Temos nosso próprio tempo!

82 8 2
                                    

" Porventura tem a amizade um coração tão fraco, que numa noite ou pouco mais se muda? "

(William Shakespeare)

( Domingo / 16:22)

- Tem certeza de que não quer que eu faça isso?

- Ei... eu sou perfeitamente capaz de fazer isso.

- Amor, você não precisa ...arghhhhh... acho que vou vomitar.

Parei de passar álcool nos azulejos e me aproximei para ver qual era o objeto misterioso que havia entupido a privada. Depois da conversa sincera com Sebastian, tomamos rapidamente um café, depois ele cuidou do meu olho e logo em seguida ligou para Noora que tinha ido dormir na casa do William.

Sebastian parecia realmente uma pessoa muito good vibes, mas usou de firmeza com a amiga exigindo sua presença ali para limpar toda aquela bagunça, que não era justo que ele, que não tinha nada a ver com este grupo de teatro, limpasse tudo sozinho enquanto ela desfrutava de uma bela cama king size na companhia de um bofe gostoso, saboreando um magnífico café da manhã 5 estrelas, enquanto ele tinha que se virar sozinho naquele campo de batalha.

Estávamos ainda juntando as garrafas na sala, quando Noora entrou na sala toda resplandecente com um William com a cara amarrotada à reboque. Olhando-o agora, trabalhando com afinco com o desentupidor no vaso sanitário, pondero sobre os milagres do amor, pois nem nos meus sonhos mais surreais, poderia imaginar aquele playboy metido a bad boy desentupindo o banheiro da casa da namorada. Se meu celular não tivesse descarregado iria tirar uma foto e assim produziria o meme da semana para a escola ( não sou santo!!!)

Sebastian pescou com o cabo da escova de limpar privada o conteúdo que agora boiava na água suja.

- Uma camisinha...que criativo! Noora, mil anos se passarão até que outra festa possa ocorrer aqui em casa novamente, ok? - disse ele muito sério.

Noora balançou a cabeça obediente enquanto Sebastian fazia o preservativo desaparecer no saco de lixo.

_ Isak, poderia se livrar disso para nós? - diz ele me empurrando os sacos de lixo.

Tento esconder minha contrariedade. Na verdade estou enclausurado neste banheiro desde que o squad feminino chegou no apartamento para auxiliar na limpeza. No entanto, não tenho como negar nada a Sebastian depois de toda a ajuda que ele me deu.

No corredor ouço as risadinhas das meninas na cozinha. E, num lampejo de lucidez, eu me lembro da frase dita ontem num momento de insanidade ... "Ele é meu!" Fui eu mesmo capaz de dar uma enquadrada em Eva no banheiro? Fui mesmo capaz de confrontá-la por ciúmes de Even?

A voz de Eva é abafada pelo riso das garotas, a conversa parece bem animada. E se ela estiver contando que eu sou gay (Eu sou gay?). Foda-se... entro impulsivamente na cozinha. O riso cessa abruptamente e todas olham para mim ao mesmo tempo. Paro estático no meio da cozinha segurando aquele lixo patético nas mãos. O silêncio se prolonga e torna-se constrangedor, as meninas me encaram...

- Eva, preciso falar contigo!

- Não...até você, Isak? Você também foi uma das vítimas que eu assediei ontem?

O clima na cozinha volta a descontrair.

- Que tal vermos se Sebastian precisa que a gente limpe o telhado? - pergunta Sana, fazendo sinal para que Vilde e Cris a acompanhassem. Ficamos somente Eva e eu. Jogo o saco de lixo num canto e sento-me ao seu lado.

- Sério , Isak ... que vexame ontem. As meninas estavam me contado os King Kongs que paguei. Aliás eu quero te agradecer por...

- Eva... - eu a interrompo antes que perca a coragem. - Ontem, no banheiro... eu... eu disse... então... falei que... Eva...

Ser ou Não SerOnde histórias criam vida. Descubra agora