Capítulo sétimo

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A festa já estava findando. Kauani viera ajudá-la a chegar em sua rede, disse com risinhos que Jakvam olhava Jaci. Não entendera, então Kauani virara seu rosto para uma árvore grande com uma sombra larga que tinha ao leste.  Aquele índio que despertara sua atenção, agora tinha os olhos parados em sua direção com um ar de quem se agrada do que vê.
      Por um breve momento seu coração acelerou.  Batia mais que os tambores tocados naquela noite. Não sabia como reagir. As suas pernas tremiam. Jamais havia experimentado tal sensação.  Como uma pessoa que mal conhecia, podia chegar assim e lhe tirar o chão sem ao menos ter o respeito de lhe avisar?
     Este era Jakvan, olhos infinitos como a noite e mãos de sapo, além de um sorriso tão claro e tão doce que era possível esquecer-se do mundo inteiro só para contemplá-lo e ouvir sua voz. Contudo, o mais belo entre todos os solteiros, não estava livre. Estava pretendido a Anahí. Não havia nada que se pudesse fazer.
     Jaci não sabia o que sentir agora. Estava certa de que jamais poderia haver algo entre aqueles dois mundos tão diferentes.  Jakvam era futuro marido de Anahí e ela voltaria pra casa em poucos dias . Era um caso encerrado, não havia o que se discutir. Mas por outro lado, sentia algo estranho que não conseguia exterminar do coração . Doía-lhe o peito. A cabeça se recusava desligar o pensamento e se entregar ao sono. Imaginava mil formas de não pensar em Jakvan, contudo, era exatamente sua imagem que o pensamento ocupava-se a buscar.
     Vendo-a muito inquieta, Kauani dissera à sua mãe que Jaci não estava bem, talvez fora saudade de casa, não conseguia dormir. Ceci, mãe de Kauani, trouxera um chá e a pedira que tomasse, disse que dormiria. Assim sendo, tomou.
     Ainda antes de adormecer, contemplava as imagens das silhuetas que a luz da lua projetava no chão perto da entrada. Lutava contra si mesma, contra seus sentimentos, mas nem sempre vencia. Quando menos esperava ,lá estavam mente e corpo criando situações, em que Jaci e Jakvan se encontravam e se entendiam perfeitamente; como se fosse possível, sem conhecer muito daquele dialeto.
     Sua mente não se cansava de repetir: "_não devo pensar nele, não é para mim, a história não daria certo, eram definitivamente de mundos opostos, nada se encaixava, era ridículo pensar numa hipótese". Recitando para si mesma, estas palavras como um mantra, pouco tempo depois adormecera.

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Domando o instinto   [ Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora