GABRIELA
O despertador de meu celular me acorda às seis da manhã, e penso se devo acordar as crianças para irem à escola enquanto me levanto para tomar um banho.
Otávio volta hoje. Talvez devêssemos organizar uma pequena comemoração — somente as crianças, eu e dona Inês, mãe de Otávio. Acho que ele vai gostar!
Quando estou enxugando meus cabelos no quarto, ouço alguém bater na porta. Penso que deve ser uma das crianças achando que perdi a hora, então digo que entre.
— Bom dia, dona Gabriela — é Luana quem cumprimenta ao entrar. — Tem um senhor a aguardando na sala. Ele disse que veio tratar de um assunto de seu interesse.
Olho as horas em meu celular e vejo que ainda nem passou das sete. Quem viria me procurar a essa hora, ainda mais na casa de Otávio?
Intrigada, eu pergunto:
— Esse senhor tem nome, Luana?
— Desculpe... eu me esqueci de perguntar — ela soa sem jeito. — Quer que eu vá perguntar e volte?
— Não... Diga que estou terminando de me aprontar e já vou. Ah, e... por favor, acorde as crianças se elas ainda estiverem dormindo. Hoje vamos organizar uma surpresa para Otávio — conto.
Volto ao banheiro e termino de secar meu cabelo, abrindo a gaveta onde guardei os testes. Penso em jogá-los fora, mas decido que farei isso depois de mostrá-los a Otávio ainda hoje.
Me arrumo com um pouco mais de pressa pelo fato de haver alguém me esperando. Quando estou saindo do quarto, encontro Luana e a peço que nos leve café na sala.
Estou tão feliz em saber que hoje terei meu amor de volta que ando cantarolando! Mas antes que eu entre na sala, sinto uma sensação muito ruim percorrer todo o meu corpo e um gosto amargo subir por minha boca. Paro no batente, e penso que deve ser apenas um mal estar da gravidez.
Recuperando-me, entro na sala com um sorriso largo no rosto.
— Bom dia! — cumprimento. — Em que poss...
Eu não estou preparada para isso. Acho que nunca estaria.
Ele está de costas, e quando ouve minha voz se vira em minha direção. O choque é tão grande que sinto minhas pernas falharem. Eu não sei o que fazer. Quero correr e gritar, mas minha voz simplesmente não sai.
Estou diante do meu maior pesadelo.
Fernando...
— Bom dia, querida — ele diz caminhando até mim. — Como está linda!
Não consigo me mexer. Eu o vejo vindo em minha direção, mas não consigo andar para longe dele. Sinto lágrimas grossas caírem por meu rosto e o pânico se apossar de todo o meu ser.
Fernando para em minha frente e me mede com superioridade ao dizer:
— Não vai me cumprimentar, Gabriela? Tanto tempo longe de mim e eu não ganho nem um beijo?
Ele pega em meu rosto, roçando sua barba em mim enquanto sente meu cheiro e, mesmo sabendo que eu não quero beijá-lo, ele o faz.
Não demonstro nenhuma reação. Estou em absoluto choque.
— Vamos... fale alguma coisa! Ou ficou muda de repente? — ironiza, se afastando. — Você não parecia muda ao telefone, quando liguei aqui para ter certeza de que a informação que me passaram era verdadeira. Não posso deixar de agradecer... Ah... Como é mesmo o nome dele? — Ele parece pensar por um segundo, estalando os dedos ao lembrar: — Sim... não posso deixar de agradecer a Afonso! Você o conhece?
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DEGUSTAÇÃO "MINHA STRIPPER" (Revisado)
RomanceGabriela Silva uma mulher de 32 anos formada em enfermagem, que teve que mudar totalmente sua vida após pegar seus filhos e sumir para outra cidade, para não ter que viver sobre os maus tratos de seu marido. Gabriela só não contava com a dificuldad...