16: Os laços que não deveriam existir

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Wish, após ser empurrada por Hope, forçando-a a deixar o cemitério sem sua concessão, reparou ter retornado para a sala de preparação.

Uma fiel cópia do lugar que se acomodara em todos os momentos pós fase a rodeava novamente, sem qualquer resquício dos objetos deixados para trás pelos delinquentes, e, como conferido por ela e sua amiga há poucos segundos, compartilhava o espaço com uma pessoa.

- Que merda, – Kraken reclamou. – pensei que todos tinham morrido e só eu tinha conseguido passar.

Wish se manteve calada, ainda em choque pela atitude de Hope, que admirava, mas, ao mesmo tempo, repudiava.

- Por que estão demorando tanto? – Kraken questionou, sem entender o motivo da ampla diferença de tempo entre a sua travessia e a da recém-chegada.

- A névoa... ela fez todo mundo se perder – Wish explicou, de olhos vidrados no portal, que não se acendia para avisar a chegada de Hope. – Droga... ela deve ter voltado pra buscar a Faith – teorizou, e se lembrou do que poderia usar para conferir tal pensamento.

Wish se virou e correu até o centro do cômodo, onde parou diante da maquete da terceira fase, que exibia as quatro longas paredes rochosas cercando o melancólico cemitério.

Hologramas de diferentes cores se movimentavam em áreas divergentes, com exceção da cor azul, antes vista representando as armadilhas, e, depois, as mochilas, mas, ali, não mais presente.

A adolescente buscou pela representação de suas amigas, e encontrou um holograma vermelho junto de um amarelo, porém, duvidou que pudessem ser os Hope e Faith.

Então, subitamente, um holograma azul surgiu, se materializando perante um de cor verde, que seguiu adiante e apareceu, fisicamente, na sala de preparação.

Primo se encontrou como um dos primeiros a concluir a fase, e ver Kraken ali não o satisfez, mas o fez pensar que isso significava que Ares estava sozinho, o que era algo agradável de se ter em mente.

- Onde estão suas amigas? – Primo, preocupado, perguntou para Wish, ao se juntar a ela.

- Ainda presas lá dentro – Wish contou, ansiosa.

- Bom, elas conseguem se virar, né?

- Eu espero... ei, – chamou, buscando sanar uma dúvida. – como você chegou aqui?

- O portal... ele apareceu do nada na minha frente. Eu só o atravessei.

- É, foi como aconteceu comigo também. Parecia não ter nada ao meu redor, e então... puff! Brotou de repente.

- Na verdade, comigo não foi tão de repente, porque... eu estava... vendo o Caz.

- Seu irmão? – questionou, notando uma certa semelhança do que Primo descreveu com o que vivenciara.

- Sim, ele simplesmente apareceu e começou a me falar umas coisas... sobre ir com ele e... eu soube que aquilo era falso, então o ignorei e vim parar aqui.

- Comigo também foi assim. Eu vi o meu namorado... digo, ex-namorado, no corpo de Hope, então o confrontei e percebi que não era ele de verdade ali.

- Talvez seja isso que desbloqueie o portal individu... – Primo teve sua explicação interrompida quando, impercebível para ele e Wish, um holograma azul se apresentou para um novo delinquente, e o direcionou até a sala de preparação.

Ares mostrou-se como o mais novo a concluir a fase, e todos que observaram sua chegada sentiram desgosto pelo evento.

- Sinto muito – Wish sussurrou para Primo, sabendo que a aparição de Ares o desagradara mais que qualquer um.

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