Capítulo décimo quinto

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Saíram por lados diferentes, primeiro Jakvan e depois Jaci voltou a sua rede. Estava com o olhar no chão.  Kauani perguntou se a barriga havia melhorado, só então lembrou-se da mentira que dissera a amiga._Sim!_ disse que havia melhorado e que gostaria de se deitar. Ambas caminharam e deitaram-se.
     A lua agora era sua única cúmplice, era testemunha de sua paixão improvável, de um amor impossível. Tinha vontades de gritar; de correr até o fim do mundo, até este acabar; de sacudir os ombros de Jakvan até que este decidisse amá-la sobre toda tradição; queria poder vomitar palavras de ódio sobre Anahí, dizer que, já que Jakvan seria seu, pelo menos que o amasse com respeito; cobriu o rosto, a tristeza apertava sua garganta, um nó tão apertado que as lágrimas brotavam de seus olhos e corriam quente pela sua face. O peito doía e o ar já começava lhe faltar.
     Temendo alguém vir lhe indagar porque chorava, respirou fundo, enxugou o rosto e tentou não mais chorar. Seus pensamentos agora se perturbavam, pensava em tantas coisas que pensou faltar pouco para ser descoberta. Se recompôs e reorganizou as ideias; a princípio pensava em Anahí, com muita raiva; então pensou melhor, se seus pensamentos recusavam se aquietarem, pois pensaria no prazer que era estar com Jakvan, na beleza de seus olhos e no encanto de seu sorriso.
     Fechou os olhos, via apenas Jakvan e apenas seu coração era quem falava. A mente, às vezes jogava-lhe um balde de água fria dizendo que nunca seria seu, mas não importava, pelo menos em seu mundo o possuía. Pensou na lua ...

   Óh lua, preciso dizer-te algo
Mas é algo com urgência,
Creias tu ou não,
Não é apenas aparência.

Tú óh vento, que voa
Pelos túneis do tempo,
Devo esperar pelo meu amado?
Diga-me neste momento!

Óh reluzente D’Alva,
A lua já se esconde
E o vento, por mais que eu pergunte,
Não me responde!

Não me faças esperar pelo sol
Digo-te que já me sinto só.
Óh céus, já se aproxima o entardecer
E meu coração angustiado,
ainda não sabe o que fazer.

     A outra noite foi semelhante, seu coração se dedicava a um sonho que, se cumprindo ou não, seria planejado, e tiraria proveito de cada instante que pudesse estar perto de seu amado. Quando o silêncio era sua única companhia, então seu amor ganhava novos e lindos versos, tendo a lua e as estrelas como testemunhas.

Óh querido, existem duas coisas,
Que não sei como explicar:
Como eu fui amar-te tanto
E se algum dia eu deixarei de te amar.

Foi tão natural,
Eu não esperava.
Seu jeito me conquistou,
Quando menos esperei, já te desejava.

Os meus lábios chamam pelos seus
Meus olhos, pelo seu olhar.
Queria apenas que fosses meu,
Só consigo te amar.

Sonho com um dia
E este dia vai chegar,
Que teu peito será minha cama
E teus braços, meu lençol;
Sentirás o meu calor
E de novo vai me abraçar,
Vai dizer que me ama
Enquanto houver vida debaixo do sol.

     De novo na outra noite, seus pensamentos se ocupavam daquele romance imaginário.

Deitada em minha rede
Paro para refletir
Sobre um lindo sentimento
Que não posso em palavras traduzir

Enfim adormeço
Com a companhia apenas do luar
Mas de ti jamais esqueço
Podes acreditar.

Ali estava eu, sobre uma enorme pedra
Apenas a admirar
A bela melodia dos pássaros
E o lindo pôr-do-sol a me fascinar.

Lembrei-me de você
E você apareceu,
Deu-me lindas flores vermelhas
E pediu-me um beijo meu.

Depois de ouvir tua voz
e te ver sorrir,
Foi em vão
tentar resistir,

Só sei que te amo!
Talvez algum dia eu diga algo diferente,
Mas agora só digo que te amo
E te amarei eternamente..

Domando o instinto   [ Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora