- Aquário? – Wish ecoou o que escutara, receosa, e Hope a fitou, sabendo o motivo de sua inquietação.
- Não precisa ficar com medo, Wish. Eu te protejo do que quer que aconteça, tá bom? – Hope acalmou sua amiga, ciente de sua hidrofobia.
Primo, tanto quanto Wish, temia o que lhe seria apresentado ao cruzar o portal. Aprendeu a nadar após inúmeras aulas falhas de seu pai, que já perdera as esperanças quando, finalmente, conseguiu boiar na água. Sua experiência traumática, na piscina de uma pousada, quando Caz o salvou de se afogar, o deixara com medo de que algo parecido se repetisse alguma vez. Por isso, conseguiu motivação o suficiente para saber o mínimo para não se afogar, mas nem perto do necessário para sobreviver em uma situação de perigo. O mais recente evento envolvido com água, onde sentiu seu espírito deixar seu corpo, quando Ares tentara o matar no rio, também deixara resquícios de um trauma por aquele elemento.
Ino estava na mesma situação. Começou a se apavorar com uma possível morte naquela fase, apreensivo por ter sempre gazeado as aulas de natação de seu colégio, devido um de seus colegas de classe o ter empurrado na piscina quando ainda não sabia nadar.
"Morrer afogado não me parece ser nada tranquilizante. Morrer não é tranquilizante de nenhuma forma, mas, se afogar, tendo litros e litros de água entrando no seu corpo, sem oxigênio e sem saída, é mais incomodador do que outras formas. Queimar até a morte também parece ter o mesmo nível de horrorosidade, se isso sequer é uma palavra. Só que... eu nem sei como vai ser essa fase, então... pensamento positivo, Ino. Vai dar tudo certo. Eu sei que vai. Tem que dar" – Ino refletiu, com suas mãos suadas, e Lobo o notou.
- Relaxa, menino – tentou tranquilizar. – Já passamos por coisa pior. Armadilhas, cipós vivos, alucinações? Nada disso é páreo pra nós. Nos mantemos juntos, e vai ser só mais um desafio derrotado, como eu te prometi.
- Tomara – Ino torceu, e sorriu para Lobo, que o apoiou com uma mão no ombro, o puxando para um abraço longo e sossegador.
Em segundos, já haviam todos adentrado a quarta fase e sido surpreendidos pelo que ninguém esperava: não estavam mais juntos. Cada delinquente separado de outro, em salas divergentes, com vitrines no lugar de paredes, que expunham o exterior daquele claustrofóbico local.
Dentro, distintos cômodos com distintos objetos. Fora, apenas água. Um imenso oceano azul claro cercava aqueles aquários, onde os jovens se localizavam como peixes aprisionados. A limpidez e clareza da água externa era, de certa forma, confortante. Sua harmonia atraía a atenção de qualquer um, mas, ela não era o suficiente para tranquilizar quem estava naquelas câmaras de vidro, que se incomodavam com a paranoia de que aquelas paredes poderiam ceder a qualquer momento.
Olhando para cima, não era possível ver nada além de mais e mais água, o que os colocava infinitos metros abaixo da superfície, porém, poderia se dizer ser dia, novamente, devido a claridade que parecia vir de um suposto sol acima de tudo.
Sozinhos e sem instruções do que fazer, os delinquentes foram maravilhados quando a voz da Absolvição surgiu, pela primeira vez, durante a execução de uma fase.
- ATENÇÃO! – emergiu, assustando alguns pelo inesperado acontecimento. – Para concluir a fase que se encontram, é necessário desvendar o crime cometido por um delinquente ainda vivo que lhe foi sorteado. O aquário que estão será completamente preenchido por água, apenas parando com a resolução do caso pelo indivíduo. Cada elemento presente é de suma importância. Agora, com tudo esclarecido, que a reconstituição se inicie – quando finalizou sua explicação, luzes apareceram tomando conta de todos os cômodos que os delinquentes se encontravam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sete Fases
Научная фантастикаTodos os menores de idade que cometem um crime são enviados à Absolvição, onde precisam fazer o que podem para sobreviver sete desafios, que os separam de uma possível liberdade. Nesse futuro distópico, um garoto de 12 anos é acusado de algo (que e...