Sombra Élfica

5. Uma Nova Oportunidade

Quando cheguei em Borealis, uma cidade portuária, não foi difícil comprar uma passagem de navio. Cancri é reino um que causa muitos problemas a si mesmo e aos países vizinhos. Eu já estava cansada de morar ali então meu destino era claro, Arietis. Mesmo tendo que atravessar o oceano para outro continente ainda era preferível me arriscar em um reino em guerra do que um em que eu estava sendo procurada. Pelo quê? Digamos que eu me envolvi em muitas confusões a mais do que as que relatei.

— Todos a bordo — disse um dos marinheiros.

Levei algumas semanas até finalmente atracar no porto de Argos, a cidade mais ao sul de Arietis. Com o resto das moedas comprei um cavalo e segui para o norte rumo a Hamal, a capital do reino. Famosa por sua grandeza, rico comércio, poder militar, universidades bem conceituadas, mas também pelo seu submundo igualmente encantador. Contratos para matar nobres em disputas políticas eram rotina, mas sempre ofereciam recompensas generosas. Depois de três semanas cheguei ao meu objetivo.

— Pode passar. — Ouvi ao longe um guarda dizer a um comerciante.

De fato a cidade era magnífica de se ver. Ainda ao longe era possível ver as muralhas enormes e até a torre principal do que eu ficaria sabendo ser o palácio real. Havia uma longa fila para entrar, pois guardas vigiavam o grande portão principal. Como eu não sabia qual seria a reação deles ao me ver resolvi bancar a comerciante quando chegou a minha vez.

— Bom dia, senhorita. — disse um deles de forma educada, mas ao mesmo tempo intimidador. — O que a trás a Hamal?

— Negócios. — Retirei algumas jóias dos alforges do cavalo. — Minhas mercadorias.

— Entendo, seu registro de comerciante, por gentileza.

Eu já havia previsto algo assim, por isso me certifiquei de conseguir um documento falso antes. O guarda não percebeu e essa foi a minha sorte. Ao entrar notei que o comércio era bem agitado por lá. Barracas para todos os lados, pessoas gritando e empurrando. Tive que ficar atenta para ninguém me roubar. Precisei poupar o dinheiro então vendi o cavalo e me dirigi a uma rua pouco movimentada onde me hospedei em uma pousada simples chamada Dragão Sonâmbulo. Quem pensa nesses nomes? Bem, uma velhinha educada me recebeu e me forneceu um quarto. Passei a noite ali, mas eu precisava arranjar trabalho e rápido. Deixei o local no dia seguinte, evitando chamar atenção. Não podia deixar ninguém saber que estive ali e até paguei a mais pelo silêncio da anciã. Quando eu estava virando a rua notei duas pessoas se aproximando e então corri para um beco e me escondi até que eles passassem. Um deles era um cavaleiro que andava com a viseira do elmo levantada, bonito, mas com cara de bobo. A outra era uma jovem de cabelos ruivos, também bonita, mas com cara de inocente. Não sei dizer se eram um casal ou não já que estavam discutindo sobre os diferentes distritos da cidade, algo nada romântico, se me permite dizer. Mas ambos entraram na mesma pousada que eu acabara de deixar então posso imaginar que aquela noite tenha sido divertida para os dois.

— Escondendo-se do resto do mundo? — Ouvi uma voz atrás de mim.
Me virei sacando uma adaga e pronta para uma boa briga, mas o que vi foi apenas um mendigo sentado no chão.

— Ah, creio que não posso corresponder as suas espectativas de uma luta, senhorita elfa.

— Quem é você? — E mais importante, como eu não percebi ele ali? É sério, devo estar perdendo o jeito.

— Só um humilde morador de rua.

— Então se conhece bem essas ruas deve saber onde alguém necessitado precisa ir para conseguir um favor generoso de uma alma caridosa.

— O que você quer dizer?

Decidi falar uma linguagem mais clara. Saquei um par de rubis do bolso, uma lembrança de trabalhos anteriores, e lhe ofereci em troca de informações sobre trabalho de assassinato. O homem me disse que não sabia nada sobre tal tipo de serviço, ao menos não diretamente, mas me indicou um homem chamado Kiro que podia ser encontrado apenas após o sol se por. Ele ficava em frente a um bar chamado Unicórnio Bêbado. Costumava chegar uma hora após o anoitecer e aguardava ali por duas horas todas as noites, recebendo pessoas para todos os tipos de serviço.