Be with you

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JAEBEOM

"Farei o que for preciso, se eu puder ficar ao seu lado."

Eu estava empolgado nesta noite, as palavras saíam como mágica de minhas mãos e se encaixavam perfeitamente com a melodia que eu criava na minha cabeça. Mais uma vez, sem perceber, estava compondo uma música dedicada inteiramente para ele. Eu tentei expressar na letra da minha música o enorme desejo que eu sentia de encontrá-lo, para poder de alguma forma protegê-lo, estando sempre ao seu lado. Antes que o medo ou a ansiedade me atingissem, meu cansaço e sono foram mais rápidos e mais fortes, então não consegui lutar contra eles e acabei adormecendo antes de terminar minha música.

•••

Estranho... nenhum pesadelo.

O dia vivido pelo garoto dos meus sonhos foi estranhamente tranquilo. Nada de agressões, gritos e xingamentos. Ele passou o dia inteiro cuidando de sua mãe, limpando suas feridas mais feias, cozinhando para ela e a mantendo em seu quarto, o cômodo que me parecia ser o mais seguro dentro daquela casa onde coisas terríveis aconteciam. Ele parecia cansado, mas ao mesmo tempo satisfeito, talvez por saber que sua mãe estava segura por ora. O único sentimento que eu consegui reconhecer, depois que acordei e percebi que seu dia não tinha sido tão ruim, foi alívio. É claro que estava longe do ideal e saudável, mas para a vida que ele estava levando, um dia pacífico poderia ser considerado como uma glória, mesmo que momentânea. Não pude dedicar muito tempo para analisar com detalhes o meu sonho e logo o meu alívio perdeu o lugar para a preocupação e para a pressa de logo para a faculdade, pois estávamos na semana acadêmica de comunicação social e assistir todas as oficinas e palestras contava como presença e me dava horas complementares, duas coisas que eu não estava em condições de recusar no momento.

Por incrível que pareça, cheguei no campus faltando meia hora para primeira palestra do meu curso, que sereia no mesmo lugar de outras palestras, de cursos que eu não dava a mínima e não procurei saber, o auditório principal da Universidade, que se encontrava no pavilhão central do campus. Muitos rostos desconhecidos concentrados no mesmo lugar estavam me deixando ansioso e envergonhado, estar na presença de gente que eu conheço já é extremamente desafiador para mim, quando vejo rostos que eu nunca vi antes me encarando, a situação piora mil vezes mais. "Se ao menos um desses rostos fosse o único que eu quero e preciso encontrar..." pensei, me permitindo ter esperança pela primeira vez em dias, mas logo tirei aquilo da minha cabeça, pois sabia que ser esperançoso não adiantaria de nada, o destino não seria tão bom assim comigo.

Tentei deixar os devaneios bobos de lado e fui verificar as horas. Ainda faltava para palestra começar, então decidi sair daquela confusão e aglomeração do pavilhão central e me direcionei à cafeteria do outro lado da rua, uma que eu adorava mas nunca tinha tempo de ir, devido os meus atrasos diários. Tomei uma xícara grande de café, não por estar com sono e precisando da cafeína para me manter acordado, mas porque se tornou um pequeno vício e me acalmava em momentos de ansiedade e estresse. Eventos como a semana acadêmica me deixavam nervoso. Para alguns alunos, era a oportunidade perfeita de mostrar seus projetos e suas teses de pesquisa, para mim era apavorante só o ato de pensar em ter que me apresentar na frente de muitas pessoas e falar sobre algo de minha autoria por essa razão, nunca me inscrevi para o grupo organizador das oficinas e palestras e nunca apresentei projetos meus ou colaborei com o nome de outra pessoa. Eu apenas focava em garantir minha presença em todos os eventos e não reprovar em nenhuma matéria. Já era mais que o suficiente.

Cinco minutos para começar a palestra, seria o tempo exato de atravessar a rua, entrar no pavilhão central e me dirigir ao auditório. Enquanto caminhava em direção ao meu destino, aproveitei para admirar o céu antes que ele ficasse fora de minha visão. Fazia um dia bonito, apesar do frio. O céu estava praticamente sem nuvens, dando espaço para o sol brilhar com sua força total. Normalmente, nesta época do ano, o tempo fica fechado e cinzento, quase sempre ameaçando uma tempestade.

