Ser ou Não Ser

Sonho de Ícaro

A roda fez um círculo completo: eu estou aqui!

(William Shakespeare)

- Ela estava reivindicando que não era justa como meninas do 1º ano de permanência com todos os garotos veteranos, porque assim não sobraria ninguém para as garotas do 2º e 3º transarem. - confidenciou Magnus sobre um papo reto que estava trocando com Vilde antes de Jonas, causando confusão na festa.

- E o que você disse? - perguntei já sorrindo, prevendo Magnus com certeza tinha algo totalmente absurdo.

- Eu falei que eu estava disponível para transar.

- Nãooooooooooo ... - berramos Jonas e eu ao mesmo tempo.

- Acreditem ... este idiota falou exatamente isso. - confirmou Madhi. - A sorte dele foi que bem na hora Jonas partiu para cima do seu amigo, agora está seriamente o olho roxo e não você, Isak.

O simples fato de Madhi mencionar Even me deixou perturbado. Olhei automaticamente para os lados procurando por ele, mas nem sinal. Assim que cheguei no colégio, eu ou procuro em todos os lugares. Corajosamente cheguei a abordar algumas garotas da sua sala, mas elas não foram vistas. O que aconteceu com essa cara que ele sempre evaporou da escola?

De repente senti um vulto perto do meu rosto. Despertei momentaneamente dos meus pensamentos. Era Magnus que estava atendendo na frente dos meus olhos para chamar minha atenção.

- Voar voar

Subir subir

Ir por onde for

Descer até o céu cair

Ou mudar de cor

Dei um tapa em sua mão, afastando-a. 

- Que porra de música é essa?

- Sei lá ... minha mãe sempre canta isso, quando me distraio. 

- Então deve ser sempre, né? - provoca Madhi. - Mas Magnus está certo, você anda muito estranho, cara. 

Olho automaticamente para Jonas e conversamos rapidamente apenas pelo olhar. Isso foi um recurso de nossa amizade, que poderia se comunicar naturalmente por um código ocular que nós dois teríamos acesso. 

A tradução literal pode ser assim:

Eu: "Será?"

Jonas: "Você é quem sabe."

Eu: "Estou com medo !!!"

Jonas: "Vale a pena tentar!"

Eu: "E se eles reagirem mal?"

Jonas: "Eu estou fazendo o seu lado!"

- É que ... - pigarreio e volto a olhar para Jonas que me lança um olhar de incentivo. - ... sabem aquele cara ... do teatro?

- Aquele corredor na casa da Noora? Ele está mesmo te intimidando?

- Sim ... quer dizer não ... sim e não ...

Madhi parece impaciente e Magnus como sempre perdido. 

- Sim ... eu me refiro ao cara do corredor e não ... ele não está me intimidando. Na verdade ... eu não sei como explicar isso, mas eu tenho sentimentos por ele ...

- Que tipo de sentimento? - pergunta Madhi incisivo.

- eu acho que ... não acho ... eu tenho certeza ... que me apaixonei por ele. 

Silêncio no refeitório. Magnus me olha de boca aberta e Madhi acha que estou zoando.

_ Você quer dizer que é gay? - pergunta Magnus depois de fazer todas as engrenagens do seu cérebro funcionar.

_ Eu não sou gay ... quer dizer ... talvez um pouco gay ... - olho para Jonas procurando apoio que encontro no seu olhar .. - Ok ... eu sou gay!

Ficamos todos em silêncio por alguns minutos até eu não aguentar mais aquela tensão.

- Vocês não vão falar nada?

- Isso quer dizer que assim vai sobrar mais meninas para nós? - pergunta Magnus.

- Cara, você não pega ninguém sendo Isak gay ou não. - debocha Madhi

Todos os níveis, clima ou amenidades, não apresentam animosidade por parte dos garotos e por isso vou relaxar os músculos aos poucos. 

- Minha mãe é lésbica. - revela Madhi e eu fico me perguntando como eu não sabia disso. 

- Eu nunca imaginei ... mas ela parece normal. - Mal digo isso e percebo o absurdo de terminar de falar. Eu sou literalmente um caso perdido de ignorância.

- Normal? Cara, Isak ... nem vou comentar sobre isso, porque tenho certeza de que você deve estar bem confuso e por isso fala esse tipo de merda. 

- Desculpa ... ok ... desculpa ... é tudo muito novo pra mim. 

Os meninos me olham surpresos. Nunca fui o tipo de pessoa que pede desculpas, mesmo fazendo merdas. Mas eu quero mudar, eu estou no processo e eles podem entender que fazer perguntas idiotas ou não é o melhor que permanecer na ignorância e, pior ainda, continuar propagando a ignorância por aí. Madhi parece se acalmar um pouco. 

- E como é? 

- Normal (tom irônico) ... como poderia ser? Quer dizer ... minha velha passou por poucas e boas, casou-se com o que é obrigatório pelo meu pai, mas segundo ela diz "pode ​​levar uma vida pela metade". - diz imitando a voz da sua mãe. 

Eu realmente estou impressionado, pois tudo isso mostra o quanto superficialmente eu conheci Madhi. Na verdade, ele era vizinho de Magnus e, como andava com ele, acabou sendo incluído no nosso grupo. 

- Vocês estão juntos? - pergunta Magnus. 

- Não ... eu simplesmente estraguei tudo. Eu acho que estava rolando em um clima entre nós, mas aí eu surtei e falei que era uma vez nojenta e que deveria ficar longe de mim.

- Você não fez isso. - disse Magnus muito indignado. - Depois da idiota sou eu? Atenciosamente, Isak, você precisa falar com ele. 

_ E você acha que não tente fazer isso quando você aparecer no corredor?

- Você estava bêbado, cara! É sério o que você deseja esclarecer como as coisas com ele estão impedidas? 

Olho assustado para Magnus. De onde surgiu tanta sabedoria de repente? Pondero sobre o que ele acabou de dizer e não é o que ele tinha a mesma razão? Como eu penso que poderia ter uma conversa sensata com Mesmo nesse estado? É claro que ele não iria me levar a sério, afinal, quem acreditaria num idiota bêbado que sóbrio ou xingava e abraçasse a dava sarrada?

Oh Deus .... não ... eu não tenho coragem de falar com ele depois de tanta confusão. Só então fico ciente de todo o papel ridículo que vinha tocando todo este tempo.

- Você já pensou que vai fazer? - pergunta Jonas.

Não ... eu não havia pensado em nada. Eu não tinha plano algum e agora isso parecia realmente interrompido. Como eu poderia chegar nele? Simplesmente encostar e dizer "Mesmo, você é o culpado por estar confuso todos estes dias sobre a minha sexualidade ou então" Acho que estou apaixonado por você? Posso? Não! Claro que não. Ele tem certeza de que vai achar um louco. Ou Quem sabe: "Mesmo ... eu sou realmente uma idiota ... eu estava literalmente doidão quando falei aquilo para você" também não ... 

Oh, Deus .... eu não fiz ideia de como me desculpar. Sem contar que ainda existe ou agravar a eu só falar besteira porque ele me desconcertava ... o melhor seria fazer o que sempre fez na vida ... dedo. Isso sempre me salvou de muita coisa.

Feito um oráculo, Magnus ouviu meus pensamentos e profetizou com a continuação da música que aprendeu com sua mãe. 

- Viver, viver / E não dedo / Esconder no olhar pedir não mais / Que permitir ... Você tem sorte por eu ser seu amigo, Isak, pois eu tive uma ideia de nota! - disse ele triunfante!