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Quando deixou o terreno da casa, Sasuke deu-se conta que aceitou o convite de um lobisomem para tomar café da manhã. Diariamente. Respirou tão fundo que não houve espaço para os seus pulmões dentro dos coletes e isso o fez arfar rápido. Antes de entrar na mansão, saltou para o telhado e observou a cidade. Ainda podia ouvir as sirenes, as pessoas chorando, mesmo com dificuldade por causa do sol, via o rastro da destruição no ar e o desespero.

E ele aceitou tomar café da manhã com um ômega, um inimigo natural. É como se um peixe aceitasse dividir a refeição com um pinguim. Deu uma mordida no tomate ao se encostar em sua mesa de escritório e franziu as sobrancelhas ao sentir o sabor agradável. Continuou comendo sem esconder sua satisfação pela fruta e ficou bem evidente para Kiba, Karin e Suigetsu, que chegaram de repente para entregar os relatórios noturnos sobre os desastres daquela noite. O trio se entreolhou com certa vergonha de interromper o momento de felicidade particular do chefe.

Saíram do escritório para deixá-lo em paz e impediram qualquer um de entrar nos trinta minutos que Sasuke levou para comer o tomate. Karin estranhou o sorriso animado, quase apaixonado, no rosto marcado pelas cicatrizes de queimadura. Suigetsu, marido dela - inclusive o transformou há 80 anos, tempo correspondente ao casamento vampírico dos dois -, não entendeu a razão daquela felicidade repentina. O lobo percebeu que era observado e parou de se mexer como uma criança agitada, mas sua cauda balançando não negou o fato de estar animado.

-O que foi, cachorro? - questionou Karin, apoiando uma mão nos quadris. Kiba mudou sua postura para uma de incômodo. Rosnou baixo, apertando os punhos. - Desculpa. Por que está assim?

-Só estou feliz. - deu de ombros. - Eu estou trabalhando com o chefe há três anos e é a primeira vez que o vejo sorrir assim, sem parecer um demônio vindo do inferno. - Karin e Suigetsu se entreolharam com espanto e voltaram a observar pela brecha da fechadura Sasuke desfrutando do tomate como uma criança apreciando um doce muito gostoso. - Não é?

-Chocado! Eu trabalho com ele há 30 anos e essa é a primeira vez que o vejo sorrir sem uma razão sombria. - Suigetsu comentou num sussurro para não atrair a atenção do vampiro. Karin concordou, ajustando os óculos no rosto. Embora fosse vampira, não teve seu astigmatismo curado. - E por causa de um tomate? Sasuke gosta de tomate?

-Também é novidade para mim. - admitiu Karin erguendo as mãos. - Mas aqui não tem nenhuma plantação de tomates ou mercado de verduras. - observou o lobisomem sustentando aquele semblante sonhador, abanando a cauda e abraçando a pasta. - Você sabe de onde veio esse tomate?

-Tenho uma pessoa em mente. - respondeu com certo suspense. Os dois vampiros ficaram muito intrigados e se prepararam para enchê-los de perguntas, mas os três perceberam que o capitão terminou a refeição pela forma como caminhava pela sala. - Melhor deixar para depois. - Karin concordou e Suigetsu não teve tempo de responder.

Kiba entrou de imediato, bem a tempo de ver o líder bebendo água para limpar a boca, e não escondeu o enorme sorriso de cachorro que vê o dono. Sasuke arqueou uma sobrancelha, curioso com aquele comportamento depois de uma noite bem tensa de ataques e de incêndios, e recebeu a pasta. Segundo o Estado Maior, como era chamada a Secretaria Militar de El Dorado, os danos daquela semana - já era sábado, embora datas só importassem para relatórios - foram em sua maioria estruturais e o número de mortos diminuiu em vista da migração de alguns moradores para as cidades mais distantes daquele país. Enfim uma boa notícia depois de tanto tempo. O trabalho pesado dos Caçadores, agora, era encontrar os líderes dos rebeldes para serem julgados.

As novas ordens, enviadas diretamente pelo governador e pelo general do exército, a prioridade da missão estaria com os lobisomens ainda que os vampiros já tivessem um positivo histórico de encontrar pessoas desaparecidas ou de lidar com equipes fortemente armadas de gangues, máfias e até seitas opositoras em questões religiosas.

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