13: Sua marca na Terra

44 13 60
                                    

Kant foi o primeiro a atravessar o portal de conclusão, e, assim que seus olhos conseguiram voltar a enxergar, após o forte claro dos feixes de luz lhe deixarem, notou ter retornado para a sala de preparação.

Aos olhos do delinquente, ela era completamente idêntica. Tinha as mesmas cores, o mesmo tapete, o mesmo portal, e os mesmos sofás, posicionados nos mesmos lugares. Mas havia pequenas mudanças, como a ausência de todos os objetos deixados para trás, o buraco no encosto de um sofá, resultante do ataque de Primo a Ares, e a atração diferencial do local.

Ainda no centro do cômodo, uma maquete era suspensa por uma grande extensão quadrada do tapete preto, que formava um cubo perfeito no chão. Se posicionava logo acima dele, ficando na altura da barriga de Kant, e, tal como a sua antecessora, era uma réplica, em menor escala, da fase atual.

Uma grande floresta, cercada por muros de pedra, e coberta pelos galhos e folhas de suas próprias árvores, era representada na maquete. No lado oeste, um rio comprido era o único lugar descoberto. No Leste, havia uma discreta ladeira escondida, e no Norte, a caverna, que servia tanto como entrada quanto saída da fase.

Os minúsculos hologramas continuavam existindo, sendo os azuis, naquele modelo, substituídos das armadilhas para as mochilas de auxílio, espalhadas por toda a área.

Kant não teve tempo de se acomodar em um sofá, antes da aparição de Ino, cabisbaixo, seguido de Dama, Lobo e Cabrón. Os quatro recém-chegados foram ver a fase em miniatura, e observaram a existência dos nove delinquentes ainda vivos, em busca do portal de saída, que apenas permitia a travessia de mais oito, o que significava a morte eminente de, pelo menos, mais um jovem.

Demorou alguns minutos para dois adolescentes, um representado por vermelho, mais na frente, e outro por laranja, logo atrás, se aproximarem do portal, e o cruzarem, aparecendo, pessoalmente, para aqueles que os observavam como deuses.

V foi o primeiro a surgir, e a expressão de todos mudou. O delinquente parou, diante do portal, que se apagou e acendeu, no mesmo segundo, cuspindo Kraken em sua direção. Caiu de costas no chão, com Kraken em cima de seu corpo, preparado para lhe espancar, sem notar a presença de mais pessoas naquela sala, mas nem chegou a ser tocado, por Cabrón segurar o braço de seu agressor, pelo pulso, e o puxar para trás, o empurrando e largando no chão, o que o fez perceber não estar sozinho ali.

Kraken estava não apenas acompanhado de mais pessoas, como da maioria de seus inimigos, completamente abandonado, sem a presença de qualquer aliado, o que o deixava exposto e temeroso. A única coisa que o acalmava era o fato de pensar ser improvável que qualquer um ali fosse lhe matar, a sangue frio, na frente das duas crianças, coisa que ele faria sem nenhuma hesitação.

- Que tal você ficar longe da gente? – Cabrón, ao retirar seu facão da mochila, advertiu, e Kraken se afastou, recuando, até bater as costas em uma parede, expressando a raiva que sempre sentia, de forma exuberante.

Kraken sabia quando precisava se manter quieto, para não colocar a própria vida em risco, e, durante esses momentos, apenas imaginava, repetidamente, quando fosse se vingar de quem o irritara. Torcia para que Orion, com sua pistola carregada, retornasse logo, e a usasse para amedrontar Cabrón.

- Sem seus amiguinhos você fica pianinho, né? – Lobo provocou Kraken, e V, ainda caído, o olhou, de baixo para cima, ressentido.

Cabrón esticou a mão livre para V, com a intenção de ajudá-lo, e ele a agarrou, se colocando de pé, então dirigiu-se até a maquete, sem ao menos olhar para Lobo.

- Pensamos que você tinha morrido – Ino contou, no momento da aproximação de V. – "Será que eu deveria ter puxado assunto? Normalmente quando tento com ele não funciona muito bem, e agora, com esse rosto irritado, parece tá pronto para me dar um fora bem desrespeitoso"

Sete FasesOnde histórias criam vida. Descubra agora