No momento estava indo tudo bem, os sorteios percorreram por alguns minutos até chegar em meu nome. E adivinha quem foi o sortudo? Ele, é claro! Meu deus! Só pela reação dele ao me tirar, fazendo cara feia quando leu meu nome e em seguida sorrindo para disfarçar, fez-me ficar muito desanimado. E parecia que ele não gostou muito da sorte de me tê-lo por perto.
Enfim, finaliza os sorteios e as duplas já estavam formadas. Nossa primeira missão era de ajudar o grupo de crianças a montar suas barracas na qual ficamos responsáveis e em seguida montar a nossa. Até o momento foi tranquilo; começamos a erguer as barracas aos poucos, as crianças todas exaltadas pela participação, com gritos e conversas alegres, parecia que a felicidade as tomavam. Kevin apreciou muito o momento, aquela dinâmica toda era boa pra ele, porém nem conversava e nem olhava para mim como parceiro, sua atenção toda era nas crianças, parecia um paizão para todas elas. Mais uma vez me questionei, por que será que ele age assim? Tipo bonzinho com as crianças... Algo bem diferente de seu comportamento na escola, até se identificava como uma outra pessoa, com uma outra personalidade.
Em poucos horas já se tinham montado quase todas as barracas do nosso grupo e a maioria foi ele que as montou, parecia que ele já tinha essa habilidade. Agora só faltava a nossa. Eu comecei a iniciar, pegando os materiais para a montagem e a escolha do local onde seria. Entretanto, ele me para, puxando os materiais das minhas mãos e se decidindo o espaço aonde seria bom para nós, sem ao menos entrarmos em um acordo, até porque, no momento ele nunca hesitou em falar comigo e eu já estava sem reação do que fazer e comecei a questioná-lo .
- Ei, por que você não fala comigo, para que possamos trabalhar em dupla?!
Sua ignorância era sem tamanho, eu para ele era como se fosse alguém invisível. Eu já não aguentava mais ser ignorado e comecei a perguntar com um tom mais alto.
- Anda, responda, seu ignorante?!
Naquela mesma hora, ele pausa o que estava fazendo, demorando poucos segundos com a cabeça baixa e vira-se para minha frente.
- Cara, eu odiei quando tirei você para ser meu parceiro! Eu não queria está aqui nessa merda de acampamento! Eu não gosto de você e nem de sua raça afeminada!
Seu tom de voz era tão alto que as crianças começaram as nos olhar, assustadas.
Eu o respondi com um tom baixo pois não queria confusão na frente das crianças.
- Ok cara, calma... Não precisa ficar estressado assim não.
- Então você entendeu, né? Para de falar comigo se quiser ser a porra do meu parceiro!
- Tudo ótimo.
Fiquei a imaginar, pelo visto não será fácil conviver com ele nesses dias. Eu o deixei sozinho montando a barraca, sai andando na beira do rio que era bem próximo do acampamento com a cara de desânimo. Em seguida sentei numa pedra próximo a costa do riacho e comecei a jogar pedrinhas sobre as águas, já estava a ficar de tardezinha, o sol começa a ter uma tonalidade bem forte, com seus raios bem iluminados, o pôr do sol era lindo, mas a minha tristeza não me deu a oportunidade de apreciá-lo.
O nosso organizador, que era professor e chamado de Roberto, viu-me sozinho na beira do rio. Ele não hesitou e foi até a mim, para saber por qual motivo eu estaria fora do meu grupo e tão distante.
- Olá Willians.
Assustei com sua presença e o respondi.
- Oi professor.
- Por que você não está com seu grupo?
- Bom professor...
Eu não queria falar o que realmente estava acontecendo, mas algo tinha que ser resolvido.
- Fala, Willians?
- Eu não me dou bem com meu parceiro.
- Quem, o Kevin?
- Sim, sim. Ele é muito grosso comigo, não me deixa fazer nada pelo grupo e antes disso eu não queria fazer dupla com ele. Tem como eu trocar por outra dupla?
- Você tem razão, o Kevin só está aqui pelo seu mal comportamento. E também, ele têm problemas sério com seu pai, nós vimos que seria uma boa ideia colocá-lo aqui para ver ser ele muda um pouco sua personalidade forte.
- Ele tá mudando, eu percebi, mas só com as crianças.
- Nós já o conhecia desde quando entrou no colégio, seu comportamento sempre foi de mal a pior, os antigos gestores nunca o expulsarão por causa da grande influência de seu pai.
- Mas devia expulsá-lo!
- Porém, percebemos que ele não é assim, tem algo dentro dele que é boa. Nós achamos que ele pode ser assim por causa de seu pai.
- Até parece que ele pode mudar..
- Por que você não dê uma oportunidade pra si mesmo, talvez encontre algo bom nele... Eu acho, não desista assim tão fácil. Se ele gritar com você, grite também.. tenta ser forte e o confronte.
- E se ele me bater?
- Ele não vai fazer, já foi advertido sobre isso. Se não, seria expulso, a diretora nova do colégio não é como os antigos gestores. – risos.
- Obrigado pela conversa professor, vou tentar..
- Então tá, estou indo ali ver os andamentos das fogueiras... Até mais!
- Até!
O Professor foi legal comigo, nunca alguém se importou assim com minha pessoa. Foi bom ter uma conversa tranquila, ele tem razão, tenho que ser eu mesmo, não vou deixar o Kevin me pisar assim tão fácil. Afinal, não poderá me bater mesmo, senão, será expulso.
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Uma paixão impossível
RomanceWilians é um adolescente nerd e antissocial do ensino médio. Imigrante vindo do nordeste a São Paulo, conhece um garoto chamado Kevin, um popular e valentão da sua nova escola, que logo mais tarde acaba praticando bullying e descriminação por sua or...