•••Acredito que seja interessante situar nosso relato, que nesta história, é ambientado no rio Caruaquinha do município de Breves, o mesmo já foi citado em outras histórias. Porém, me sinto na obrigação de falar um pouco mais sobre o lugar a qual ela é contextualizada. Como já citei em alguns momentos, nosso Marajó é repleto de belezas naturais, de rios e uma rica floresta. Aqui existem inúmeros rios que podemos especificar como extensões de grande porte e outros; extensões desses mesmos rios, que podemos classificar como de pequeno porte. Ou seja, o rio Caruaquinha é uma extensão do rio Caruaca que é um rio extenso e gigantesco. Ele, apesar de ser pequeno, é enorme e rico em diversidade. É habitado por poucos moradores da região e um dos fatos que chama atenção do lugar, é que nele existe um cemitério muito antigo, acredito que já está ali há muitas gerações, localizado próximo a casa da tia Jacira (a personagem dessa história), em um pequeno córrego cercado pela mata e de tudo aquilo que a rodeia.
Os lugares, objetos, pessoas, carregam consigo o peso de seus ancenstrais, suas tradições e suas histórias são suas marcas. São tudo aquilo de mais real e autêntico que sobreviveu ao tempo. E por nossas tradições, o cemitério é um lugar, cuja história é cercada por mistérios sobrenaturais e fantasmagóricos. Muitas histórias norteiam o imaginário popular de nossa cidade, e essa é mais uma originária e relatada por nossos ribeirinhos.
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O rio estava calmo, e naquela manhã tia Jacira recolhia os matapís carregados de camarões que havia deixado no outro dia às margens dos igarapés. A maré estava baixa e o grande mururé cercava a beira do rio, enquanto o tucunaré batia os peixes no remanso da maré. Ela recolheu todos na canoa e voltou para casa. Sua casa ficava próximo de onde estava. Era uma casa simples de madeira, sua cozinha foi construída em cima do rio e ao lado da cozinha havia uma pequena árvore de mangueira. O sítio era grande e cheio de árvores frutíferas, tia Ana morava com seu marido e seus dois filhos pequenos. No lugar havia um campo de futebol feito de moinha de madeira algo bem característico da nossa região.
Enormes árvores e uma pequena serraria caracterizavam o sítio. Ao lado da serraria passava uma baixinha (que é um rio estreito e pequeno), nele descia uma rampa própria para o estivo da madeira e onde rendia uma boa pescaria.
Muitas são as histórias contadas pelos moradores daquele rio. Uma delas, é uma lenda muito fantasiosa, contada por gerações, que dizem que na frente da casa da Tia Jacira existe um ser encantado que mora embaixo do barranco enorme que fica na enseada. Segundo os moradores mais antigos, ele já havia sido avistado algumas vezes tentando pegar crianças que tomavam banho ali próximo. Não se sabe ao certo se de fato, isso aconteceu, contudo, é uma lenda que perdurou até os tempos atuais e mostra o quanto o lugar por si só, já trás um mistério desde sua origem.
Tia Jacira, sempre que podia nos contava lendas, histórias e alguns mitos daquele rio. No entanto, o relato desta história foi real e vivido pela minha tia em uma das vezes que foi colocar os matapís ( algo rotineiro). Ela conta que numa tarde bastante silenciosa saiu de sua casa em uma pequena canoa e com leves remadas seguiu rio abaixo. Sua canoa ia empilhada de matapís, enquanto o sol estava quase se pondo. Na dobrada do rio, ela avistou ao longe um senhor em uma canoa. Aparentemente era um idoso, que tinha suas vestes gastas e usava um chapéu de palha em sua cabeça. Ele remava como se estivesse indo, e sua localização era próxima ao cemitério. Ela achou estranho naquele horário um senhor estar remando por aquelas bandas (lugares), já que pelo seu conhecimento a partir de sua casa só havia um morador de idade. E pelas características do visitante, não era a mesma pessoa. Logo viu, que aquele senhor de idade remava em direção ao cemitério e como num piscar de olhos, ele desapareceu. Tia Jacira, assustada, os pêlos dos braços eriçados, benzeu-se com o sinal da cruz. Sabia, que naquele momento, o senhor era uma aparição fantasmagórica. Provavelmente, alguém que já havia falecido há muito tempo e como moradora do recinto, era mais comum do que se imaginava, ter algum contato paranormal ou alguma visão de fantasmas por ali.
Minha tia afirma, que é mais comum do que parece as aparições de fantasma lá por essas bandas. Essa não era a primeira e nem seria a última vez que um evento sobrenatural aconteceria por lá, já que os anos vão passando, novas gerações vão nascendo e situações como essa são cada vez mais comuns para os moradores da região.
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♡ passando pra atualizar esse livro, eaí bebês, gostaram da história? De longe é a mais assustadora, porém, toda boa história merece ser lembrada e passada para as próximas gerações😉
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Histórias De Visagens (Em Andamento)
TerrorCada pessoa carrega consigo uma carga de experiências vividas em algumas situações não muito comuns. Há quem diga que fantasmas, espíritos e demônios não existam. Será mesmo? Você nunca sentiu um calafrio em lugares bizarros, assombrosos ou até mesm...