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Byulyi não me deu sinal de vida por 5 dias. Yonghee não pegou no meu pé por 5 dias. Minha cicatriz sobre a Gabriella começou a coçar, abrindo um pequeno corte que não doía, mas ardia. O medo do filme se repetir agora que estava próxima a alguém novamente me consumia. Eu me importava com Byul tanto quanto me importei com Gabriella; pensar que ela poderia partir e que eu acabaria "sozinha" começava a me destruir.

O que me confortava era ver o online no status da Byul, ao contrário da Gabriella que continuava offline. O afastamento repentino da Byul me fez procurar algum rastro da existência da primeira a sumir, o que foi em vão. A conversa antes arquivada, estava destacada como principal agora.

No sexto dia, saí de casa pra dar uma volta e encontrei Byul fazendo a rota à sua casa. Nossos olhos se encontraram, mas ela desviou quase que imediatamente. Segui como se não tivesse percebido, mas aquilo havia me ferido e a cicatriz que estava um leve corte se transformou numa apunhalada.

Na manhã do 15º dia, resolvi dar um basta. Enviei uma mensagem para Byul para que conversássemos. Não poderia lidar com aquele silêncio e indiferença mais.

Levou umas duas horas até ela responder que eu poderia ir na casa dela, mas pediu para que eu a chamasse na porta principal. Não questionei, mas estranhei tamanha formalidade.

Quando abriu o portão, estava séria, como se eu fosse alguma pessoa inconveniente que bateu em seu portão às 7 da manhã de um domingo. Sem dizer nada, me deu passagem para entrar, fechou o portão e me levou para um cômodo que na época da Gabriella era um quartinho de despejo. Agora mais parecia um quarto do pânico, sem janelas, bem iluminado e incrivelmente bem ventilado. Entramos e ela trancou a porta.

Uma pequena parte de mim estava em pânico. Que pessoa normal te levaria para um quarto sem rotas de fuga para conversar? E ainda tranca a porta?

— Por que estamos aqui?

— Me diga você — aquilo era um tom de leve irritação?

— Não me referia ao assunto. Tô falando do lugar mesmo.

— Aqui ninguém pode ouvir — nesse momento, meu cérebro estava gritando "CORRE, BERG!"; meus divertidamente estavam correndo de um lado para o outro enquanto uma sirene de alerta vermelho soava. — Enfim, o que houve?

— Por que está me evitando? O que foi que eu fiz?

Resolvi soltar a bomba de uma vez. Se fosse para eu morrer, ela teria que ouvir tudo o que me incomodava até aquele momento e teria que saber como eu me sentia, menos a parte em que eu estava em pânico naquele quarto.

Byul ouviu tudo silenciosamente. Quando terminei, já estava pronta para o golpe final até que ela suspirou, passou uma das mãos na nuca e olhou para longe. Estava claro que ela estava lutando contra si.

— Tá — disse por fim. — Promete não contar para ninguém?

— Sou péssima para mentir, não para guardar segredos. — Não era mentira. Eu realmente sou boa para guardar segredo. Prova disso é que ninguém além de nós sabia que havíamos nos beijado.

— Ok. Eu trabalho como coreógrafa. Eu assinei um contrato que eu garanto que toda coreografia que eu criada por mim será mantida em segredo até que seja usada pela pessoa ou grupo destinado a executar ela. Até o fato de que eu sou coreógrafa deve ser mantida em segredo, então... — Levantou as sobrancelhas como se exigisse que eu entendesse o peso de me contar aquilo e que eu não contasse nem pro meu diário.

— Então... — comecei lentamente a processar meus pensamentos em voz alta. — Você é coreógrafa.

— Sim — respondeu acompanhando minha linha de pensamento.

— Tem que manter tudo em segredo?

— Sim...

— E você sumiu esses dias porque... Estava trabalhando numa coreografia ultra secreta...

— Sim.

— Mas ainda não explica porque você me ignorou aquele dia na rua.

— Ah... — Voltou a coçar a nuca, envergonhada. — Aquele dia? Eu sabia que você iria conversar comigo e eu tava um pouco ocupada. Desculpa.

— Só por isso? — Suspirei para que a calma tentasse voltar ao meu corpo. — Ok, agora me explica por que estamos aqui.

— Aqui é a prova de som.

— Sério? — Olhei em volta e percebi que era tudo acolchoado. Estava tão assustada por ser tudo branco e sem janela que não me toquei desse detalhe.

— Sim. Meu quarto também é, mas como eu suspeitava que a gente teria essa conversa e que seus agudos são bem potentes, achei que aqui seria melhor porque o isolamento é melhor.

Levei a história dos agudos como elogio. Não vi nenhum indício de que ela mentia para mim. As dúvidas se dissiparam, trazendo leveza ao meu corpo. Um sorriso automático brotou em meu rosto e parece que serviu como imã de Byul.

Ela se aproximou de mim, me abraçando de frente. Seus olhos focavam na minha boca, mas não agia. Dessa vez, eu que encurtei a distância. Seus lábios pareciam estar com saudades dos meus; Byul me prensou contra a parede acolchoada que eu agradeci por não ser tão gelada. Ela me ergueu para que minhas pernas se prendessem em sua cintura. Se eu não estivesse tão envolvida em seus lábios em meu pescoço, ficaria impressionada com a facilidade que ela teve para me erguer.

Dei leves arranhadas em suas costas, o que parecia que havia soltado o monstro da gaiola. Ela me desceu e tirou minha blusa. Tentei fazer o mesmo, mas ela foi mais ágil e retirou a própria camisa. Tirou meu sutiã com tanta facilidade que eu fiquei impressionada; infelizmente não posso dizer o mesmo de mim porque ela estava usando um top de ginástica. Se não fosse por ela tirar, eu consideraria pegar uma tesoura para cortar aquilo. Na hora de tirar as calças, dessa vez Byul teve dificuldade com a minha por ter 3 botões e eu tirei as dela num piscar de olhos.

Meu corpo foi todo carimbado pelos seus lábios que, por sorte, só eu saberia disso. Já o dela, quem nos visse naquele momento saberia ao ver meu gloss com brilho.

Em minha defesa, se eu tivesse imaginado que algo tão maravilhoso assim pudesse acontecer, eu não teria usado nem mesmo aquela calça e a calcinha confortável. Tudo seria diferente, mas não tenho nada do que reclamar.

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