Ressaca da Briga

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Evolet estava caminhando sobre o piso do corredor da escola quando Scott aparece ao seu lado e pergunta:

- Posso conversar com você?

- Depois, estou ocupada.

Evolet não queria falar sobre aquilo, então entrou no banheiro feminino e ligou a torneira para lavar seu rosto com a água gelada que caía sobre a pia de mármore. Ela respirou fundo, saiu do banheiro e caminhou para sentar-se ao lado de Diogo que estava sentado no gramado.

- Você e Atena brigaram? - ela perguntou curiosa.

- Sim e pelo visto vocês também discutiram. - ele disse olhando tranquilamente para o seu celular.

- Então ela te contou sobre o Axel?

Diogo guardou seu celular dentro da sua mochila.

- Sim. - ele respondeu. - Sinceramente, eu não fico com raiva de você por isso. - ele fez uma pausa. - Eu sei que o Axel é extremamente sedutor. - concluiu.

Evolet sorriu ao ver Diogo dando uma piscadela.

- Por que vocês brigaram? - ela perguntou curiosa.

- Atena sempre julgou-me pelo meu gosto por homens e nunca assumiu que gostava de mulher. - ele fez uma pausa. - Ela precisa parar de julgar e começar a aceitar quem ela realmente é. - concluiu.

Evolet não disse nada, apenas assentiu e ficou refletindo quando Atena disse que Judith havia a beijado no shopping.

Evolet levantou-se para ir a capela. Ao entrar no recinto, ela caminhou e sentou-se no banco. Mas antes que começasse a fazer sua oração, escutou passos atrás dela.

- Eu preciso conversar com você, Evolet.

Ela virou-se para olhar Scott que aproximava-se lentamente dela enquanto ela levantava-se do banco de madeira polida da capela.

- Não temos nada para conversar.

- Mas Evolet...

- Sai, ela disse não. - Axel gritou empurrando Scott que caiu sobre um dos bancos.

Axel caminhou em direção a Evolet que estava próxima ao altar observando ele com o semblante assustado.

- Você está bem? - ele perguntou segurando as mãos dela.

Eles observaram Scott levantar do banco e caminhar em direção a eles enquanto Axel apertava sua mão na de Evolet ficando a frente dela.

- Eu só preciso conversar com você, Evolet. - ele disse tranquilamente.

- Você precisa se afastar dela. - Axel gruniu entre os dentes. - Assediar alunas é crime. - concluiu.

- De acordo com as crenças dos DeWitt's, corromper a filha deles também é crime.

Axel segurou a mão de Evolet e a conduziu para fora da capela. Ao passarem por Scott, observaram a forma como ele os olhava e Axel disse:

- Fica longe dela.

Ao entrarem no carro de Axel, ele dirgiu pela rua de Notre Dame sob aquela manhã cinza e congelante enquanto o silêncio se nutria de palavras não ditas que pairavam o ar seco dentro do veículo.

Ei, você aí. Era tudo o que Axel queria dizer enquanto via o semblante calmo de Evolet olhar com serenidade para as casas e comércios através da janela que estava entreaberta.

Eles conseguiriam alcançar o próximo nível?

Axel já não sabia se deveria dizer as palavras que percorriam em sua mente e Evolet não sabia por que ainda se importava. Ela se atreveria a dizer tudo o que guardava em seu subconsciente?

Não tenha medo. Era a frase que ela dizia para si mesma enquanto sentia o olhar de Axel sobre ela mesmo com os olhos na estrada. Por que eles estava dificultando as coisas?

Axel estacionou o carro de frente para a catedral e ficou em silêncio esperando que ela dissesse algo para quebrar o silêncio e para que ele pudesse ter a certeza se devia ou não dizer tudo o que pensava e sentia. Mas como nenhuma palavra saiu dos lábios de Evolet, ele saiu do carro e sentou-se no capô do carro cruzando os braços.

Depois de alguns minutos, Evolet decidiu sair do carro e caminhou lentamente em direção a Axel que continuava paralisado enquanto as finas gostas de água da chuva caía sobre sua pele.

- Axel. - ela sussurrou enquanto tocava levemente a mão dele.

Axel recuou ao toque de Evolet e disse:

- Eu estou tentando fazer tudo o que posso para dar certo, mas parece que ter metade de você simplesmente não é o suficiente.

- Não estou lhe oferecendo metade de mim. - ela defendeu-se.

- Será? - ele perguntou olhando fixamente para ela. - Porque até agora tudo o que você mostrou-me foi a metade. - ele fez uma pausa enquanto seus olhos se emaranhavam. - Talvez sua alma seja feita de metades e você ainda não percebeu.

Ao estacionar seu carro em frente à casa de Evolet, ambos permaneceram em silêncio e quando ela aproximou para beijá-lo, ele recuou. Axel assistiu ela sair do seu carro com a mochila nas costas, enquanto em sua cabeça ele a puxava para perto. Mas em fração de segundos, Evolet desapareceu de sua mente e do seu campo de vista e então ele estava sozinho.

Era impossível sonhar com prata e ouro quando Evolet caminhava sobre a lua deixando o coração dele fragmentado. Então lágrimas escorreram pela face de Axel enquanto ele recordava da frase que Kate costumava dizer quando o encontrava deprimido: sorria, não estamos prometido para o amanhã e o agora será uma metáfora no futuro.

Era uma noite escura e Axel se encontrava deitado na grama bem cortada do jardim de sua casa observando as estrelas e num piscar de olhos, Jason já se encontrava deitado ao lado dele com os braços cruzados sob a nuca.

- Você sumiu hoje. - ele disse sem virar-se para olhar Axel.

- Estava resolvendo uns assuntos. - Axel fez uma pausa. - Precisava de um tempo para entender algumas coisas. - concluiu.

- A verdade é que você nunca sabe quando é verdade. - Jason disse enquanto levantava-se do chão. - Apenas diga o que sente antes que tudo o que você conheça desapareça para sempre. - concluiu.

Axel sentou-se na grama e antes que o irmão ficasse longe o suficiente para não conseguir ouví-lo dizer algumas palavras, ele perguntou:

- Por que diz como se o para sempre fosse uma despedida sem fim e como se soubesse as promessas que estão por vir?

- Talvez o para sempre não seja uma felicidade como é retratado e talvez saber de algo antes que aconteça não seja a melhor coisa do mundo. - respondeu Jason enquanto levava suas mãos até o bolso de sua jeans.

Axel sabia perfeitamente que Evolet escondia algo valioso e marcante naquele olhar inofensivo em suss formosas íris azuis. Mas dessa vez ele queria que ela soubesse que não segurava a mão de um estranho, porque ele nunca deixaria uma cicatriz no coração dela.

Evolet estava fingindo que não precisava de ninguém, assim como Axel costumava fazer? Ou ela e estava vulnerável o suficiente para não conseguir entender o que sentia?

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