Era descendente alemã e viviam mudando devido ao trabalho de seu pai. Agora estavam gozando férias na casa de um tio. Era uma pequena fazenda, próximo à cidade. Nada fora compreendido, mas com tanto carinho recebido, deixou estar.
Kauani insistia, seria chamada de Jaci, que significa lua, pois era tão branca quanto a lua e chegara em dia de lua cheia. A lua havia achado graça nela e por isso, seria honrada com o mesmo nome.
Kauani não entrosava muito com as jovens de sua idade, dizia que elas se sentiam melhores por dançarem com tanta graça aos olhos de todos. Jaci sabia exatamente qual era essa a sensação, no colégio em tempos de aula, conhecera uma outra com esta atitude. Mas esta não dançava, nem bem nem mal, mas achava-se melhor que as outras meninas por ser filha do prefeito da cidade onde moravam antes desta.
A arrogância é algo nascido juntamente com certas pessoas, está inteiramente misturada ao sangue do indivíduo. Estavam já prometidas a casamento, não havia necessidade de chamar atenção de rapazes, ou tivesse, quem sabe! Mas isso não é mérito apenas das jovens índias, a branca da outra cidade também destilava arrogância sem nem idade para compromissos. Trazia nos olhos, um ar de superioridade e nos lábios um sorriso amarelo e maldoso. Algumas meninas a bajulavam e outras mantinham distância. Não se pareciam fisicamente, mas eram idênticas em seus comportamentos.
Ali estavam elas dançando, Uyara, Anahí, Nina, Tuani e Potira, batiam os pés no chão, balançavam as mãos ritmicamente juntas. Enquanto elas cantavam em coro e sacudiam seus pendentes de penas, sementes, flores e uma infinidade de itens, que ao chacoalhar faziam um ruído muito bonito, os rapazes as seguiam com os olhos e com grande sorrisos nos lábios, apontando qual eram suas prometidas e derramavam elogios a mil. Elas eram tão esnobes, que prendiam a atenção desde as crianças até os já compromissados.
De fato, tinham beleza, sabiam disso e gostavam de ser vistas, umas mais que outras talvez. Mas ali estavam e não existia nem naquela aldeia, nem em outra, alguém que fosse superior a estas em matéria de beleza, pelo menos é o que pareciam sentir.
Kauani por detrás de uma parede, sorria e dançava se dizendo imitar as belas dançarinas da noite. Riram-se muito, mas escondidas. Kauani era moça peralta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Domando o instinto [ Concluído]
Historical FictionUm acidente, muitos tabus, um amor improvável numa eterna paixão. Um lindo romance de época. Jaci, uma moça linda, curiosa e inteligente, de muita empatia e um afiado olhar crítico. Permanece sempre fiel aos seus princípios, mas nada a impede de...