Defying the sun

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JAEBEOM

Nunca me senti tão frustrado em toda a minha curta vida. O dia em que eu ouvi e o reconheci no meio de uma multidão no plano real, foi o mesmo dia que o perdi de vista. Não fazia sentido. Será que os seres divinos me odiavam tanto a ponto de me deixarem provar do que eu tanto queria só para depois tirar de mim e rir da minha cara? Eu precisava ir para casa, eu precisava colocar meus pensamentos e sentimentos no lugar para poder agir. De jeito nenhum eu iria desistir de encontrá-lo, não justo agora que sei que ele está mais perto de mim do que eu imaginava.

"Que se dane essa palestra. Preciso sair daqui o mais rápido possível."

O sentimento de urgência surgiu em minha mente e me dominou de uma forma que me fez sair correndo do auditório sem me importar com o barulho que eu fiz e nem com minha falta de educação. Disparei em direção à saída do campus e só parei de correr quando avistei o ponto de ônibus. Só entendi o motivo da minha pressa em sair no momento em que as lágrimas começaram a sair de meus olhos sem a minha permissão. Quando foi a última vez que eu tinha chorado? Não conseguia me lembrar. A única coisa que tinha certeza era que jamais chorei com tanta intensidade como naquele momento, pois não conseguia ao menos me controlar e chorar baixo, pois meu corpo não respondia mais aos meus comandos, me fazendo gritar e espernear, mesmo estando no meio da rua, tamanha era a frustração que habitava meu peito.

Permaneci em prantos, sentado no ponto de ônibus, da maneira mais patética imaginável, por provavelmente vinte minutos. Agradeci internamente por todas as almas apáticas e sem compaixão que passaram por mim sem me perguntarem se eu estava bem ou a causa do meu choro, eu ficaria muito envergonhado e não saberia o que responder, então foi melhor assim. Finalmente me controlei e peguei o ônibus com destino ao meu bairro. No trajeto, pude perceber que todo aquele choro não foi só pelo acontecimento do dia, mas sim tristeza, mágoa e frustração acumuladas em mim sem que eu tivesse percebido. Pensando bem, era até de se esperar um surto meu, devido o meu histórico de guardar absolutamente tudo para mim e jamais dizer o que estou pensando. De alguma maneira, foi bom eu ter expulsado, pelo menos por um tempo, os sentimentos ruins que me sondavam e me senti um pouco mais leve, apesar de não ter esquecido o que tinha acontecido há pouco tempo atrás.

Eram 2:30 da tarde quando cheguei em casa. Fiquei irritado ao perceber que era muito cedo para dormir e encontrar com ele em meus sonhos. Decidi não deixar a ansiedade me enlouquecer e pensei em várias coisas para matar o tempo. Comecei tomando um longo banho. Geralmente eu não me demorava muito em meus banhos, pois nunca gostei de desperdício, mas foi bom pelo menos uma vez demorar bastante para sair com o corpo e alma lavados e também pensar em meus próximos passos para finalmente conhecer o menino dos meus sonhos na vida real. Não dava para estudar naquele momento, eu nunca fui fã das matérias do meu curso e não seria justo no momento em que minha vida tinha virado de cabeça para baixo que eu iria focar nos estudos. Risquei "estudar" da minha lista de coisas a fazer para passar o tempo e fui direto para a minha escrivaninha compor minhas músicas inspiradas no unico dono dos meus pensamentos.

Ser capaz de criar letras de músicas através de sentimentos guardados em minha alma é um dom sagrado que eu tive a sorte de ser agraciado. Desde que descobri este dom, sem querer, após um sonho horrível ter visitado meu subconsciente em uma noite quando eu era criança, decidi reservá-lo e usá-lo somente em razão a um propósito, que era trazer paz, mesmo que temporária, para alguém que passava praticamente a vida inteira convivendo com a dor e a tristeza. Sempre tive dúvidas se minha música chegava ou não até os ouvidos dele, por isso tratava sempre de escrever letra por letra em meu caderno e dar nome a todas as músicas, alimentando, assim, a minha esperança de um dia encontrá-lo e ser capaz de mostrar todas as coisas bonitas que ele me inspirou a escrever. Consegui colocar minha cabeça no lugar e ganhei ainda mais força de vontade e convicção de vê-lo e finalmente conseguir o ajudar de alguma forma. 

MORPHEUS: between life and dream farawayOnde histórias criam vida. Descubra agora