capítulo 4

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OTÁVIO

Grito para que Jade espere, mas essa louca não me escuta mais uma vez. Pego meu celular ao lado da cama e faço uma ligação rápida para meu motorista:

— Jorge... tem uma moça saindo daqui agora mesmo. Não a perca de vista — dou a ordem. — Ela deve ter pedido um táxi, então siga-a e descubra onde ela mora. Quando tiver a informação, me avise.

Assim que desligo o telefone, paro pra pensar em minhas atitudes nas últimas horas. Há tempos eu não tinha contato com nenhuma mulher, mas por alguma razão Jade despertou meu interesse.

Passo a mão por meus cabelos e respiro fundo, tentando criar coragem para sair de minha cama. Ainda não consigo aceitar que minhas pernas não prestam para mais nada — mas, sinceramente, sei que mereço tudo isso. Se eu não fosse um tremendo imbecil aquilo não teria acontecido.

Não posso evitar que meus pensamentos me levem para quando esse inferno começou. Ainda tenho cada segundo guardado em minha mente, podendo inclusive ouvir a voz de Clara gritando para que eu dirigisse mais devagar e meus filhos chorando no banco traseiro do carro.

Eles tinham medo. Todos eles. Mas naquele momento, o ódio me consumida.

Eu não podia acreditar em tudo o que havia acabado de descobrir, e minha mão socava o volante com toda a força enquanto eu desejava mais que tudo chegar em casa rápido. O mais rápido possível para acabar logo com aquilo.

Como ela teve coragem de me enganar dessa maneira?

Eu já havia tomado algumas doses de uísque e não me importava mais com seus pedidos. Simplesmente a encarava com ódio, incapaz de me concentrar na estrada à minha frente. Foi quando, em algum momento, meu filho colocou a mão em meu ombro na tentativa de me acalmar e me virei para olhá-lo. 

Clara gritou. Mas quando olhei para frente, já era tarde demais.

Saio de meus pensamentos com o barulho de alguém batendo na porta e, ainda desorientado, mando que entre. É meu pai quem surge no quarto, me analisando atento com as mãos nos bolsos de sua calça.

Ele sabe que eu o odeio, e agora ainda mais — afinal, eu não queria que soubessem que estava voltando e ele fez questão de dar uma festa.

Ainda não sei o que quero fazer de minha vida, pois não posso voltar e assumir os negócios como antes. Simplesmente não tenho coragem.

— O que você quer aqui, Afonso? — questiono com impaciência. — Já não basta o circo que armou na minha casa ontem com aquele bando de imbecis hipócritas?

— Bom dia para você também... — Ele sorriu, irônico. — Você devia parar de reclamar tanto e me agradecer! Soube que uma das meninas que mandei ontem passou a noite aqui, então achei que estaria de bom humor hoje, afinal, não é sempre que se ganha uma puta de presente do seu pai.

Foi impossível não ficar enojado ao ouvir a maneira que ele se referiu à Jade. Se eu pudesse me levantar dessa cama em um pulo, teria socado a cara dele como há muito tempo desejava.

— Você me dá nojo... — proferi com todo o desprezo que possuía. — Saiba que a mulher que cita com tanto desrespeito tem mais escrúpulos que você, e não é de sua conta o que fiz ou deixei de fazer com ela. Pegue o mesmo caminho que veio e suma daqui! Suma da minha vida!

— Até quando vai continuar me odiando? A culpa por tudo isso foi daquela vadia! — ele aumentou seu tom de voz, indignado. — Eu já te pedi perdão. Nós somos família, eu sou seu pai, e família sempre se perdoa. 

Aquela cena me deixa com ainda mais ódio, e não hesito ao declarar:

— Eu nunca vou te perdoar, e tenho pena de minha mãe que vive ao seu lado sendo enganada. Agora saia do meu quarto!

DEGUSTAÇÃO "MINHA STRIPPER" (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora