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-Ele tem direito sobre a vida e sobre a morte deste jovem ômega. - explicou-se. Sasuke concordou, mas não parecia ser grande coisa o que dissera pela forma como se expressou. Seu argumento era irrelevante. - Se ele fica sabendo, matará Naruto, pois é um alfa especialmente territorialista este Danzou.

-E por que a morte dele é tão importante para você, madame? - Ino percebeu que ainda não o fez entrar em seu jogo. Sasuke é esperto demais. Não perde a compostura tão facilmente como lhe disseram.

-Para mim? Não, não é. Apenas suponho que não se sinta confortável sabendo que este ômega pertence a outro e pode morrer a qualquer momento. E não há nada que possa fazer. - ela lançou a isca.

-Todos morrem um dia, madame. Uns mais cedo, outros mais tarde. Por que eu deveria me preocupar especificamente com este ômega? - ainda não, mais profundamente.

-Você gosta dele, capitão, e ele de você. Não pode esconder o que é óbvio em seus olhos e na mente dele. Embora eu não veja planos de dar um fim ao obstáculo no caminho de ambos, este ômega anseia por ti. Ardente e carinhosamente.

Sasuke fitou Naruto. Seu semblante sereno de descanço desapareceu. Ele tremia por baixo do cobertor, suas mãos apertavam com muita força o colchão, suava um pouco e respirava mais rápido. Um pesadelo. Os olhos apertados deixaram lágrimas escorrer e logo um soluço baixinho, contido, ecoou. Sasuke suspirou e observou Ino.

-Temos mais em comum do que pensa, capitão. Eu luto pelo direito de liberdade. Liberdade para viver o que eu mereço viver, para amar incondicionalmente. Eu luto por amor. Como o senhor. - Sasuke pendeu o rosto de lado. - Eu amo um lobisomem e luto pelo direito de amá-lo, de estar com ele.

-É mesmo?

-Lute ao meu lado e eu garantirei que esteja com quem ama no fim, capitão. Lute por amor como eu luto! - ela arfou e esperou as reações que suas palavras fariam.

O antigo passou alguns segundos em silêncio, observando e mexendo nas próprias unhas pontudas como se as limpasse, e então fitou Ino ainda de forma apática.

-Eu estive na maioria das tragédias humanas, licanas e vampirescas historicamente conhecidas. - começou. - E posso afirmar que a maioria delas foi por amor. Amor a uma ideia, a um conceito, a uma fé, a um lugar, a uma pessoa… Troia foi derrotada porque Páris amava Helena. Milhares de muçulmanos, cristãos, mulheres e homens morreram porque amavam a Cristo ao longo dos séculos, em Cruzadas e Guerras Santas. Reis, rainhas, czares, príncipes e princesas foram assassinados por amor à liberdade. Um genocídio de 3 milhões de judeus aconteceu por amor à raça. Israel foi invadida por tropas americanas por amor ao dinheiro. Negros foram chacinados por brancos por amor à supremacia branca. Americanos matam estrangeiros por amor à sua nação. Um homem, um alfa mata uma mulher, um ômega porque a ama demais ou porque ela não o ama. Todos os dias, todas as horas, todos os minutos, em qualquer lugar do planeta. - Sasuke sorriu com certo sadismo. - É este mesmo amor que te motiva, madame?

-Não, eu não…

-Meus soldados têm uma aposta. O valor já está na casa dos… 500 mil. - continuou com a voz branda. - Eu acho que é isso. Eu sou tão velho que eles acreditam piamente na existência de uma menção a minha persona na Bíblia Cristã. - riu pelo nariz. - Quem achar, vence. Mas o caso é que sou velho o suficiente, madame, para saber que amor nenhum mata. O ódio mata.

-O ódio?

-Esta guerra civil não é pelo motivo fútil, egoísta, patético e vazio de uma vampira apaixonada por um lobisomem. Shakespeare já nos contou essa história e todos sabem como ela termina, não precisa reinventar. Se você amasse de verdade, como diz amar, não assassinaria milhares só para estar com uma pessoa. Centenas de nomes mostraram como lutamos por amor. Cristo, Dalai Lama, Martim Luther King, Elizabeth a Virgem, uma mãe que se coloca como escudo para proteger os filhos. Romeu e Julieta. Não matamos por amor. Morremos.

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