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E assim ele ficou até as primeiras horas do dia, ora sentado no telhado ou de pé no muro para vigiar o bairro, ora encostado na porta, ouvindo o ressonado cansado de Naruto depois de muito chorar pela noite a madrugada.

Sasuke abriu a porta, afastando seus poderes da madeira - pois suspeitou que assim evitaria de Danzou entrar contra a vontade de Naruto - e achou o ômega encolhido na cama, usava seu colete como um tipo de cobertor.

Suspirou e tirou com cuidado seu celular de um dos bolsos para mandar uma mensagem para Kiba, um dos poucos lobisomens marcados em quem confia. Informou do estado de Naruto. Sasuke tirou sua camisa da farda, sem se importar por usar nada por baixo afinal mal sente coisa alguma, e cobriu o lobisomem depois de afastar o colete.

O suspiro aliviado foi uma resposta muito curiosa. Sasuke foi embora dali carregando o que era seu nas mãos mesmo. Questionava-se como era possível um vampiro despertar o cio de um lobisomem ômega porque fora exatamente isso o que se passou. Assim que chegou no acampamento, surpreendendo a todos por estar "despido", foi para o seu escritório pensar naquilo.

Aquele maldito e sujo alfa quase violentou Naruto na sua frente caso não houvesse ateado fogo no carro. Era desumano, mas não era essa a única razão por estar furioso. Começou a andar de um lado ao outro dentro do escritório a fim de pensar melhor: estava puto porque não fez o que seus instintos ordenaram. Não tomou Naruto para si quando ele se ofereceu, essa era a razão principal.

Não o tomou.

Não fê-lo seu.

Não saciou sua sede.

Não abrandou seu cio.

Não o defendeu.

Não matou aquele alfa.

Não o libertou do sofrimento.

Sasuke estalou a língua nos dentes ao parar de andar e socou a sua mesa no momento que Suigetsu e Karin entraram. A madeira cedeu como papel e o móvel afundou no chão como se fosse um brinquedo se desmontando. O militar pegou sua bolsa de sangue que estava na mão de Karin e seguiu para o sótão, antes que arrancasse a cabeça de alguém.

-Mas que diabo foi isso? - indagou a vampira ao observar seu chefe quase nu, para os padrões sempre cobertos dele, desaparecer ao subir as escadas. - Eu nunca o vi assim.

-Sasuke está puto da vida e tem um estranho cheiro doce nele. Não sei se tem ligação, mas temos que avisar a todo mundo porque ele pode matar alguém. - Karin concordou com seu marido e foram dar o aviso de como os humores do capitão estavam ruins.

Assim que Naruto recobrou sua consciência, tomou seus medicamentos e esperou aquele ardor violento desaparecer do seu corpo para enfim sair do seu quarto. Naruto sabia que levaria uma surra tão logo entrasse na casa, mas estava feliz porque não foi violentado - não desta vez. Porém suas orelhas não se erguiam por mais que tentasse, pois sua dignidade foi destroçada quando quase entrou em completo cio na frente de Sasuke.

Um vampiro como ele, um ser tão digno e altivo, como uma escultura feita por artista renascentista ver um ômega patético, acabado e velho implorando sexo era pior que fim de carreira, era o fim do seu orgulho - se é que tinha algum antes para receber um fim.

Como Sasuke lhe encararia agora?

O que pensaria de si?

Naruto não tem coragem de vê-lo, não depois de mostrar o seu lado mais sujo e deplorável ao homem que…

Ao homem que…

Não, não podia sentir aquilo por ele. É perigoso, é destrutivo, é proibido, é… verdadeiro. Sasuke, o vampiro por quem se apaixonou, viu Naruto no seu pior estado. Estava em frangalhos, nem sentiu a dor que as cintadas de Danzou causaram em si, em vingança pela rejeição de não ter se entregue a ele, só imaginava o semblante de repulsa de Sasuke.

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