KELLAN

UM ANO DEPOIS

O sol batia forte na minha pele. O mundo cheira a paz, vida e pureza. Estávamos diante de uma festa na aldeia. Dançávamos e riamos. Rafiki estava sentado no meu lado. Ele se tornou um dos meus melhores amigos, Junto com Ron. Tau e Núbia dançavam dentro da roda como um casal. Minha mãe cantava e encantava com sua voz divina e tornava a nossa tarde a mais bela de todas. Meu tio e Keita festejavam com todos, meus instrutores sorriam aos som do tambor e da dança, meu povo transbordava alegria e eu finalmente tinha uma estátua perto a de meus ancestrais. Toda essa felicidade acabou quando ouvimos as trombetas da aldeia tocarem forte. Ouvi barulho de cavalos entrarem em nossa aldeia.
Contei onze no total , Os cavalos pararam na nossa frente e um homem começou a falar:

— Líder da aldeia. Apresenta- se! — Ordenou o homem. Ouvi passos de meu tio se aproximar. Toda aldeia estava em silêncio, os batuques e as músicas pararam.

— Eu sou o líder da aldeia. — Disse meu tio.

— Meu nome é General Kwame sou general do exército do grande reino, venho em nome da rainha informar que o grande torneio Oxum se aproxima e estou aqui para levar o
guerreiro representante da aldeia para o reino até o dia do torneio.—Torneio Oxum era o torneio que juntava os guerreiros das sete aldeias espalhadas por África com objectivo de homenagear a orixá da água doce. O grande vencedor tinha como prémio barris de água para levar a sua aldeia.

—Para este ano as regras mudaram, a aldeia não escolherá o guerreiro pois a rainha exige que cada líder sacrifique um filho de sangue para o torneio. — A reacção dos aldeões foi de puro susto, pois Rafiki não poderia participar. Depois do torneio ele deixou de andar, sua perna já não conseguia ficar firme ao chão, ele morreria logo no primeiro dia.

—Meu filho não vai poder p… — dizia meu tio antes de eu o interromper.

— Eu vou! — Gritei. — eu sou o filho do líder da aldeia. Todos os aldeões começaram a se aproximar de mim. Colocaram as mãos em meu ombro e me desejaram um Axê. Rafiki me agradeceu por me oferecer no lugar dele e meu tio me disse que o mundo precisava de mais cópias minhas, minha mãe chamou por mim, mas não para dizer que acredita em mim ou para me impedir, ela já conhecia o seu filho. Ela me deu milhos e pequenas embalagens de água para eu levar na viagem. Um dos cavalos estava preso a uma carruagem. entrei nele e antes de darmos partida Núbia chamou por mim.

— Kellan! Uma vez você me disse que és um conjunto de sonhos. Qual é o teu novo sonho? — Coloquei um sorriso no rosto e respondi.

—Ver o outro lado.

Faz um bom tempo que saímos de minha aldeia. A carruagem está parada. Eu estava sentado na parte lateral de dentro dela, a minha frente tinha uma mesinha de frutas. Ouvi vozes de fora da carruagem.

— Desça e entra pra carruagem! —Ordenou o general kwame. — Você é surda miúda? Eu disse para desceres e
entrar na carruagem.

— Já vou! — Respondeu uma voz suave. Era uma voz feminina, ela entrou na carruagem e sentou no lado oposto do meu. Me concentrei para ouvir os batimentos do coração
dela. Era os batimentos do coração de uma pessoa simples e única. Sou fã de pessoas únicas.

— Olá. — Cumprimentei enquanto mantei os meus olhos fechados.

— Olá. — Ela respondeu. — Sua voz era como o som do mar e as ondas colidindo com a beira. Cada vez ela me parecia! ser mais única.

— Meu nome é Kellan. Estou a representar os guerreiros águia da aldeia 4.

— Meu nome é Afro. Estou a representar os guerreiros tigres da aldeia 1. — Afro. Um nome único, ela era o conjunto de coisas  únicas em uma só. Seu nome suava como uma resposta pra vida.

FIM