Mais Um Passo?

59 14 26
                                    

Deixei a música tocada no carro de Axel acima:

**********************

Era manhã quando o táxi estacionou em frente à Holy Mary, Axel desceu do veículo e caminhou para dentro da escola.

Ao passar pêlos portões do cemitério, Axel caminhou por algumas lápides e assistiu Evolet sentada sobre um túmulo enquanto lia algum um livro. Ele caminhou silenciosamente até ela e colocou sua mãos sobre os olhos dela.

- Axel? - ela disse ao virar-se para ver quem havia tampado sua visão.

Por alguns minutos o coração de Evolet havia paralizado, ela não sentia o ar entrar e muito menos sair de seus pulmões. Assistir Axel na sua frente depois de alguns dias sem dar notícias, ela não sabia se devia abraça-lo, agredi-lo ou ignora-lo.

- Sei que está chateada e não tiro seus motivos. - ele disse ao perceber que ela estava diferente. - Mas eu preciso que você entenda que eu...

- Preferiu ir embora e não enfrentar a situação. - ela o interrompeu.

- Evolet. - ele disse com um ar de decepção.

- Desculpas. - ela gritou. - Mas eu aprendi a completar as reticências sozinha. - concluiu.

Evolet deixou Axel com suas palavras presas em sua mente no cemitério, mas ela também deixou uma parte dela com ele naquele lugar frio.

Axel esperava que ela o escutasse para compreender o porquê ele havia viajado, mas o seu silêncio mostrou a Evolet que ele achava ter escolhido outro caminho para sua vida.

Enquanto as gostas finas de água caíam sobre Axel, ele sentou-se sobre o mesmo túmulo que Evolet estava sentada e sentiu a chuva purificar sua alma, acalmar as batidas desenfreadas de seu coração e esfriar sua cabeça.

A chuva já havia cessado, mas Axel continuava sentado naquela lapide com suas rouoas encharcadas de água com os braços enrolados em suas pernas e sua cabeça escondia entre elas.

- Não acreditei que havia retornado quando eu escutei os murmúrios da escola.

Axel virou-se para olhar Jason que estava com as mãos dentro dos bolsos frontais de sua jeans e a um metro de distância do irmão. Ele levantou-se daquele túmulo molhado e caminhou em direção ao loiro que parecia estar feliz em vê-lo.

- O que está fazendo aqui e todo molhado? - perguntou Jason.

- Vim falar com uma pessoa.

Jason assentiu.

Ambos caminharam para o carro de Jason e ao retornarem a sua casa. Axel trancou-se em seu quarto para tomar banho, mas ao sair do banho ele escuta batidas na porta.

- Quem é? - pergunta Axel.

- Sou eu, Jason. - respondeu.

Axel caminhou até a porta e abriu para seu irmão entrar. Em seguida caminhou em direção ao seu guarda roupa e escolheu uma roupa para vestir-se.

- Ainda não desfez as malas? - perguntou Jason.

- Talvez, eu não precise. - respondeu Axel enquanto vasculhava seu guarda-roupa.

- Vai embora?

- Não sei, Jason.

Jason permaneceu em silêncio observando o irmão escolher uma jeans e uma camisa escura, e em seguida retirar seu moletom de capuz preto.

- Você falou com a Evolet? - perguntou Jason.

- Sim. - respondeu Axel.

- O que ela disse?

Jason estava curioso para saber se ela havia mencionado sobre o beijo de ambos para Axel.

- O suficiente para me fazer entender que pode haver outro alguém na vida dela. - respondeu Axel. - Outro alguém que os pais dela aprovem. - concluiu.

Jason abaixou suas íris de cor azul piscina e sentou-se na cama do irmão.

- Por alguns instantes, eu tive esperanças de que ela me escutasse e me entendesse. - Axel fez uma pausa. - Mas é como a Judith diz: um coração corrompido é queimando sobre a luz. - concluiu.

- Acha que ela está com outro garoto? - perguntou Jason.

- Estando ou não. - Axel fez uma pausa. - Eu espero que ela sei feliz. - concluiu.

Jason assentiu.

- Vou deixar você vestir-se. - ele disse levantando-se da cama. - Nos vemos mais tarde. - concluiu.

- Está bem.

Axel assistiu seu irmão sair de seu quarto e fechar porta do recinto. Ele vestiu-se, pegou as chaves do seu carro e dirigiu pelas ruas de Notre Dame enquanto tocava a versão ingles de uma musica coreana, one more step e as memórias de Evoket renasciam em sua cabeça.

Ao estacionar seu Sedan prateado em frente à catedral e ficou assistindo a chuva cair do lado de fora do carro. Axel não soube descrever quanto tempo havia ficado dentro daquele carro olhando para o local onde ele e Evolet haviam se beijado pela primeira vez, enquanto aquela lembrança morria e renascia a cada lágrima que prendia dentro de seus olhos.

Axel saiu do veiculo e entrou na catedral. Ela estava vazia, somente o padre Joseph e ele estavam naquele mosteiro durante o temporal que aumentava lá fora.

- Axel, por que eu não soube quanto você voltou? - perguntou o padre enquanto caminhava em direção à ele.

- Cheguei está manhã, padre. - respondeu Axel.

- Soube que visitou a Roma. - ele fez uma pausa. - Visitou os pontos turísticos? - perguntou.

- Na verdade, eu vim para ficar a sós, padre. - Axel disse colocando as mãos dentro do bolso de seu moletom.

- Pode subir. - Joseph disse com um sorriso em seus lábios.

Axel assentiu.

Ele subiu as escadas lentamente e entrou no único lugar de Notre Dame que ninguém ousaria procurá-lo ou passar alguns minutos de seu tempo. Era naquela escuridão, na presença daquele sinos empoeirados que ficavam de frente para uma visão do céu francês que Axel reconhecia a paz para sua alma.

Quando o vento bateu fortemente contra o rosto de Axel, ele lembrou-se da forma rude como havia tratado Evolet quando se conheceram. Mas foi doloroso lembrar da sensação que sentiu naquela manhã por ter a sensação de que ele nao era mais bem-vindo em sua vida.

Axel poderia dar mais um passo até ela? Seria a última vez que ele iria aproximar-se de Evolet e assim ele saberia que ela não queria mais olhar para ele.

Axel não expressava-se bem em relação à seus sentimentos. Além de ser temperamental, usar frases como "Eu te amo" era um desafio para ele.

Enquanto assistia o céu cinza chorar durante aquela tarde melancólica e fria. Axel respirou fundo e suspirou por várias vezes pensando em algo para fazer por ele e Evolet, mas ele pensou: se isso for o fim... eu só poderei ama-lá no fundo das minha memórias.

De certa forma, Axel acreditava que por mais que ele tentasse queimar todas as lembranças em sua cabeça. Não seria possível, porque não se pode queimar o vestígio de um passado irremediavelmente escrito.

Doce Perversão Onde histórias criam vida. Descubra agora