capítulo 14

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GABRIELA

Sentada à beira da piscina enquanto as crianças brincam, o único sentimento que me consome é angustia.

Hoje faz exatamente trinta dias que Otávio viajou. Não sei quais são seus compromissos, mas ele não tem ligado com muita frequência. A única coisa que me consola são as lembranças do nosso fim de semana na casa de campo. Em nosso piquenique no lago, ele disse que quando voltasse me pediria em casamento, e não me daria a chance de negar! Eu o lembrei que ainda sou casada com o pai dos meus filhos, mas Otávio mais uma vez me pediu que confiasse nele.

E eu quero confiar. Quero acreditar que tudo ficará bem.

O pai dele apareceu duas vezes nas últimas semanas, mas os seguranças que Otávio contratou não permitiram que o homem entrasse. Agora consigo entender o porquê de ele ter enchido a casa com tantos seguranças — ele já prévia que isso poderia acontecer.

A mãe de Otávio também esteve aqui, e era uma senhora incrível e muito gentil. Vicente contou a ela que sou namorada de seu pai e morri de vergonha, afinal, Otávio ainda não havia mencionado se tinha vontade de me apresentar a ela. Apesar disso, a mulher nos tratou muito bem e as crianças até a chamaram de vovó, como ela mesma pediu.

Naquele momento, foi impossível não me lembrar de meus pais, que faleceram um mês após o nascimento de Lucas. Meus filhos nem tiveram a chance de saber como os avós eram maravilhosos. A perda deles era muito sofrida para mim, além de conviver com os maus tratos do Fernando. 

— Vem, mamãe! — Lucas chama. — Entra na piscina com a gente!

— Agora não, meu amor. Estou aproveitando o sol!

— Vem, tia. A água está quentinha! — Vicente tenta me convencer.

— Ok, querido — acabo cedendo. — Eu prometo que já me junto a vocês.

Vicente é um menino maravilhoso que mostra se importar muito com todos nós, sempre tentando me confortar em relação ao silêncio de seu pai. O garoto diz que os negócios o mantêm ocupado, e eu realmente entendo... mas a saudade está me matando.

Vejo Luana se aproximar, e noto que ela está com o telefone em mãos. Meu coração chega a acelerar com a expectativa de ser Otávio.

— Com licença. É uma ligação para senhora — diz Luana.

Pego o telefone sem ao menos perguntar de quem se trata.

— Amor... que saudade! — digo com animação, mas ninguém responde. — Alô, Otávio? É você, meu amor?

O telefone continua mudo. Tudo o que ouço é uma respiração pesada do outro lado.

— Se não vai me responder, eu vou desligar! — insisto com firmeza.

Assim que digo isso, a pessoa do outro lado da linha desliga.

Isso aconteceu mais de uma vez nos últimos dias. Tenho a impressão de que é Afonso tentando nos atormentar, afinal, ele ficou furioso quando sua entrada foi barrada.

— Luana... se ligarem outra vez e a pessoa não se identificar, diga que não irei atender — exijo, um tanto nervosa.

— Sim, senhora!

Luana se vai e eu penso se devo falar para Guilherme sobre essas ligações. Ele também tem vindo quase todos os dias com o único objetivo de saber se estamos bem.

Conheci Guilherme dias antes da viagem de Otávio. Eles são muito amigos, e Otávio o fez prometer que viria todos os dias. O rapaz só não vem quando tem algum contratempo.

DEGUSTAÇÃO "MINHA STRIPPER" (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora