Uma luz branca forte e cintilante iluminava uma espaçosa sala aparentemente confortável, com detalhes azuis em suas paredes alaranjadas, sofás vermelhos e amarelos espalhados aleatoriamente pelo aposento, sob um tapete preto que cobria todo o chão do lugar, e, no centro daquela área perfeitamente quadrada, uma ampla maquete de algo familiar.
Da origem que clareava tudo ao redor, dois delinquentes, algemados, adentraram a sala, indelicadamente, sendo os primeiros a deixarem o labirinto.
- É isso? – V perguntou, ao ar, por esperar que sua dupla ainda continuasse o ignorando. – Acabamos a primeira fase?
- Acho que sim – surpreendentemente, Hope respondeu, sem muita alegria.
Os dois olharam para trás, analisando de onde vieram, e notaram um largo portal, que se esticava do chão até o teto, com o que parecia ser o mesmo material do tapete preto cercando fortes feixes de luz, que brilhavam majestosamente, até pararem e desaparecerem.
Com a luz apagada, foi revelado mais da mesma parede laranja atrás, porém, a sala continuou muito bem iluminada, apesar de ser impossível dizer por onde.
- O que é aquilo? – V se questionou, ao se aproximar, puxando Hope, para o elemento mais em destaque de onde estava.
V e Hope fitaram uma maquete posicionada no centro do cômodo, e reconheceram como sendo uma réplica perfeita, e em óbvia menor escala, da primeira fase. Era um enorme labirinto, com paredes gigantes, corredores estreitos e extensos, muitos levando a lugar nenhum, e, em sua extremidade direita, uma parede menor que as outras. No lugar das picaretas, no fundo da parede de escalada, havia duas chaves, presas juntas, que foram pegas por V, no momento em que as notou.
- Nunca esperei tanto por esse momento – disse V, no instante que encaixou a chave na minúscula fechadura de sua algema, abrindo as argolas, e libertando-se de Hope.
Ali, visto de cima, era explícito os cipós guiando a saída, por corredores que não tinham nenhum sinal de armadilhas.
- Isso é o que tô pensando? – Hope soltou, enquanto aproximava o próprio rosto da maquete, e V, que já estava se afastando, retornou, curioso, seguindo seu olhar.
Hope encarava um pequeno borrão colorido, parecido com um holograma, que se movia pelo labirinto, sem seguir uma lógica constante nos caminhos que escolhia. Com um pouco mais de atenção, era notável se tratar de, não apenas uma, mas duas projeções juntas.
- São eles – V afirmou, ainda observando as humildes figuras holográficas que percorriam o labirinto, na tentativa de reconhecer algum rosto. – São os outros de nós.
Percebia-se que as cores que se mexiam simbolizavam o uniforme dos delinquentes, tendo alguns brilhos vermelhos, amarelos, verdes e outros laranjas por toda a maquete.
- Wish está de amarelo, então ela só pode ser essa – deduziu Hope, apontando para o único holograma completamente amarelo, que se encontrava longe de onde estava a saída. – Merda, tem tantos na frente dela...
V, que continuava observando o labirinto em miniatura, notou certos hologramas azuis, imóveis, espalhados por todo ele. Em um dos corredores, duas luzes, uma verde e outra amarela, se encontraram com um dos azuis, e desapareceram, o inquietando. Hope desgrudou seu olhar do modelo da primeira fase, e o fixou no jovem ao seu lado.
- Você é um idiota – expressou Hope, e V, lentamente, lhe olhou, torcendo para que ela não o perturbasse novamente. – Deveríamos ter ficado do lado de fora do portal, como eu prometi pra Wish.
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Sete Fases
Science FictionTodos os menores de idade que cometem um crime são enviados à Absolvição, onde precisam fazer o que podem para sobreviver sete desafios, que os separam de uma possível liberdade. Nesse futuro distópico, um garoto de 12 anos é acusado de algo (que e...