beyond the Sea

Cap.11: Mermaids

Miami - FL

P.O.V Alana Wires 19:57 p.m.

A última vez em que me senti ameaçada foi quando cheguei em Miami, pois estava fugindo dos pescadores que quase me pegaram. Mas dessa vez eu estava fugindo da verdade, da verdade que eu escondia e que em breve poderia vir a tona.

Eram turbilhões de sentimentos que eu passei a ter posse sem ao menos perceber, pois eu estava mentindo pra alguém que não merecia e me sentia mal. Eu estava enganando uma alma boa, a primeira mais pura que eu conheci nesse mundo.

Mas eu não podia fugir, nem se eu quisesse eu não conseguiria. A solução era aceitar de que mundo eu fazia parte e aceitar o destino que para mim foi decretado.

Joguei a sacola no chão e fiquei somente com as roupas que a amiga de Justin havia me dado, as mesmas que eu deixei no mesmo lugar onde coloquei o vestido na última maré baixa. Amarrados em uma barra de ferro num iate que estava no cais junto da camisa branca dele que eu usava naquele momento. Foi tudo muito rápido e quando me senti pronta mergulhei profundamente na água.

Minha enorme cauda nasceu em segundos e a escama brilhosa em verde azulado logo preencheu não só a minha cauda como também os meus seios que antes estavam expostos.

O mar era muito mais escuro à noite, porém eu conseguia ver absolutamente tudo ao meu redor. Os cardumes, cavalos marinhos, dentre outros bichinhos perambulavam por ali naquele momento.

Mergulhei mais fundo ainda e pude ver há alguns metros um tubarão passeando por ali. Ele olhou para mim e dei tchaulzinho junto com um sorriso, mas ele só fez ignorar a minha presença como todos os outros da sua espécie fazem.

Mergulhava cada vez mais fundo como tentativa de fugir da minha verdade, mas quanto mais eu descobria um pouco do oceano mais a verdade sobre mim me consumia. Eu pertencia aquele mundo e teria que me conformar com isso pra sempre.

(...)

Após mais ou menos 2 horas emergi para a superfície e pude ver de longe o local onde estava acontecendo a festa que o Justin havia me convidado. Os focos de luzes para cima e o som muito alto.

Saí dali a procura de uma rocha e encontrei uma pouco distante do local, mas era o lugar perfeito, pois eu queria ficar sozinha. Consegui me sentar na rocha e suspirei, olhando em volta de todo o local.

Os humanos fazem parte da especie mais sortuda do mundo. Eles tem de tudo e podem ter de tudo, só basta querer e fazer por onde conseguir. Eles tem escolhas. Eles tem o direito de escolher o que querem ser ou até mais. Eles podem fazerem o que quiserem.

Eu só queria ter uma chance de escolher quem eu quero ser, pelo menos uma vez. Eu os invejo por esse lado. Porque eles podem escolher o que querem ser e eu não. Eu queria poder ter uma vida normal. Antes eu não pensava nisso porque nasci e cresci numa ilha isolada e no fundo do oceano, tecnicamente falando, mas depois que tive acesso ao mundo humano e pude ver com meus próprios olhos como a vida deles na terra firme funciona, eu passei a ter um desejo incontrolável de continuar vivendo aqui. Eu me apaixonei pela terra e pelas belezas que ela tem, como pessoas de bons corações que habita nela.

Foi quando sentir uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto e a sequei rapidamente por lembrar de tudo o que aconteceu. Fui abandonada pela minha família e a única pessoa que deveria me dá ajuda simplesmente ignorou a minha situação.

Aconcheguei minha cabeça na cauda onde ficava meus joelhos e agarrei, fechando os olhos na tentativa das horas passarem mais rápido, porém tudo aconteceu ao contrário porque eu senti uma presença estranha logo atrás de mim. Engoli em seco e lentamente me virei pra olhar, quando tive um choque por não acreditar no que via.