-Creio que já vou. - avisou sem olhar para trás. É complicado estar na presença dele, sentir seu cheiro impregnado no ar, com aquele desejo ruminando dentro de si para abraçá-lo e… tão apetitoso. Sasuke esfregou os olhos. Ele se alimentou naquele dia, mas já havia um tempo que não sentia o sabor do sangue fresco e cálido de um lobisomem. E como está fora da sua jurisdição, caçar é terminantemente proibido, do contrário vai passar de 50 a 100 anos preso.
-Por quê? - Naruto apressou-se de ir até ele.
Segurou seu braço e o fez lhe fitar.
-Você não parece confortável comigo aqui. - explicou. Naruto entendeu.
Ele lhe viu tomar o seu remédio. Foi para o sofá, ligou a televisão aumentando o volume para que ninguém desconfie caso passe pela calçada ou os novos vizinhos saibam de uma visita “inesperada” dentro de uma casa trancada, cujas chaves foram levadas pelo dono. Naruto bateu no espaço vazio ao lado de si e mostrou a caneca dele, deixando-a sobre a mesa de centro.
O vampiro se colocou lá, mantendo o que considera uma distância segura, e pegou a bebida para tomar um gole para distrair sua atenção. Naruto percebeu o afastamento e, ignorando as precauções que geralmente toma perto de seres como ele, os ensinamentos de sua mãe e as ordens instintivamente dadas pelo alfa, aproximou-se dele, ficando tão perto que sentia o corpo frio e ouvia o coração batendo devagar, muito devagar, quase parando. Sasuke viu a cauda peluda e macia se enroscar na sua panturrilha, causou um arrepio preocupante em sua pele, mesmo havendo tecido no caminho. Nem se deu ao luxo de se questionar o que estava fazendo, apenas se curvou até o seu nariz estar ao alcance da curva delicada e protegida por tecidos do pescoço.
-Há anos eu não sinto tanto conforto. - admitiu em voz baixa, fechando os olhos para apreciar melhor aquele momento, bebeu um gole do seu chá e suspirou. - Seria tolice negar que me sinto muito bem contigo. É como se anos de espera houvessem acabado… - sentia o nariz tocar seu pescoço e o coração dele acelerar muito discretamente as batidas. Baixou as orelhas ao roçar seu rosto no dele.
Os dois se olharam. Sasuke colocou-se ainda mais perto do lobisomem, tomando o último gole de sua bebida, e tocou o rosto cálido e corado com sua mão nua, apreciando a maciez, a vida pulsando por baixo da pele da bochecha. O sorriso dele foi lindo. Parece que naqueles segundos, quando se fitaram, Naruto rejuvenesceu e algumas marcas de sofrimento sumiram, quase sentia seu próprio coração acelerar e o sangue aquecer. Pareciam certos do que estavam em seus olhos, então não foi uma surpresa quando o ômega tomou a iniciativa num beijo. O pior a acontecer é a morte.
Por que se negar estar feliz por uns minutos, por alguns dias com quem gosta de verdade? O que tem a perder além da própria vida? Os beijos eram breves, delicados e doces. Nunca achou que um lobisomem fosse tão doce e lhe atiçasse sua sede daquela forma.
Sasuke o afastou de si para evitar que fossem longe demais, mas não usou da forma.
-Está seguro?
-Como assim?
-E se despertar de novo, o seu cio? - indagou ao dar as mãos com ele e acariciá-las com seus polegares. Naruto deu de ombros, corando as bochechas e balançando sua cauda num sinal feliz. Sasuke suspirou e tornou a beijá-lo, demorando-se um pouco mais agora.
É loucura pensar que gostaria estar no cio agora e deixar que Sasuke lhe provoque aquele prazer que sentiu outrora, quando a guerra estava no ápice. Mas não sabia como pedir, não sabia como agir, apenas seguiu os seus instintos sem se questionar, sem criar problemas para si mais do que já tem diariamente, então apenas deixou-se viver. E Sasuke não negaria o fato de que o deseja tanto quanto possa querer sangue, por isso o trouxe para o seu colo e saboreou melhor aquela boca faminta.
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Elo
Fanfiction"-Eu costumo acordar cedo para preparar o café da manhã e limpar a casa. Por volta das cinco. Meu marido e suas esposas só despertam depois das oito, as crianças após as nove horas da manhã, já que as escolas estão fechadas. Será muita ousadia minha...