Letter.

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William's POV

Segunda-feira, 24 de setembro de 1945 - 05:02 AM

Eu não consegui pregar os meus olhos durante toda a noite, não depois de ouvir as palavras de Laurie durante a conversa com Lucile no segundo andar.

Eu ouvi tudo, todas as palavras de ambas. Tive que chorar em silêncio e tentar conter os soluços para que elas não me notassem no corredor as espionando.

Não sei dizer qual das duas me deixou mais chateado. Laurie disse que iria sair as escondidas com as crianças e Lucile já sabia que Styles e Morrison estavam na cidade e não me disse nada, ela mentiu na minha cara e me fez de bobo.

As duas me fizeram de idiota dentro da minha própria casa.

No momento estou na cozinha terminando de fazer o café da manhã. Se ela achava que eu iria ficar dormindo enquanto ela leva os meus filhos para longe de mim ela está bem enganada!

Embora seja a minha vontade, eu não posso manter ela trancada aqui, mas ela também não pode levar os meus filhos sem a minha autorização. Ela pode ir se quiser, mas as crianças ficam.

Terminei de passar o café e vi uma sobra na escada. Ela estava parada no último degrau e parecia surpresa ao me ver ali. Ela já estava até mesmo arrumada.

- Bom dia, Laurie! - Disse colocando o pano de prato nos meus ombros depois de preparar a mesa. - Acordou cedo hoje, é algum compromisso que eu não esteja sabendo? - Perguntei deixando todo o veneno irônico transbordar por minha boca.

Ela respirou fundo.

- Você não tinha nada mais para fazer ao invés de ficar de tocaia e ouvindo a conversa dos outros?! - Eu ri incrédulo.

- Você pode ir para onde quiser, mas não vai levar os meus filhos. - Ela passou as mãos nos cabelos.

- Eles não são os seus filhos, William! - Eu travei o maxilar. - O que? gostou de ouvir?! Bom, eu sinto muitíssimo, mas quem fala o que quer, escuta o que não quer! - Eu neguei com a cabeça.

- Laurie, eu sinceramente já estou cansado, está bem?! Se quer ir embora, então vá logo de uma vez, eu não vou mais implorar para que fique comigo. Estou ciente que fiz tudo que estava ao meu alcance para que você me desse ao menos uma chance, mas você nunca se abriu para mim e mesmo não entendendo posso tentar esquecê-la. Agora o que eu não posso esquecer são essas crianças, eu não vou permitir que você os leve embora para a Inglaterra ou seja lá para onde! Eu também sou o responsável legal por eles e eles não sairão dessa casa se depender de mim! - Aumentei o meu tom de voz sem me preocupar o mínimo com quem pudesse escutar ou não.

- Isso é uma ameaça? - Ela perguntou.

- No momento é um apenas um pedido, um aviso. Como eu disse, você pode ir, só não os leve para longe de mim, isso eu não permitirei. - Ela me encarou por alguns segundos e puxou uma cadeira para se sentar.

- Não sei se ouviu direito, mas ele disse que não quer me ver mais. - Ela murmurou e eu respirei fundo antes de me sentar ao seu lado.

- Então por que está indo o procurar? - Perguntei sem entender.

- Porque independente de haver ou não algo entre nós, um relacionamento ou não, há algo meu que sempre será dele também. Thomas sempre será uma parte de nós dois, não há nada que possa mudar isso, Will. - Eu senti o meu coração doer ainda mais ao ouvir suas palavras.

Era péssimo não poder negar ou lutar contra isso, era a verdade.

- Eu sinto que sou um maldito gravador ao ficar repetindo isso sempre, mas você precisa entender que não é o pai deles, Will! Se você tivesse tido um filho uma ex namorada e ela não contasse nada, como iria se sentir ao nem imaginar que outro homem cria o seu filho sem ao menos você saber?! - Ela me olhou nos olhos e eu abaixei a cabeça. - Foi o que eu pensei! - Ela se levantou outra vez e começou a caminhar em direção as escadas me deixando sozinho na cozinha.

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