capítulo 8

1.9K 222 17
                                    

GABRIELA

Deitada sobre o peito de Otávio, posso ouvir as batidas de seu coração acelerado e sua respiração descompassada. Ele mantém seus braços à minha volta em um aperto cada vez mais forte, parecendo ter medo de me soltar.

Eu não quero sair do seu aperto. Do seu calor... Mas também não posso ficar. Este não é o meu lugar.

Por mais que eu o queira, eu não posso tê-lo para mim.

- Obrigado, Gabriela - ele solta em algum momento, beijando o topo de minha cabeça.

- Por que está me agradecendo?

- Por me mostrar que ainda sou capaz - diz, me apertando ainda mais.

Saio de cima de Otávio para me sentar na cama e poder olhá-lo direito.

- Como assim? Você é capaz de muitas coisas! Não venha me dizer que...

Eu me calo, e Otávio aproveita meu silêncio para começar a se explicar:

- Faz um ano que perdi os movimentos das pernas em um acidente, e desde então nunca tive relações com nenhuma mulher. - Ele beija meus dedos. - Você foi a primeira.

Fico tentada a saber mais sobre o acidente, e não penso muito ao perguntar:

- Como se acidentou? Não há chances de recuperar os movimentos? Hoje em dia existem várias cirurgias que podem te ajudar a voltar a andar - tento encorajar.

- Meu fisioterapeuta quer que eu faça uma cirurgia... mas não sei se daria certo - conta, pensativo. - É quase como um tiro no escuro.

Por que ele não aceita? Será que tem medo?

- Aceite a cirurgia, Otávio - sugiro. - Diga-me... o que você tem a perder?

Parecendo angustiado, ele garante:

- Você não entenderia os meus motivos.

- Então me conta. Eu posso entender!

- Se você me contar sobre você e sobre o que te fez escolher essa vida, eu... eu te digo tudo - ele garante, me puxando para si. - Me deixa te ajudar, Gabi, e juro que contarei a minha verdade para você também.

Ouvi-lo me chamar daquele jeito estava aquecendo meu coração. Tinha tanta ternura em sua voz...

Mas não sei se posso contar a ele sobre minha vida. Não sei se ele entenderia ou se escolheria me julgar.

- Que tal tomarmos um banho agora? - sugiro, tentando mudar de assunto. - Você tem uma banheira maravilhosa!

Ele parece sem jeito com a minha proposta.

- Eu... não sei se consigo. Nunca usei aquela banheira.

- É claro que consegue! Deixe-me te ajudar.

- Ok, eu topo. Mas só se você prometer que vai me dar uma oportunidade - diz, sorrindo.

Fico sem saber o que falar. O que ele quer dizer com "oportunidade"?

- Eu estou falando sério - ele volta a falar. - Quero conhecer sua vida. Eu quero ajudar você. Confie em mim!

Meu Deus... Conheço esse homem há apenas dois dias e ele me pede que eu confie nele! Será que ainda posso confiar em alguém? E por que sinto que não sou capaz de reprimir o desejo absurdo de entregar minha vida a ele?

Não... Otávio jamais entenderia. Jamais aceitaria! Eu continuo casada com o pai dos meus filhos no papel. Como posso explicar isso?

Quando souber de tudo, ele nunca mais vai querer me ver em sua frente.

DEGUSTAÇÃO "MINHA STRIPPER" (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora