Passaram-se três dias desde aquele momento no muro. No dia seguinte ao ocorrido, fui ao chaveiro para que ele fizesse uma cópia que ficou pronta dois dias depois. Esperei o momento em que ambas estivéssemos sozinhas para que eu pudesse entregar a chave e conversar sobre o que quase aconteceu; sem testemunhas extras, sem dor de cabeça.
Mandei mensagem pra que ela me esperasse na porta do muro.
— Olha, eu sinto muit-
— Por que? — cortei.
— Me desculpa, eu não-
— Por que você me deixou naquele estado e foi embora? — minha voz saiu mais como uma criança ressentida por não ganhar o doce que queria.
— Que estado?
— Você sabe... — Virei o rosto pra olhar uma graminha que, de repente, me pareceu muito interessante.
— Eu estou deixando você naquele estado agora?
— Sim — minha resposta mais parecia um sussurro que foi o suficiente para ela.
Byul me puxou pra mais perto, esperou para ver se eu protestaria. Não protestei e ela finalmente me beijou. Não esperava que ela fosse tão delicada; a coisa mudou quando envolvi seu pescoço com meus braços. Parecia que que tinha ligado uma máquina na velocidade 1 e pulei pra 3 sem passar pelo 2. Eu não queria que ela parasse. Poderia ir pra velocidade 4, 5 , 6, que eu não me importaria, desde que não parasse.
Byul apertou uma das minhas nádegas. Um som que eu nunca tinha ouvido saiu da minha boca, o que a fez parar e eu tampar minha boca em choque.
Um gemido. Um dos altos. Praticamente no meio do quintal onde duas jovens vizinhas estavam sozinhas. Só uma vizinha fofoqueira seria o suficiente para arruinar nossas vidas.
Byul me puxou pro seu quarto. Era o mesmo em que a Gabriella dormia, mas estava completamente diferente, provando que as duas tinham personalidades bem diferentes. Byul trancou a porta, fechou a janela e as espessas cortinas. Em uma situação normal, eu perguntaria o motivo, teria feito mais observações do quarto, ou nem mesmo estaria lá com ela, mas nada importava. Eu queria mais. Eu queria a Byul naquele exato momento e era nítido que ela sentia o mesmo por mim.
Começamos a nos beijar em pé pra não perder tempo. Nos jogamos na cama: eu por baixo e ela por cima. Não sabia se era ela que não estava jogando seu peso sobre mim ou se ela que era leve mesmo, só sei que eu conseguia sentir seu corpo sem nenhum tipo de desconforto. Sua mão passeava pela lateral do meu corpo enquanto as minhas se focaram em sua cabeça porque seu cabelo estava solto e estava me dando sensação de claustrofobia, o que eu não precisava naquele momento.
Sua mão cansou de passear no meu corpo sobre a roupa e começou a deslizar pela minha pele; sua boca deslizava do meu pescoço para meu peito quando um suave "click" a fez parar. Inicialmente eu achei que era alguma parte do meu corpo que havia feito o som.
Byul correu para abrir a janela, destrancar a porta e abrir uma fresta. Acenou para que eu me recompusesse, pegou o celular, fone e compartilhou comigo. A segui com uma grande interrogação na cara, o que a fez sussurrar que depois ela me explicaria. Colocou uma música da sua playlist e dividiu o fone comigo. Segundos depois, uma voz feminina chamou pela Byul do andar inferior, da qual foi completamente ignorada.
— Você não vai lá?
— Melhor esperar até você ficar menos vermelha — riu.
Tentei focar na música que saia no fone para não pensar no fato de que estava vermelha acabasse mais vermelha ainda. Suaves passos de alguém subindo as escadas eram possíveis de serem ouvidos, e eu permaneci imóvel ouvindo a música.
— Você não ouviu eu te chamando? — a dona da voz socou a porta para que terminasse de abrir. Nós duas demos um pulo em resposta. — Ah, desculpa! Não sabia que tinha visita.
Seulgi era a filha do meio dos Moon. Ao contrário da mais velha, ela era muito comunicativa e sociável, tanto que me tratava como se fosse alguma velha conhecida que não via há tempos e precisava colocar o papo em dia. Não sei se ela percebeu e não quis comentar ou se realmente não suspeitava o que havia acontecido entre eu e Byul antes dela entrar, mas passamos o resto do dia conversando. A mais velha não transpareceu, mas achei ter visto um pingo de decepção no rosto dela pela chegada da do meio.
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A casa 44
FanfictionA melhor amiga de Yongsun desaparece com sua família após enviar mensagens e áudios sem muitas explicações para seu aplicativo de mensagens instantâneas. Tempos depois, novos vizinhos se mudam para a casa que estava vazia e um rapaz desconhecido cha...