Já era penúltimo dia de lua crescente, estava ansiosa para se chegar a semana seguinte. Ainda não havia tido oportunidades de ir ter com senhorita Helena, então mandou mensagem com um dos empregados mas, embora curiosa , temia a resposta.
Ao entardecer ouviu-se latidos e correu à porteira, senhorita Helena vinha brincando com bolinha e cinzento. Eram muito dóceis e amavam a dona. Recebeu-a e convidou a entrar.
_Boa tarde senhorita Helena, como estás?
_Boa tarde, estou bem, e tu como estás?
_ Estou bem, anseio por tua resposta, mas me aguento até que entres!
Helena sorriu, e disse:
_ Perdoai-me não trazer resposta para acalmar-lhe o coração, não pude ter com a senhora minha avó ainda neste assunto. A pobrezinha está muito enferma, temo incomodá-la com inquietudes da mocidade.
_ Confesso que ansiava pela resposta, mas tendes razão; não a incomodes. Esperes que a saúde lhe volte e então a perguntes. _ Sorriu gentilmente e a convidou:_ pois venha, entre vamos tomar um chá mate ou um café como os brasileiros costumam fazer.
Conversaram por uns poucos minutos, Helena não quis se demorar. Cumprimentou sobrinha e tia, agradeceu o café e foi-se embora.
Emilie preferiu pensar que agiria da mesma forma que sempre agia com Jakvan, e que a senhora Manoela diria o que fazer na próxima lua. Foi ao quarto, deitou-se em sua cama com o presente de Jakvan nas mãos, seu colar de sementes de pau-brasil e um dente de onça. Apertou-o contra o peito e disse baixinho:
_Eu te amo meu lindo, anseio pela lua cheia, pois com ela tenho sua visita.
Ficou ali por alguns minutos, sonhando acordada, com todos os momentos que passaram juntos. Faltavam apenas uns poucos dias, mas pareciam uma eternidade e ela sempre conferindo a lua; faltava ainda um pequenino pedaço pra estar completamente redonda, ainda não havia escurecido mas aprendera a observar, noite após noite.
Pegou uma xícara de café, foi até a varanda, recostou numa cadeira e pôs-se a contemplar o verde das árvores banhado de caramelo pelos últimos raios de sol. Já podia se sentir o cheiro da janta sendo preparada. Era um cheiro bom.
A brisa leve, vinha fria e trazia lembranças da aldeia, por um momento lembrou-se da amiga, das festas tão alegres e cheias de significado, de Jakvan e todo seu sentimento e perdeu se no tempo...
Aprendera tanto naqueles poucos dias, eram tão diferentes mas tinham algo de tão parecidos: Não tinham a política, não tinham moedas, não tinham a escrita e não usavam tantas roupas, mas utilizam adornos corporais e pinturas com materiais extraídos da natureza que podiam se identificar o sexo, a idade, a aldeia e a posição social de cada um, além de produzirem artesanatos para apresentações e utensílios.
Vira algo muito lindo na aldeia, os índios prezavam muito duas coisas: respeito uns com os outros e à sabedoria dos anciãos e a ligação com a natureza; era algo que definitivamente gostaria de ver na sociedade a qual vivia. Tempos bons, apesar da dor na perna, mas aprendera, crescera, amadurecera...
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Domando o instinto [ Concluído]
أدب تاريخيUm acidente, muitos tabus, um amor improvável numa eterna paixão. Um lindo romance de época. Jaci, uma moça linda, curiosa e inteligente, de muita empatia e um afiado olhar crítico. Permanece sempre fiel aos seus princípios, mas nada a impede de...