~10~

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Um cheiro suave, embora ferroso, chegou ao seu nariz trazido por uma brisa discreta da noite quente que começa. Era Naruto. Ele veio até si com um copo grande e descartável em mãos, ofereceu-lhe e ele entendeu que é o seu jantar. Sasuke bebeu enquanto observa o semblante do ômega - parece mais abatido do que se recorda.

-Aconteceu algo? - indagou depois de tomar um gole. Naruto não respondeu de imediato.

Na verdade não sabia o que pensar ante àquela pergunta. 

Se bem entendeu, a guerra findaria caso os líderes se acertassem e os vampiros iriam embora para o seu país. Sasuke iria embora. Havia um mal estar em seu coração por entender que pelo bem da nação, pelo bem maior, perderia uma das poucas razões que tinha estar feliz. As vezes pensava que era melhor não tê-lo conhecido, assim seu sofrimento seria menor. Mas aconteceu.

-Não, nada. Só estou cansado. Há dias não durmo bem. - explicou-se da melhor forma que podia para não preocupá-lo com suas bobagens afetivas. Sasuke deu uma mordida no tomate. - Parece que teremos a paz de volta ao país, não é?

-Parece que sim.

-É um alívio saber disso. - Naruto baixou o olhar e suspirou. Era melhor que acabasse enquanto nada existia, que aqueles sentimentos morressem dentro de si com o avançar dos anos e Sasuke se tornasse apenas uma boa lembrança como Kiba se tornaria também. - Meu marido está muito feliz porque tudo voltará ao normal.

-Nunca se volta ao normal depois numa guerra. - Sasuke rebateu. - Pelo menos não sem a condição apropriada. - o vampiro olhou em volta, percebendo que estavam de fato sozinhos naquela horta e que todos estavam entretidos demais com aquela reviravolta que ele providenciou. Curvou-se até estar com o rosto bem na frente do de Naruto. - Olha para mim. - pediu num sussurro.

Naruto ergueu os olhos e foi surpreendido por um beijo em seus lábios. Não foi rápido, mas não demorou demais. Foi um toque delicado e sincero das bocas que nutriam profunda saudade uma da outra, um gesto cúmplice e particular de almas separadas por tantas barreiras que já se perdia de vista. O lobisomem ousou afagar o rosto do morto-vivo com sua mão, fazendo aquele momento sublime e especial durar um pouco mais para as suas memórias. Os dois se fitaram quando as bocas se apartaram e nada puderam expressar, apenas sustentaram o olhar.

Sasuke mordeu mais um pedaço do tomate e assistiu o lobo voltar para dentro da casa a fim de iniciar o cozimento do jantar para todos aqueles soldados agitados pelos eventos anteriores. Naruto conseguiu disfarçar o cheiro do vampiro em si habilmente com os temperos da carne que pôs para assar e nos acompanhamentos para a comida. Estava feliz, mal conseguia controlar sua cauda e caso alguém perguntasse, diria que estava feliz por estar vivo, o que bem é verdade, pois aquele beijo singelo foi uma prova de que ainda há vida em si. A comida ficou boa, fez os lobisomens festejarem junto dos vampiros aquela vitória, deixou seu marido feliz e as crianças também.

Naquela noite, o ômega deitou-se em sua cama sem se desfazer do sorriso discreto em seus lábios, abraçando seu travesseiro com muito carinho. Escapou da morte o suficiente para receber uma recompensa tão boa que não se achava digno dela. Ino não dormiu consigo esta noite, então Naruto supôs não ter problema sonhar com o seu amor proibido, mesmo que por alguns minutos.

Três dias se passaram e tal reunião aconteceu.

Foi registrado por todos os canais televisivos, as rádios e outros mecanismos de comunicação e a motivação veio à tona. Um amor proibido entre uma jovem vampira, a Lady Ino Yamanaka de uma das famílias mais importantes dos antigos, e um jovem lobisomem herdeiro de uma empresa poderosa em El Dorado, Gaara Sabaku e ao ouvirem sobre os relatos de tantos outros casais mistos que buscavam permissão para viver seus relacionamentos como qualquer outro casal, decidiram enfrentar o sistema para modificá-lo e assim mudar aquela situação complexa. O cessar-fogo e a paz só foram estabelecidas quando a Lei da Prioridade Alfa fosse transformada e flexibilizada.

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