Capítulo XXIV - Encontrada (Revisado) 👑🗡️

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Narrador: Dianna
Música do capítulo: Dynasty - Miia e Fight Song - Rachel Platten

Dia 8 de março de 1502, sexta-feira

Minha boca estava seca. Meus olhos já não queriam mais ficar abertos. Faziam quatro dias que eu estava ali em cárcere, sequestrada e mantida naquela casa que cheirava a mofo, pela minha própria irmã que me obrigou a escrever uma carta de suicídio, não saberia se acreditariam ou não, mas eu sentia que minha vida estava por um fio muito fino prestes a arrebentar a qualquer momento e para Gianna, seria um presente eu morrer sem ela mover um dedo sequer. Eu sentia sede. Eu sentia fome. Meus pés e mãos amarrados, estavam doendo muito e machucando minha própria carne. Meus pés assavam dentro daqueles benditos sapatos que calcei, eles não eram nada confortáveis para a ocasião em que me encontro: sentada à quatro dias. Não almejava ser encontrada e salva. Nos últimos dois dias, só pensava na minha vida até hoje e tudo que fiz, vinha um filme que me fazia querer chorar, porque não pude ter aproveitado mais e ter feito mais, eu estava me despedindo assim que sentia que minha energia se esvaziava de mim a cada hora que se passava e a cada nascer de um sol quente e brilhante.

Lembrei me de um sonho que tive com a minha bisavó Isabela, pode ter sido apenas um delírio pela desidratação e fome, mas eu não me importava. Era a minha bisavó que eu tanto queria ter conhecido, apenas sei quem ela é graças a pinturas dela no corredor dos reis e rainhas, ela era muito linda e arrisco dizer, acho que me pareço com ela. O sonho era tão real, que me fez por um momento me tele transportar para aquele lugar do sonho e nunca mais sair dali, era uma paz tão grande que emanava, uma paz que nunca tinha sentido em toda minha vida.

Era uma floresta mais rasteira com roseiras de todas as cores, em sua maioria rosas amarelas, coloriam todo o jardim. Os pássaros como maritacas e araras coloridas, sobrevoavam por todas as altas árvores em maioria pinheiros e macieiras ainda sem maças, faziam barulho e voavam em bandos, num céu tão azul que me deixou maravilhada com uma paisagem tão perfeita. Com o sol cegando minha visão, o tampei com a mão e vi uma casinha de cerca branca e ovelhas por todos os lados à alguns passos de onde eu estava. Sentia um cheiro bom que me parecia familiar e vinha daquela casa. A cada passo mais próximo da casa, o cheiro era ainda mais presente na minha memória e eu sorria. Era um bolo de nozes que a minha mãe disse que aprendeu com a minha bisa Isabela. Meus olhos se encheram de água. Naquela casa só podia ser a bisa que estava ali. Bati na porta e aguardei ansiosa para ver se era ela mesma.

Era ela. Minha bisa Isabela. Diferente das pinturas, estava de avental toda suja de farinha, vestida com um vestido menos pomposo do que de costume, cabelos grisalhos amarrados em um coque e uma rosa amarela atrás da orelha, mas o que não havia mudado era o sorriso terno e doce que se formava em seus lábios ao me dar espaço para entrar em sua casa. Lareira acessa. Duas poltronas. Cheiro de chá de camomila recém saído do fogo acompanhado do bolo de nozes, tudo isso em cima da mesinha de centro na sala. Minha bisa se sentou em uma das poltronas e me fez sinal para fazer o mesmo, assim que o fiz pegamos as xícaras de chá e bebericamos um pouco, me atrevi a provar um teco do bolo e estava divino.

Isabela: Estava ansiosa para lhe receber minha bisneta querida, mas não queria que fosse na situação em que se encontra.

Dianna: Eu também não bisa, mas estar aqui com a senhora mesmo em sonho, me acalenta o coração, sempre quis ter te conhecido. - ela tocou minha mão gentilmente e deu um beijo, eu senti aquilo e me deu vontade de chorar, queria que fosse real

Isabela: Foi necessário ser assim. Deus escreve certo por linhas tortas minha querida - deu um sorrisinho - Você não estás a passar pelo que passa em cárcere, se não por um motivo maior.

A Cavaleira (Livro 2) - Série RealezaOnde histórias criam vida. Descubra agora