- Tô dizendo. O planeta não taria ferrado de tanta gente se não fosse por causa do povinho daqueles dois. Só sabem fazer criança pra espalhar pelo mundo. E ainda tem quem faça em dobro! Se expulsassem os imigrantes do país, é óbvio que não seria necessário a Absolvição, e nós não estaríamos aqui.
Ainda estava claro. Os oito delinquentes que haviam acabado de deixar a nomeação tentaram abrir seus olhos, mas era difícil de enxergar algo, devido à forte luz que acabara de devorá-los. Mesmo com eles fechados, parecia que a estavam encarando. Se sentiam como se tivessem passado horas em um quarto escuro, escasso de qualquer fonte de luminosidade, e então, de repente, alguém surgiu, colocando o próprio sol diante de seus rostos. Conseguiam escutar uma voz masculina de fundo, gritando algo que não parecia nada tranquilizante. Uma forçada nas pálpebras, mandando-as sair do caminho, e os olhos voltaram a ver, com grande dificuldade. Estava tudo embaçado. Figuras sem forma eram vistas se movendo, em uma área aparentemente grande. Aos poucos, tudo ganhou foco, e os delinquentes perceberam onde estavam.
- Chegou mais gente! Olhem ali! – uma voz feminina, suave, indicou a presença de novas pessoas.
Assim que a visão voltou a fazer sentido, os recém-chegados notaram um grupo de jovens se direcionando a eles. Alguns com um olhar de curiosidade, enquanto outros, de desconfiança.
- Ótimo! Mais gente que foi condenada por causa dos japinhas – a voz era reconhecível, conseguiam dizer ser a mesma da pessoa que falara quando entraram no lugar.
- Continua com esse teu discurso xenofóbico que a gente acaba contigo, entendeu? - um jovem asiático, de descendência coreana, com um olhar irritado, direcionou sua fala ao garoto que falou anteriormente.
"Mais seis pessoas? Teremos que competir com esse tanto de gente?" – Ino pensou, enquanto fitava os novos rostos que o encaravam. – "Só tenho chance se eles se matarem e esquecerem que eu existo, talvez a melhor estratégia aqui seja tentar atrair o mínimo de atenção possível"
- Cacete, uma criança! – o jovem asiático chamou atenção para Ino, mas sua voz vinha de uma direção diferente da de onde havia falado anteriormente. Estranhando isso, foi quando os novos delinquentes perceberam que não se tratava de teletransporte, e sim que haviam dois garotos idênticos. Eram gêmeos.
"Gêmeos? Mas... isso não é possível. É proibido que qualquer pessoa tenha mais de um filho ao mesmo tempo"
- Eu sei, eu sei. Vocês devem estar pensando que é impossível existirem gêmeos, né. Mas é exatamente por isso que estamos aqui. Nossos pais conseguiram esconder o fato de terem tido gêmeos, por serem médicos, e vivemos sem ninguém descobrir nosso segredo. Bom... até esse mês.
- Caz, porra, cala a boca. Não é para sair contando a nossa história para qualquer pessoa aqui. Não lembra do que aquele interrogador disse? – o gêmeo que antes havia confrontado o garoto xenofóbico, apelidado de "Kraken", interrompeu seu irmão.
Os irmãos gêmeos possuíam algo que distinguia, facilmente, um do outro: sua personalidade. Foi visível pela breve fala dos dois de que "Primo" era o mais preocupado e cético, naquele cenário, enquanto "Caz" tentava tratar a situação com tranquilidade. Além da aparência idêntica, outra coisa similar entre os dois era a cor dos detalhes de seus uniformes. Ambos vestiam verde.
- É... cê tá certo. Mas, enfim... UMA CRIANÇA! – Caz tornou ao assunto que antes tentara abordar, jogando suas mãos abertas na direção de Ino, que se incomodou.
- Não pensei que ia ver ninguém mais novo que eu aqui – a menina com apelido de "Júpiter", responsável por anunciar a chegada dos novos delinquentes, comentou.
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Sete Fases
Science FictionTodos os menores de idade que cometem um crime são enviados à Absolvição, onde precisam fazer o que podem para sobreviver sete desafios, que os separam de uma possível liberdade. Nesse futuro distópico, um garoto de 12 anos é acusado de algo (que e...