"É uma comemoração que seja lá qual Deus habitantes dos céus está fazendo pelo dia dele não ter sido tão ruim." 

Era a única explicação que a minha mente maluca criou para o dia estar tão bonito e sem poluição daquele jeito. O sol brilhando e refletindo em meus olhos era como se fosse um lembrete. É desse jeito, brilhante, bonito e feliz, que eu quero que o morador exclusivo dos meus sonhos fique sempre, que seus olhos possam mostrar alegria ao invés de lágrimas. Sei que estava longe disso acontecer, mas eu estava disposto a fazer tudo para que um dia sua vida se tornasse normal e deixasse de ser aterrorizante.

Me perdi em pensamentos e só recobrei a consciência quando estava prestes a entrar no auditório principal. Levantei o pulso esquerdo para verificar no relógio se já tinha dado o horário certo da palestra. já tinha se passado dois minutos. "Droga, espero que não tenha começado ainda". Quando fiz menção de abrir a porta do auditório, ouvi a maçaneta ser gerada por dentro. Antes que eu pudesse me afastar da porta para quem estivesse saindo conseguir passar, fui engolido por uma mini aglomeração de estudantes empolgados pela palestra que, pelo visto, tinha terminado naquele momento. Esbarrei em pelo menos sete pessoas e tentei pedir desculpas para todas, já que eu era o único peixe nadando contra corrente no meio daquela pequena multidão. Quando estava quase conseguindo me desvencilhar daquele tumulto, esbarrei meu ombro direito em alguém com muita força, tanto que o local ficou dolorido depois.

— Oh, desculpe. Aish, me desculpe. 

Olhei para o lado com muito o intuito de identificar a pessoa que  esbarrei e verificar se a mesma estava bem. Antes de perceber que era impossível reconhecer qualquer pessoa naquela confusão toda, avistei um par de olhos que pareciam perdidos, procurando desesperadamente por alguém e tive a sensação de conhecer aquela pessoa. Tentei reparar mais, até que minha mente fez click quando notei a pinta embaixo do olho direito. Eu conhecia aquela pinta, já tinha visto aquele mesmo semblante assustado, estava familiarizado com a cor daqueles olhos.

Era ele. Só podia ser ele. Tinha que ser ele.

Lutei muito contra a vontade de gritar para chamar sua atenção e tentei, com toda a força que tinha, chegar até ele, mas como ironia do destino, a multidão aumentou e ele foi levado para algum lugar fora do meu campo de visão e eu fui arrastado para dentro do auditório. Eu não pretendia desistir tão fácil mas depois que o desencontrei, ficou impossível encontrá-lo de novo.

Não consegui decidir se ficava feliz por ter encontrado, mesmo que de longe, a pessoa dos meus sonhos e ter visto seu rosto inteiro finalmente ou se ficava com medo daquela visão ter sido apenas fruto da minha imaginação fértil, o que não me espantaria, já que espero por esse dia desde que me entendo por gente. Na dúvida, meu coração e minha cabeça viraram um misto de felicidade e dúvida. Precisava me sentar, toda aquela confusão me deixou tonto.

— Você de novo, Jaebeom. 

Virei para o lado e avistei Jinyoung indo na direção contrária à minha.

— Olá mais uma vez, Jinyoung. Veio assistir essa palestra? — fiz meu máximo para sorrir e não parecer triste.

— Na verdade, não. A que eu assisti terminou agora. Inclusive — ele passou as mãos no cabelo e deu um sorriso torto — tenho que ir embora, um amigo está me esperando. Até logo, beom. 

Nem me importei quando Jinyoung me chamou pelo meu antigo apelido, estava tão atordoado e nervoso com o que aconteceu que tudo ao meu redor parecia com vultos, estava tudo embaçado e em câmera lenta. Não conseguia acreditar que ele estava tão perto assim de mim, isso tudo era muito louco e sem sentido. Apenas sentei na cadeira mais afastada e esperei o tempo passar. Agora, mais do que nunca, eu desejo muito me encontrar com ele em meus sonhos.

Capítulo por meloamanda8
Espero que tenham gostado do capítulo. Quem puder, por favor, comente o que está achando da nossa história, é muito importante para nós! Até a próxima ❤️

MORPHEUS: between life and dream farawayOnde histórias criam vida. Descubra agora