~7~

2.1K 261 116
                                    

O dia já chegou e está desperto há muitas horas. Não ouviu quando seu marido entrou berrando que estava faminto. Ele lhe solta, avisa que foi sua culpa aquele castigo, que nunca deve trair sua confiança porque é um alfa bom, o único que amará um ômega velho, estéril e acabado como Naruto, bastava obedecê-lo e não se envolver com outros alfas. Um beijo em seus lábios é sua forma estranha de perdão, fria e sem gosto. Depois de se banhar e enfaixar sua perna, Naruto retoma os serviços da casa, já que as esposas cuidam do café da manhã.

Sasuke veio lhe ver. Da janela perto da cama, assistiu o combate e viu do que um vampiro como ele é capaz. Há sadismo, há malícia, há sede de vingança em seus olhos negros, mas tudo desaparece quando estão voltados para si, um ômega velho. Ele chega a corar quando vê seu sorriso e essa expressão tão singular faz seu coração se sentir jovem. Queria saber mais sobre Sasuke.

Kiba não vem mais, não depois do que presenciou, mas não lhe abandona. Ele deixa bilhetinhos na janela do seu quarto antes de ir embora. Conta da sua esposa, que está grávida, e do seu marido. Conta do trabalho, do dia a dia convivendo com vampiros e outros lobisomens. Conta de Sasuke e o quanto ele é um líder eficiente e silencioso, que lhe trata muito bem. As vezes ele ri das suas piadas, algo raro entre vampiros. No último bilhete, Kiba avisa que estão numa pista quente para encontrar os líderes dos rebeldes e assim dar um fim à guerra.

É uma boa notícia, muito boa mesmo, pois famílias poderão viver seus lutos, filhos deixarão de morrer antes dos pais e os pais poderão apreciar a companhia de seus filhos, maridos e esposas terão seus cônjuges em casa e o país voltará para sua paz costumeira, mas Naruto não se importa com nada disso, seus pensamentos esmorecem ao pensar de forma egoísta pela primeira vez em anos.

A guerra acabando levará os soldados vampiros embora.

Sasuke irá embora.

E Naruto ficará para trás com aquele vazio no peito.

As horas passam sem deixar rastro. O alfa e suas esposas saem com os filhos para algum lugar e Naruto recebe a típica função de vigiar a casa. Ele está no quintal lavando suas roupas na mão depois de terminar todas as suas obrigações. Trovões ao longe avisam que esta noite será chuvosa. Naruto suspirou cansado ao se recordar que não consertou o telhado e é provável que durma numa cama molhada, mas ele não se reclamou, não tem esse direito. Apenas continua lavando.

Suas orelhas se ergueram com o som já familiar. Abaixado como está, com as mãos sujas de sabão barato, ele voltou-se para o lado, para perto do muro, e vê Sasuke ali com os polegares encaixados no colete. Faz três dias que o viu. Os dois observam o céu quando o trovão fica mais alto, mais forte, ou seja, a chuva está cada vez mais próxima.

-Desculpa. Preciso consertar o telhado. Algumas telhas se deslocaram e pode estragar os móveis. - avisou ao abandonar suas roupas dentro da bacia onde as lavava e correr para buscar a escada a fim de subir. Assim que alcança a altura adequada, Naruto foi surpreendido por ver as telhas se movendo sozinhas, escorregando umas sobre as outras até que estivessem perfeitamente ajustadas. - O quê…? - ele se volta para o lado e vê Sasuke de pé no muro. - Foi você que fez isso?

-De certa forma. É melhor se abrigar. Vai chover. - Naruto concordou com um sorriso sincero nos lábios.

Primeiro, trancou toda a casa, ativando os códigos de segurança e outras parafernalhas, depois correu para a sua - trazendo consigo o jantar que conseguiu preparar às pressas - e permitiu que Sasuke adentrasse. Não haveriam ataques hoje. Lobos não atacam durante a chuva. Arrumou um tapete no chão e algumas almofadas, as que usava para dormir, criando um ambiente adequado para o jantar a dois. Como não havia lâmpadas, acendeu duas velas acomodadas em pratos pequenos e logo o ambiente estava mais cômodo para o seu convidado tão ilustre - por que se sente tão agitado, sem saber o que fazer ou o que pensar agora?

EloOnde histórias criam vida. Descubra agora