My dream in front of me

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YOUNGJAE

Não fui à faculdade. Talvez estou um pouco febril. Algumas horas atrás, adormeci no quarto dos meus pais com minha mãe após meu pai sair de casa batendo brutalmente todas as portas que apareciam no seu caminho, entrei no quarto e cuidei de minha mãe, que por mais trágico que pareça, já esteve pior. Fiquei acordado com ela até ver a mesma fechar os olhos e descansar, ao olhar o relógio me toquei que já tinha me atrasado e me rendi à sua cama, e agora, cá estou eu, enrolado em cobertas, com os olhos inchados e vermelhos, com uma xícara de chá oferecida por minha mãe na mão, que me julgou estar com febre após tocar minha testa que estava queimando. Por segundos, achei que levaria um sermão por não ter ido à faculdade mesmo se ir significasse perder as primeiras aulas, mas não recebi nada mais que compreensão, carinho e um leve sorriso doloroso.

Eu sonhei, nada novo, apenas a rotina normal do garoto. Mas, novamente, não ouvi sua voz um segundo sequer. Eu não estou com cabeça para me irritar por não ouvir a única coisa que me acalma, já não basta vê-lo, agora não poderia ouvi-lo. Talvez seja o começo de um fim, do tipo que vai indo embora aos poucos, seriam esses últimos sonhos uma despedida do meu menino? Pensar nisso fazia meu coração doer mas logo mandei uma ordem à ele que o mesmo não pode sentir esse tipo de coisa, se for pra nunca mais sonhá-lo e viver infeliz até que um dia algo mude, ok. Se isso acontecer, é por que esse é meu plano aqui na Terra. 

Fechei os olhos e automaticamente as lembranças vieram a tona, puxei todo o ar que consegui para logo solta-lo como um pedido à mim mesmo para não me torturar remoendo as cenas do acontecimento de algum tempo atrás. Abri os olhos e olhei ao meu redor, o quarto tinha um leve cheiro de produto de limpeza, indicando que enquanto eu dormia minha mãe havia limpado o cômodo. Era como se nada tivesse acontecido. Me levantei sentindo minha cabeça zonza e meu corpo levemente mole, me forçando a sentar novamente, juntei mais forças para conseguir me equilibrar em pé e tive sucesso. Caminhei até meu quarto ao lado, passando no banheiro para fazer as higienes de toda manhã, fui até minha cama e peguei meu celular que estava jogado na mesma, o relógio marcava 11:34, eu realmente dormi muito.

As notificações me surpreenderam, Jinyoung me ligou 3 vezes e me escreveu 4.

Youngjae, onde você está? Irá perder a primeira aula.

Te passo o que perdeu depois.

Passei meu tempo do intervalo com um amigo de longa data, ele diz te conhecer.

Acho que marquei um encontro pra você, esteja no parque próximo a escola às 19h. 

Um amigo? Como Jinyoung me marca um compromisso se ao menos tem certeza de que conheço o tal amigo? Eu deveria confiar? Não me lembro de ter nenhum amigo em comum com o meu colega de curso. Conheço Jinyoung mas não ao ponto de saber sobre suas amizades da vida, então não faço a mínima idéia de quem seja a pessoa que irei me encontrar. Espera. Eu vou mesmo me encontrar com ele?

— Filho, me deixe ver se a febre passou. — Olho para a porta e lá está minha mãe, com um copo d'água em uma mão e um comprimido na outra. Ela se aproxima e coloca o copo e o remédio na mesa próxima a porta, vem até mim e afasta os fios de cabelo da minha testa, colocando a destra levemente na mesma. — Você está suado, a febre está passando, tomou algum remédio? — Neguei. — Então está abençoado. — Sorriu e selou o topo da minha cabeça. — Está tudo bem? Me parece nervoso.

— E-eu… Sim, está. Eu só acho que… tenho um encontro às 19h. — Minha afirmação soou mais como uma pergunta, franzi a testa pra minha mãe que sorriu e mostrou sua cara de surpresa. — Não, sem animação, não vou ir. 

MORPHEUS: between life and dream farawayOnde histórias criam vida. Descubra agora