Na manhã seguinte fomos acordados por uma multidão que entrava pelos portões da arena. Todos alegres, ouvia
barulho de tambores e cantos suaves. Acompanhados de aplausos e saudações ao nosso orixá.— OKÊ ARÔ! — Gritou toda aldeia ao mesmo tempo.
— OKÊ ARÔ! — Respondemos.
— É o momento de conversarem com seus familiares. Aproveitem o máximo antes do torneio começar. —Disse o instrutor uzuma.
— Sikamene meu meninos. — Disse uma mulher. Pela voz pude notar que era a mãe da Núbia.
— Sikamene! — Respondemos os dois.
— Como vocês estão? — Perguntou a mãe da Núbia.
— Estamos bem e mãe. — Respondeu a Núbia.
— E você Kellan? Quem diria que você chegaria a última fase do torneio! — Disse ela.
— Felizmente cheguei. Mas precisei de muita ajuda. Inclusive da filha da tia.
— Ele está a brincar mãe, eu não fiz nada foi tudo mérito dele.
— É, foi chamar um cego de mentiroso, ele nunca viu a verdade. — Respondi. E me coloquei a rir logo em seguida Núbia também riu. Ela já estava acostumada com as
minhas piadas sobre cegueira.— Vocês os dois chegaram até aqui juntos. E vão finalizar esse torneio juntos, sempre unidos, entenderam? — Disse a mãe da Núbia.
— Sim! — Respondemos em coro.
—Kiambote Lawu! — Disse a mãe da Núbia nos desejando sorte. Fizemos que sim com a cabeça. Ouvi passos de mais alguém se aproximar. Reconheci de muito distante na verdade. Era minha mãe.
— Meu filho! – Gritou ela me abraçando. Eu estava de volta ao lugar mais seguro do mundo. os
braços de minha mãe. Enquanto ela me abraçava forte, chorava ao mesmo tempo. Eu podia lhe dizer para limpar as lágrimas e parar de chorar mas aquelas eram lágrimas de felicidade, se as de tristeza caiem sempre que querem, por que devemos limpar as de felicidade? Então abracei ela mais
forte ainda, e acredito que naquele momento os meus braços era o lugar mais seguro do mundo pra ela.
— Você conseguiu meu filho! — Disse ela. Parou de me abraçar e colocou a mão no meu rosto.— Você conseguiu minha pequena flecha.
— Obrigado mãe, mas eu ainda não consegui. Eu quero ser o melhor guerreiro da nossa aldeia, o vencedor do grande torneio Oxóssi. Só aí me sentirei realizado.
— Mas você já chegou muito longe filho. Devias estar orgulhoso.
— Chegar muito longe é igual ao “Quase” mãe. Eu não gosto do “Quase”, eu quase fui um filho óptimo, eu quase ajudei alguém, eu quase te fiz feliz. O quase não devia ser motivo de felicidade e sim de aprendemos onde falhamos e voltar a acertar. Neste torneio eu não quero quase vencer mãe, eu quero vencer.
— E você vai meu filho, você vai. Eu acredito em ti.
— Obrigado mãe.
—Nkatu! — Respondeu minha mãe.
Ela ficou a passar a mão no meu cabelo, em seguida chamou a Núbia e abraçou ela. Continuamos a conversar
até que por fim mais alguém se aproximou de nós.— Sikamene! — cumprimentou todo mundo, Era Rafiki.
— Sikamene! — respondemos todos menos a Núbia. Entendo que ela que não responder. Ela deve estar farta
de Rafiki, o que será que ele quer dessa vez? deve ser isso que passa na cabeça dela. Ele vai quer meter quem abaixo agora? Uma de nossas mães? Kellan? Ou eu? Imagino que seja isso que ela está a pensar. Ou talvez esteja imaginar enumeras formas de torturar ele. Mas ela não é assim tão
cruel. Deve só estar mesmo aborrecida.— O que você quer? — Perguntou Núbia em um tom rude.
— Eu só vim saber se vossas mães viram meu pai.
— Ninguém aqui é guarda do teu pai, ou é? — Perguntou Núbia.
— Mas em breve será meus, pois eu vou vencer esse torneio sua..
— Oh! — Gritou minha mãe. — Parem com isso crianças. Ficaram em silêncio os dois durantes alguns segundos.
— Rafiki seu pai está a caminho. Teve uma reunião entre o líder da aldeia e os demais membros do conselho, acredito que no meio do torneio eles estarão aqui.
— Muito obrigado. — Disse Rafiki se retirando do local. Ouvi mais alguém se aproximar ao mesmo tempo que
Rafiki saia de perto de nós.— Sikamene! — Cumprimentou Tau.
— Sikamene! — Respondeu nossas mães.
— Quem é o jovem? — Perguntou a mãe da Núbia.
— É namorado da Núbia, — respondi. Ela me golpeou com o cotovelo e eu comecei a rir.
— Kellan está a brincar mãe, ele é nosso amigo. — Respondeu a Núbia.
— Não estou não! — Respondi. — Eles vão até casar. — Núbia me golpeou com o cotovelo, dessa vez mais forte.
Voltei a rir.— Núbia o que se passa aqui? —Perguntou a mãe dela. — Deixa, não responde! — Ficou em silêncio um instante, presumo que ela estava a olhar para alguém.
— Quem é você meu jovem? — Perguntou a mãe da Núbia.
— Eu… eu… eu, eu. — Dizia Tau.— Nem sei se chamaria aquilo de falar
Comecei a rir sem parar. Ele enfrentou tigres no meio de uma floresta sem receio, mas na frente da mãe da miúda que ele tanto gosta o espírito guerreiro dele sumiu.— É brincadeira minha Tia. — Ele é nosso amigo. — Respondi ajudando Tau. Meu sorriso continuava estampado no rosto.
— Sendo assim é um prazer conhecer você. — Disse minha mãe.
— Axê senhora. — Disse Tau.
— Axê meu filho. — Responderam as duas. Ouvi passos do Tau ele vinha em minha direcção. Minha mãe e a mãe da Núbia estavam a dar sequência a conversa.
— Eu vou me vingar disso, — Disse Tau. Comecei a rir. Ele golpeou o meu ombro e em seguida riu comigo.
O tempo passava e de repente eu ouvi um som que fez meu coração dar um nó dentro do meu peito. Era o
som de uma trombeta.
— O torneio vai começar! — Gritou O instrutor Uzuma.
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KELLAN
Teen FictionEste livro é um Spin off de afro. não precisa ler afro para entender. Sinopse: Em uma aldeia África, um menino que nasceu cego sonha em ser o melhor guerreiro de sua aldeia. de duas em duas décadas é realizado um torneio "torneio Oxóssi" onde o venc...